Menu

Introdução

A alergia ao látex é uma reação imunológica contra proteínas do látex natural, extraído da árvore-da-borracha, que compõe a estrutura de muitos materiais de uso diário (balões, brinquedos, tetinas, preservativos, entre outros) e também de uso médico.

A reacção alérgica ocorre quando o organismo reconhece as proteínas como estranhas e desencadeia uma reação de proteção contra elas.

Frequência

A prevalência na população geral é inferior a 1%, sendo maior em grupos de risco como crianças submetidas a cirugias ou procedimentos médicos frequentes desde o 1º ano de vida (como as que têm espinha bífida, malformações genito-urinárias e gastrointestinais), pessoas com algum tipo de alergia, e profissionais de saúde ou que contactem com produtos contendo látex.

Causa

A alergia pode desenvolver-se por contato da pele, mucosas e do sangue com partículas do látex ou por inalação das mesmas.

Sinais e sintomas

Os sintomas da alergia ao látex podem desenvolver-se de forma imediata após o contacto (geralmente até 1 hora), sendo os principais sintomas de comichão, vermelhidão e inchaço que se espalha pelo corpo. Em reacções mais graves, pode haver obstrução nasal, espirros, olhos vermelhos, pieira, inchaço e comichão da língua e garganta, dificuldade respiratória e desmaio.

As reacções também podem ser mais tardias (em 6 a 48 horas após contato), sendo geralmente menos graves. Podem surgir lesões de eczema, pele seca e vermelhidão no local de contacto, que não se espalham.

Em 30-50% dos casos, os doentes apresentam também reações alérgicas cruzadas com algumas frutas (ex. banana, castanha, kiwi, abacate, papaia, batata, tomate, etc) que têm proteínas parecidas com as do látex, o que se designa por síndrome látex-frutos.

Diagnóstico

Pode ser difícil, sendo importante a informação fornecida ao médico, como são exemplos:

  • Se a criança foi submetida a múltiplas cirurgias ou pertence aos grupos de risco já descritos;
  • Antecedentes pessoais de doença alérgica, nomeadamente rinite, asma, alergia alimentar ou medicamentosa;
  • A descrição dos sintomas observados na reacção;
  • As circunstâncias em que ocorreu a reacção, nomeadamente se durante procedimento médico-cirúrgico, após contacto com luvas ou outros produtos contendo látex, ou em locais como hospitais e consultórios;
  • Reacções prévias com alimentos de origem vegetal com reatividade cruzada descrita com o látex.

Investigação

Podem ser necessários estudos alergológicos que devem ser ajustados à situação clínica:

Testes cutâneos: são um método simples para confirmação da existência de sensibilização, sendo feita uma picada na pele do antebraço com uma solução contendo látex e avaliada a ocorrência de reação local. No caso de suspeita de reações tardias, podem ser feitos testes epicutâneos, em que é deixado material contendo látex mais tempo em contato com a pele.

Análises sanguíneas: podem ser úteis para identificar a alergia ao látex, especialmente em situações mais específicas em que se pretende identificar o componente alergénico específico que causa a reação.

Prova de provocação: Realiza-se na existência de discrepância entre a clínica e os testes cutâneos ou laboratoriais, devendo ser realizada em meio hospitalar pelo risco de causar a reação alérgica.

O que fazer

Se surgirem reacções/ sintomas, deve ser procurada ajuda médica. Se os sintomas forem graves, como reacção cutânea que se vai espalhando pelo corpo, sintomas respiratórios, inchaço e comichão da língua e garganta, dificuldade a respirar ou desmaio, deve ser usada a caneta de adrenalina imediatamente, caso já seja portador, ou recorrer ao serviço de urgência.

Se a alergia ao látex já for conhecida, devem evitar-se contatos desnecessários com látex, nomeadamente o contato com mucosas (parte interior da boca, nariz e genitais) e, se necessário contato com materiais como luvas ou material médico; os mesmos não devem conter látex.

Tratamento

O principal tratamento na alergia ao látex é a prevenção, evitando a exposição repetida a látex nos indivíduos que são de risco, e evitando o contato naqueles doentes já sensibilizados ou com alergia conhecida. É importante que sejam usadas luvas sem látex (por exemplo de nitrilo), com baixo teor alergénico e sem pó lubrificante.

