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Introdução

Definição

O queratocone é uma deformação progressiva da córnea, a primeira estrutura transparente do olho humano que funciona como uma lente. No queratocone a córnea vai progressivamente ficando mais fina e deformada, adquirindo a forma de um cone, o que conduz à diminuição da visão. É uma doença bilateral mas pode atingir os dois olhos de forma assimétrica.

Figura 1: Esquema de comparação da córnea normal com queratocone

Frequência

Muito rara antes da adolescência. Tende a estabilizar na 3ª ou 4ª década de vida.

Causa

A causa é multifactorial associada a uma predisposição genética. Algumas doenças como a síndrome de Down, a alergia ocular e doenças do tecido conjuntivo podem predispor ao desenvolvimento do queratocone. O acto de esfregar os olhos pode enfraquecer a córnea e promover esta deformação.

Sinais e sintomas

Os sintomas de apresentação do queratocone mais frequentes são queixas de diminuição da visão. A criança ou adolescente pode queixar-se de distorção de objectos próximos ou distantes, de visão dupla quando vê só com um dos olhos, maior sensibilidade à luz, ver imagens fantasmas ou queixas de irritação ocular.

No caso das crianças que já usam óculos o desenvolvimento do queratocone pode manifestar-se como um aumento rápido da miopia ou do astigmatismo, que muitas vezes não se consegue corrigir totalmente com os óculos.

O que fazer

Perante a suspeita de queratocone a criança ou adolescente tem de ser sempre avaliado em Consulta de Oftalmologia. O diagnóstico só pode ser estabelecido através de um exame que avalie a forma e espessura da córnea, designado por Topografia da Córnea. Este exame complementar, que consiste numa espécie de fotografia da córnea, permite quantificar a forma da córnea e confirmar o diagnóstico de queratocone. É também com a repetição deste exame ao longo do tempo que o oftalmologista vai poder concluir se a doença está a progredir ou se está estável.

Tratamento

O tratamento do queratocone tem dois objectivos:

  1. Estabilizar a progressão da doença, ou seja, tentar interromper o processo de deformação progressiva da córnea;
  2. Melhorar a visão da criança / adolescente.

O primeiro objectivo é hoje possível com um novo tratamento designado por crosslinking de colagénio da córnea. Este procedimento cirúrgico consiste na aplicação de uma substância na córnea (a riboflavina) seguida da exposição a uma luz de ultravioleta-A. Desta forma conseguem-se estabelecer quimicamente ligações mais fortes entre as fibras de colagénio da córnea e aumentar a sua rigidez, o que permite contrariar a deformação provocada pelo queratocone. É assim um tratamento eficaz para suspender este processo.

Para a melhoria da visão o primeiro passo é a utilização de óculos ou lentes de contacto moles (hidrófilas). Nas formas iniciais ou ligeiras de queratocone os óculos podem ser suficientes para eliminar os sintomas e permitir uma visão nítida. Nos casos em que a visão conferida pelos óculos não é satisfatória as lentes de contacto semi-rígidas estão recomendadas.

Finalmente nos casos em que a adaptação às lentes de contacto não é conseguida ou que a visão não é satisfatória podem ponderar-se as opções cirúrgicas.

Os segmentos anéis intraestromais consistem em segmentos de um material parecido com plástico, inerte, que são cirurgicamente introduzidos na espessura da córnea e que têm como objectivo regularizar a superfície da córnea, podendo melhorar a visão nos casos de queratocone moderado. Também podem facilitar a adaptação posterior de lentes de contacto.

O transplante de córnea é o tratamento de última linha para os casos em que as outras opções não oferecem uma visão satisfatória ao doente. Consiste em substituir a porção central da córnea doente por uma córnea dadora que tem uma forma normal, uma espessura adequada e normal transparência. O transplante pode ser de todas as camadas da córnea – a chamada queratoplastia penetrante – ou apenas das camadas mais anteriores da córnea que estão deformadas – a queratoplastia lamelar. Esta última oferece a vantagem de ter menos risco de rejeição.

Evolução / Prognóstico

Apesar do queratocone poder progredir muito rapidamente nas crianças e adolescentes, a doença tende a estabilizar com a idade e raramente progride depois dos 40 anos.

Com o aparecimento de novas terapêuticas que podem estabilizar a doença desde as fases iniciais torna-se muito importante o diagnóstico precoce para evitar a necessidade de terapêuticas cirúrgicas mais invasivas como o transplante de córnea.

Prevenção / Recomendações

Os filhos de pais com queratocone devem ser avaliados regularmente em Consulta de Oftalmologia a partir dos 10 anos porque têm um risco acrescido de vir a desenvolver a doença.

As crianças que esfregam muito os olhos também devem ser vigiadas e tratadas intensivamente com colírios que aliviem o prurido, já que o risco também é maior de virem a desenvolver queratocone.

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