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Introdução

A avelã (Corylus avellana), à semelhança de todos os frutos de casca rija (vulgarmente conhecidos como frutos secos), pode ser encontrada em vários produtos alimentares, tais como bolos, bebidas vegetais e chocolates. Para além disso, é um alergénio oculto frequentemente encontrado em óleos alimentares, farinhas e produtos de cosmética.

Frequência

A prevalência da alergia à avelã varia consideravelmente com a região geográfica, uma vez que depende da idade, dos hábitos alimentares da população e da distribuição geográfica dos pólenes. Sabe-se, no entanto, que esta tem vindo a aumentar devido ao também aumento do seu consumo um pouco por todo o Mundo, sendo que, na Europa, a avelã é o fruto de casca rija mais frequentemente envolvido em reações alérgicas.

Causa

A alergia alimentar ocorre quando o sistema imune reconhece um alimento como estranho e reage contra ele, levando à produção e libertação de substâncias (geralmente imunoglobulinas E específicas para esse determinado alimento) que vão iniciar uma resposta inflamatória e, consequentemente, causar os diferentes sintomas. Num doente alérgico, os sintomas ocorrem sempre que se é exposto a esse alimento, independentemente da forma de contacto (cutâneo, inalação, ingestão).

Sinais e sintomas

Os sintomas da alergia à avelã habitualmente surgem minutos até duas horas após o contacto com a avelã e podem variar desde manifestações ligeiras, como sensação de comichão na boca e garganta, lábios inchados e manchas espalhadas pelo corpo, até reações sistémicas graves, como a anafilaxia, em que podem surgir, para além das queixas já descritas, dificuldade a respirar, lábios roxos, vómitos e desmaio.

A gravidade da reação depende do tipo de proteínas da avelã a que o doente é alérgico.

O que fazer

Diagnóstico

Perante a suspeita de alergia à avelã, a criança/adolescente deverá ser avaliada em consulta médica, preferencialmente da área de Alergologia.

O diagnóstico de alergia alimentar é complexo e exige uma boa história clínica, pelo que é importante que os pais/cuidadores saibam responder a algumas questões pertinentes:

  • Se a criança tem antecedentes de alguma doença alérgica como pele atópica, rinite, asma, outras alergias alimentares ou medicamentosas;
  • Idade da criança na primeira reação;
  • Se foi a primeira vez que a criança ingeriu o alimento suspeito;
  • Identificação do alimento suspeito de ter causado a reação e forma de preparação do mesmo (neste caso, avelã como fruto ao natural ou cozinhado);
  • Quantidade de alimento ingerida antes da reação:
  • Forma de exposição ao alimento (se a criança apenas tocou no alimento, se apenas o cheirou ou se o ingeriu);
  • Descrição dos sintomas da criança após o contacto com o alimento suspeito;
  • Quanto tempo após o contacto com o alimento começaram os sintomas;
  • Circunstâncias em que ocorreu a reação: local em que ocorreu e outros detalhes (se antes da reação a criança fez exercício, estava em situação de stress, calor, doença ou outros);
  • Necessidade de tratamento e resposta ao mesmo;
  • Se teve novas reações com contactos acidentais.

Além da história clínica e exame físico, poderão eventualmente ser solicitados alguns exames para melhor esclarecer o diagnóstico:

Testes cutâneos: coloca-se uma gota de um líquido que contém o alimento suspeito ou uma pequena porção do próprio alimento no antebraço e pica-se com uma lanceta, para ao fim de 15 minutos se ver se surgiu alguma reação no local. São testes rápidos e simples, mas só podem ser realizados se não houver história de alergia grave com o contacto com o alimento suspeito;

Análises sanguíneas: através de uma colheita de sangue é possível confirmar se o doente é alérgico à avelã e/ou a outros alimentos;

Prova de provocação oral: é o teste de eleição para a confirmação de alergia alimentar e consiste na ingestão de quantidades progressivamente maiores do alimento suspeito. Deve ser realizada no hospital e com profissionais de saúde experientes na atuação em caso reação grave (no início é colocado um cateter endovenoso, que permite a rápida administração de medicação de emergência, caso isso aconteça). Esta prova pode, também, servir para perceber se o doente já tolera o alimento, ou seja, se a alergia já desapareceu.

Tratamento

Assim que surgirem sintomas que lhe pareçam de uma alergia alimentar deve dirigir-se ao serviço de urgência.

Se a alergia já for conhecida e os sintomas não forem graves, poderá tomar no domicílio o anti-histamínico e corticóide previamente prescritos pelo seu médico.

Se a alergia alimentar já for conhecida e começar com sintomas mais graves (dificuldade a respirar, desmaio, inchaço na garganta ou rouquidão), deve administrar de imediato a caneta de adrenalina e posteriormente contactar o 112.

Consoante a gravidade da reação alérgica, pode ser necessário fazer medicação oral e/ou endovenosa no hospital.

Na criança/adolescente com alergia à avelã, a eliminação do alimento da dieta é a única medida eficaz na prevenção das reações alérgicas. Eventualmente pode ser necessário evitar outros alimentos, nomeadamente outros frutos de casca rija.

Evolução / Prognóstico

A alergia à avelã pode surgir nos primeiros anos de vida, sendo que os sintomas podem surgir logo no primeiro contacto, mesmo em quantidades pequenas. Na maioria dos casos o prognóstico é favorável, embora haja um risco de mortalidade nos doentes que apresentem reações anafiláticas.

À semelhança da alergia aos restantes frutos secos, a prevalência da alergia à avelã aumenta com a idade e tem baixa taxa de resolução espontânea, tendendo a persistir até à idade adulta.

Prevenção / Recomendações

  • Evicção da avelã (crua e/ou cozinhada) e de outros alimentos, sempre consoante indicação médica:
    • Confirmar a ausência de avelã, mesmo que apenas vestígios (e outros alimentos consoante indicação médica) em todas as refeições realizadas;
    • Recusar refeições cuja composição exata não seja conhecida;
    • Evitar a utilização de utensílios contaminados com frutos secos (talheres, tábuas, bancada de cozinha, entre outros);
    • Evitar refeições com gorduras não especificadas: “gorduras vegetais”, “óleos vegetais”, “produtos proteicos vegetais”;
    • Evitar produtos de higiene e cosméticos que possam conter vestígios de avelã;
    • Ler sempre atentamente os rótulos.
  • Deve manter seguimento em consulta de Alergologia Pediátrica ou Imunoalergologia;
  • Deve fazer-se acompanhar de um “cartão de identificação da alergia” e um documento explicativo para a escola;
  • Deve fazer-se acompanhar da medicação de emergência (caneta de adrenalina, anti-histamínico oral e corticoide oral).

Saber Mais

Alergia alimentar

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