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Introdução

Definição

As infecções do ouvido são denominadas otites. A otite média aguda é a inflamação e a acumulação de líquido no ouvido médio. 

Frequência

A otite média aguda é a infecção que mais frequentemente motiva a toma de antibióticos em crianças. Cerca de 60% das crianças têm pelo menos um episódio de otite média durante o seu primeiro ano de vida e esta percentagem sobe para quase 90% por volta dos 3 anos de idade. 

Causa

As infecções víricas das via respiratória superior levam ao edema (inchaço) do revestimento do nariz e da garganta, diminuindo as defesas naturais do organismo e a capacidade de eliminar bactérias a partir do nariz. Estas infecções também podem prejudicar o funcionamento da trompa de Eustáquio, que é um canal que liga a nasofaringe (região entre a garganta e o nariz) ao ouvido médio, permitindo a compensação de pressão (arejamento) deste último. Quando o ouvido médio deixa de ser arejado há acumulação de líquido no seu interior o que favorece a colonização do mesmo por bactérias, levando à infecção e aumento de pressão no ouvido médio, com perda auditiva associada. Nas crianças a trompa de Eustáquio é mais curta e menos angulada que nos adultos, o que dificulta a sua abertura, favorece a sua obstrução nos casos de infecção respiratória e facilita a passagem de bactérias para o ouvido médio. 

Sinais e sintomas

Os principais sintomas da otite média aguda nas crianças são febre, dor de ouvido e sensação de ouvido tapado. Geralmente estes sintomas iniciam-se subitamente. Em lactentes e crianças mais pequenas, os sintomas são menos típicos, podendo incluir o puxar/mobilizar constante das orelhas, irritabilidade, choro, apatia, falta de apetite, vómitos, diarreia, alteração do sono. Por vezes, pode-se acompanhar de perfuração timpânica com otorreia (saída de liquido pelo ouvido) que pode ser clara, com pús ou sangue. Após a perfuração e a saída de líquido, a criança sente melhoria da dor e da audição. 

O que fazer

Se o seu filho tem estes sintomas deve ser observado por um profissional de saúde logo que possível. O ouvido vai ser examinado por um médico através de um otoscópio, que permite avaliar se há líquido no ouvido médio e se o tímpano está inflamado, abaulado ou perfurado. A otoscopia não dói no entanto é um exame difícil de realizar nas crianças uma vez que elas toleram mal a colocação do instrumento no interior do ouvido. A colaboração dos pais nesta etapa do exame físico é de grande importância.

Tratamento

A dor associada à otite média aguda deve ser tratada com analgésicos (p.ex.: paracetamol) e/ou anti-inflamatórios (p.ex.: ibuprofeno) consoante a idade da criança. Já o tratamento da otite média aguda com antibióticos deve ser instituído por um profissional de saúde. A utilização indiscriminada de antibióticos, além de ser desnecessário em alguns casos, pode levar à selecção de bactérias mais resistentes, o que pode dificultar o tratamento nos casos em que os antibióticos são mesmo necessários. A decisão quanto à necessidade de antibioterapia vai depender da idade da criança, da gravidade dos sintomas e da lateralidade (um ou os dois lados afectados). Nas crianças em que se optou por não dar antibiótico, se os sintomas não melhorarem em 48-72h estas devem ser reavaliadas pelo médico para avaliar a necessidade de iniciar a sua toma. Quando o antibiótico está indicado a amoxicilina é o fármaco de escolha. Esta escolha pode ser influenciada pela existência de alergia à penicilina ou pela toma do fármaco há menos de 30 dias. 

Evolução / Prognóstico

A maioria dos casos de otite média aguda têm uma boa evolução com resolução da sintomatologia 2-3 dias após início do tratamento. Uma perda de audição leve e temporária é um sintoma comum e costuma melhorar após o desaparecimento do líquido que se encontrava acumulado no ouvido médio. Por vezes, o seu desaparecimento pode levar meses. Em alguns casos a perfuração e a otorreia podem persistir por um período superior a 12 semanas, desenvolvendo assim uma otite média crónica. 

Prevenção / Recomendações

Existem algumas medidas que estão associadas à diminuição do risco de desenvolvimento de otites: a amamentação exclusiva até os 6 meses de idade, não beber o biberão na posição deitada, evitar a utilização de chupeta a partir dos 6 meses, evitar a exposição da criança ao fumo de tabaco e a frequência de infantários e creches com um número limitado de crianças.

Atualmente o calendário de vacinação inclui vacinas obrigatórias contra algumas das principais bactérias causadoras de otites médias, como o Haemophillus influenzae e o Streptococcus pneumoniae. Existe ainda outra vacina contra o vírus da gripe, vírus Influenzae que pode ser dada em alguns grupos de risco, como os doentes crónicos e os imunodeprimidos com mais de 6 meses de idade. Estas vacinas têm conseguido reduzir substancialmente a frequência das otites médias. 

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