Exames imagiológicos em Pediatria
Introdução
O que são exames imagiológicos?
São exames complementares de diagnóstico, que permitem obter e reproduzir imagens do interior do corpo humano.
Duas especialidades médicas distintas dedicam-se particularmente a estes exames: a especialidade de Radiodiagnóstico que utiliza técnicas com RX, ultrassons (ecografia) e campos magnéticos (Ressonância magnética) e a especialidade de Medicina Nuclear que utiliza radiofármacos para a obtenção da imagem. Neste capítulo, serão apenas abordadas as técnicas usadas em Radiodiagnóstico.
Porque se fazem exames imagiológicos?
Complementam a avaliação clínica do médico assistente, contribuem para o diagnóstico da doença da sua criança, permitindo o tratamento adequado. São também requisitadas, quando necessário, para o controlo evolutivo de algumas doenças e avaliar a resposta à terapêutica instituída. Destaca-se ainda a sua importância como guia para actos médicos invasivos com intuito diagnóstico e/ou terapêutico, constituindo uma área da radiologia, denominada por “radiologia de intervenção”.
Cada tipo de técnica com equipamento específico possibilita a criação de imagens com informação particular e indicações próprias.
Como se realizam? Quais as complicações?
A Imagiologia ou Radiodiagnóstico implica profissionais médicos e técnicos formados nessa especialidade da medicina. Em pediatria, a imagiologia torna-se uma subespecialidade, exige particulares conhecimentos médicos e técnicos. Classicamente diz-se “ a criança não é um adulto pequeno” as doenças das crianças frequentemente diferem das do adulto, são específicas à idade pediátrica, à fase de crescimento em que se encontram, obrigam a um conhecimento científico aprofundado e seguro da patologia da criança e distinta forma de actuar. As técnicas utilizadas e os equipamentos devem estar adaptados a cada grupo etário.
Todas estas técnicas e aparelhos que permitem a criação de imagens indirectas do interior do corpo humano empregam uma fonte produtora de um feixe de energia invisível conhecida por energia electromagnética.
A luz do Sol, as ondas do telemóvel, a televisão, as lâmpadas, o micro-ondas também utiliza ondas electromagnéticas.
As ondas de energia electromagnética usadas na Imagiologia, são idênticas às que se utilizam no dia-a-dia mas com ordens de grandeza diferentes.
Depois de interagirem com os órgãos internos, ao saírem são captadas e transformadas numa imagem perceptível de ser interpretada pelo Radiologista.
Cada tipo de técnica com equipamento específico possibilita a criação de imagens com informação particular e indicações diferentes.
A Imagiologia utiliza vários tipos de técnicas baseadas em diferentes propriedades físicas. Podem-se distinguir dois grandes grupos:
O grupo I: são os exames que utilizam RX (radiação ionizante): radiologia convencional, fluoroscopia, angiografia, osteodensitometria, tomografia computorizada (TC).
O grupo II: refere-se aos exames que não utilizam RX (radiação ionizante): a ecografia e a ressonância magnética (RM).
Grupo I:
Exames que utilizam os RX (radiações ionizantes):
- Os Raios - X são um tipo de radiação electromagnética de alta energia capazes de atravessar o corpo humano, e “ionizar” e lesar partículas do núcleo das células.
- Devido à propriedade de alterarem os constituintes das células, são chamados de “Radiações ionizantes”.
- Em radiodiagnóstico, utilizam-se doses baixas de radiação. Existe um risco teórico de vir a aumentar ligeiramente o aparecimento de um cancro no futuro.
- Este risco é diminuto perante os enormes benefícios da sua utilização diagnóstica. A título de exemplo durante a nossa vida é 20 vezes mais provável que venhamos a morrer de um acidente de viação do que de um cancro causado por um exame de TAC que tenhamos realizado no passado.
- Recordamos que os raios ionizantes, como os RX, fazem parte integrante da natureza e que, ainda antes de nascermos, já recebemos a sua influência, que persistirá ao longo da nossa vida. Chamamos a esta exposição de radiação natural e chega-nos através dos raios cósmicos, de alguns alimentos, dos materiais de construção das nossas casas, etc.
