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Introdução

Definição

Considera-se dor abdominal recorrente quando ocorrem pelo menos 3 episódios de dor abdominal nos últimos 3 meses, com gravidade suficiente para interferir nas atividades diárias da criança.
Frequência

É uma das queixas de saúde mais frequentes, sobretudo a partir da idade escolar.

Causa

A dor abdominal recorrente pode resultar de uma grande variedade de doenças. Contudo, na maioria dos casos não existe doença orgânica, mas uma perturbação gastrointestinal funcional. Estas perturbações associam-se a uma sensibilidade exagerada a sensações gastrointestinais normais, alterações na motilidade intestinal ou situações de stress.

Sinais e sintomas

A dor abdominal pode ser localizada na região superior do abdómen, por vezes com sensação de queimadura, sensação de ficar rapidamente cheio, inchado e nauseado depois das refeições e arrotos frequentes (dispepsia funcional). Noutros casos, a dor abdominal relaciona-se com a eliminação de fezes ou com alterações no seu aspeto (mais moles ou mais duras) ou na frequência das idas à casa de banho (síndrome do intestino irritável). Frequentemente, além da dor abdominal (que pode ser de curta duração ou mais contínua), há queixas de dor de cabeça ou nos membros ou dificuldade em adormecer (dor abdominal funcional). Nestes três casos, há queixas pelo menos 4 vezes por mês, voltando a criança ao estado normal no intervalo. Na enxaqueca abdominal, há queixas de dor abdominal junto ao umbigo, súbita e intensa, com duração de pelo menos 1 hora, frequentemente acompanhada de perda de apetite, enjoo, vómitos, dor de cabeça, palidez ou desconforto causado pela luz. Depois do episódio a criança volta ao normal, podendo ter um novo episódio semanas a meses depois (pelo menos 2 episódios em 6 meses). Em muitos casos existem fatores de stress na vida da criança, como ansiedade, depressão, pressão na escola, problemas na relação com os pares, instabilidade familiar (perdas, divórcio), dificuldades em lidar com obstáculos ou infeções recentes.

Deve ter-se em atenção sintomas que tornam mais provável a existência de uma doença orgânica, com necessidade de avaliação por um especialista:

  • Sangue nas fezes
  • Queixas urinárias
  • Febre sem causa aparente
  • Perda de peso não intencional ou diminuição do crescimento
  • Vómitos repetidos e esverdeados
  • Dor abdominal persistente na zona superior ou inferior do abdómen à direita
  • Queixas que acordam a criança
  • Diarreia grave persistente
  • Articulações dolorosas, vermelhas, inchadas
  • História familiar de doença inflamatória intestinal, doença celíaca ou Febre Familiar Mediterrânica

O que fazer

Se o seu filho sofre de dor abdominal com gravidade suficiente para interferir com a atividade da criança (escola, tempos livres), deve ser observado em consulta médica. Se estiverem presentes sinais de alarme deve ser observado com brevidade por um especialista. Na maioria dos casos o médico chegará ao diagnóstico com base nos sintomas e observação da criança, sem necessidade ou com recurso a muito poucas análises ou outros exames.

Tratamento

Não existe um tratamento único eficaz em todas as crianças. Pode haver necessidade de experimentar várias estratégias até conseguir o controlo dos sintomas e, nalguns casos, será necessária a colaboração de vários especialistas (gastroenterologista pediátrico, nutricionista, psicólogo, psicoterapeuta). O tratamento pode incluir ajustes na dieta, suplementação com probióticos, medicação e terapias comportamentais. As terapias comportamentais são uma das estratégias mais eficazes. Nestas, terapeutas treinados procuram conhecer a forma como a criança e cuidadores reagem à dor e fornecer-lhes estratégias para lidar com a dor, como exercícios físicos, respiratórios, técnicas de relaxamento muscular e técnicas de distração (substituir pensamentos negativos relacionados com a dor por pensamentos agradáveis, fazer atividades como ver televisão, jogos, fazer contas de cabeça).

Evolução / Prognóstico

A maioria das crianças melhora ao longo do tempo, embora possam ocorrer exacerbações ocasionais dos sintomas. Nalguns doentes os episódios de dor persistem na idade adulta ou desenvolvem outras perturbações gastrointestinais funcionais. A persistência das queixas é mais provável quanto maior o tempo de evolução do quadro, nas crianças obesas, na presença de vários sintomas não gastrointestinais (dor de cabeça, dor de costas, tonturas, fraqueza, falta de energia), quando há internamentos motivados pela dor, se há história familiar de dor abdominal recorrente, ansiedade ou depressão, ou na presença de fatores que tendem a perpetuar as queixas como instabilidade familiar, problemas de relacionamento, reações dos cuidadores que reforcem a atenção à dor.

Prevenção / Recomendações

É importante procurar proporcionar à criança um ambiente estável, reforçar a sua confiança para lidar com a dor, incentivar estratégias saudáveis para lidar com o stress, e nos episódios dolorosos evitar comportamentos que foquem toda a atenção da criança na dor.

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