Os doentes alérgicos devem usar uma sinalização da alergia, como a pulseira identificativa, e referir este facto quando recorrem a serviços médicos.

O principal tratamento na alergia ao látex é a prevenção, evitando a exposição repetida a látex nos indivíduos que são de risco, e evitando o contato naqueles doentes já sensibilizados ou com alergia conhecida. É importante que sejam usadas luvas sem látex (por exemplo de nitrilo), com baixo teor alergénico e sem pó lubrificante.

Os doentes alérgicos devem usar uma sinalização da alergia, como a pulseira identificativa, e referir este facto quando recorrem a serviços médicos.

As reacções ligeiras podem necessitar de tratamento com anti-histaminico e corticóide tópico ou oral, consoante prescrição médica. Nas reacções mais graves (anafilaxia) é necessária injeção intramuscular de adrenalina, e o doente deve transportar uma caneta de adrenalina consigo após treinar a sua administração.

Em casos seleccionados, como determinadas situações de alergia respiratória e/ou anafilaxia em contato com o látex, quando existe síndrome látex-frutos, em profissionais de saúde e em crianças submetidas a múltiplas cirurgias, pode haver indicação para realizar tratamento com imunoterapia específica. Este tratamento é sempre decidido de forma individual, sendo a eficácia dependente do tempo de tratamento e do tipo de alergénios moleculares aos quais o doente está sensibilizado.

Evolução / Prognóstico

As diferentes vias de exposição ao látex, seja por cirurgias repetidas ou precoces ou exposição ocupacional em profissionais de saúde, determinam a idade de surgimento da alergia e o perfil de sensibilização alergénica. A possibilidade de ocorrer reacção cruzada com frutos também altera a gravidade das manifestações clínicas.

O contato breve com látex ou com pequenas quantidades de alergénio podem causar reação. O prognóstico é geralmente favorável, mas podem surgir reações graves e anafiláticas.

A alergia pode persistir toda a vida ou melhorar ao longo dos anos.

Prevenção / Recomendações

Se após o estudo houver confirmação de alergia ao látex, deve ser evitado o contacto com produtos de uso comum ou material médico contendo látex. A evicção (retirada) a alimentos com reactividade cruzada com o látex deve ser feita se indicação médica ou tiver ocorrido reacção prévia.

Os pais devem entregar a informação médica acerca da alergia na escola e outros locais que a criança frequente regularmente, assim como avisar cabelereiros, esteticistas, amigos e familiares.

Se reacção anafilática ou outra reação grave, utilizar a caneta de adrenalina e chamar o INEM.

Tabela 1. Caraterização dos alergénios moleculares do látex (EB – espinha bífida; PS – profissionais de saúde; ND – não determinado)

Nomenclatura Nome Significado Reatividade
cruzada
Hev b 1 REF (fator de alongamento da borracha) alergénio major (EB) Papaia
(papaína), figo
Hev b 2 β-1,3-glucanase

alergénio major (PS)

-
Hev b 3 REF-like
(proteína das pequenas
partículas de borracha)
alergénio major (EB)  
Hev b 4 Componente da micro-
hélice
alergénio minor  
Hev b 5 Proteína ácida do látex

alergénio major (PS)

Kiwi
Hev b 6 Proheveína (Hev b 6.01)
Heveína (Hev b 6.02)
alergénio major (PS)
(Hev b 6.01 e Hev b 6.02)
Abacate,
banana,
castanha
Hev b 7 Patatina-like alergénio minor Batata (patatina)
Hev b 8 Profilina do látex alergénio minor Pólenes, aipo
Hev b 9 Enolase do látex alergénio minor Fungos
Hev b 10 Superóxido dismutase alergénio minor Fungos
Hev b 11 Quitinase da classe I alergénio minor Banana,
abacate
Hev b 12 LTP (proteína de
transferência de lípidos
não específica) do látex
alergénio minor Pêssego e outras frutas de caroço
Hev b 13 Esterase do látex alergénio major (PS)  
Hev b 14 Hevamina ND  
Hev b 15

Inibidor de serina protease do látex

ND Trigo

 

Saber Mais

Anafilaxia, urticária, angioedema

Deseja sugerir alguma alteração para este tema?
Existe algum tema que queira ver na Pedipedia - Enciclopédia Online?

Envie as suas sugestões

Newsletter

Receba notícias da Pedipedia - Enciclopédia Online no seu e-mail