- A dose de radiação que recebemos ao fazer um exame com Raios - X é apenas uma pequena parte do total de radiação que recebemos sem o saber.
- Os estudos imagiológicos que utilizam RX como fonte de energia são:
- A Radiologia convencional (radiografia),
- A Fluoroscopia,
- A Angiografia,
- A Osteodensitometria,
- A Tomografia Computadorizada (TC).
Dentro destes a TC (também chamada TAC- tomografia axial computorizada) é o exame que emprega mais radiação.
Apesar dos riscos serem diminutos quando comparados com os benefícios do diagnóstico, a indicação destes exames deve ser criteriosa e em particular nas crianças por estarem em fase de crescimento sendo mais sensíveis aos efeitos do RX. Sempre que possível esses exames devem ser realizados nos Serviços de Imagiologia / Radiologia que possuem um quadro médico e técnico especializado em Pediatria.
Grupo II:
Técnicas que não utilizam radiações ionizantes:
As técnicas de imagem que não utilizam radiações ionizantes são a Ecografia e a Ressonância Magnética Nuclear.
Ecografia:
É baseada no mesmo princípio físico dos radares, utiliza como fonte de energia os ultrassons. Têm uma natureza idêntica aos sons que ouvimos no dia-a-dia tal como a voz humana, a música, ou ruídos desagradáveis, mas diferem por terem uma energia muito mais alta e não serem audíveis.
Os ultrassons não danificam as células do corpo humano, e por isso é um exame muito divulgado. Contudo como os ultrassons não conseguem ultrapassar os ossos e reflectem-se quando chocam com o ar, a ecografia tem um uso limitado no estudo do esqueleto, intestinos e pulmão.
Ressonância Magnética Nuclear (RMN):
Tem como fundamento a energia magnética, uma propriedade de atracção igual à dos ímanes que todos conhecemos.
Um aparelho de RMN na aparência é semelhante ao da TC e é constituído por um grande íman circular com uma mesa no centro. Ao deitarmos nessa mesa todas as células dos nossos órgãos ficam magnetizadas e tensas e orientadas no mesmo sentido como as cordas de um violão.
A seguir o Técnico, aplica de forma transitória outros pequenos ímanes (pulsos de radiofrequência) que levam a que os órgãos que estão a ser estudados libertem ondas de energia (como as notas de música do violão ao dedilharmos as suas cordas). Estas ondas são captadas e transformadas na imagem do órgão que as emitiu nos diversos planos do espaço.
A RMN fornece imagens de grande pormenor mas é um método caro, demorado e tem o inconveniente de necessitar do apoio de sedação ou mesmo de anestesia mais profunda quando realizado em crianças com menos de cinco anos, ou que não conseguem permanecer imóveis durante muito tempo.
Como utiliza um íman muito potente (equivalente a 30 000 vezes o campo magnético da Terra num equipamento com 1,5 Tesla) atrai objectos metálicos ferromagnéticos. Está assim contra indicada quando existe material metálico no corpo humano, susceptível de ser atraído pelo campo magnético como é o caso de certos materiais cirúrgicos (ex.: pacemaker, próteses,) ou outros (corpos estranhos, tatuagens, piercings, etc.).
Prevenção / Recomendações
Normas que se devem implementar na realização de exames de imagem em Pediatria
As crianças, devido à sua maior sensibilidade, merecem um envolvimento e tratamento especial, pelo que se devem implementar regras particulares no seu atendimento. Enumeramos as principais:
- Os médicos radiologistas que realizam exames pediátricos devem ter realizado estágios ou ter adquirido a subespecialização em Hospitais Pediátricos.
- Os técnicos radiologistas devem ter uma longa experiência na realização de exames pediátricos nos diversos grupos etários desde o recém-nascido ao adolescente.
- Os Serviços de imagiologia devem dispor de equipamentos e material médico adequado à idade pediátrica, proporcionar um ambiente adaptado a infância, e facultar meios de distracção apropriados aos diversos grupos etários.
- Os protocolos dos exames devem estar adaptados à pediatria. A exposição à radiação ionizante deve ser a menor possível sem comprometer a qualidade da imagem.
- Os circuitos entre doentes adultos e crianças e respectivos acompanhantes devem ser completamente separados incluindo nas salas de espera.
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