Introdução
Definição
É uma doença da unidade pilossebácea podendo ser vista em qualquer idade desde o nascimento.
Frequência
Varia, mas é quase universal na adolescência
Causa
A causa é multifatorial associada a predisposição genética. A obstrução do ducto sebáceo com acumulação de sebo forma os pontos negros e brancos (comedões) - meio favorável à proliferação de bactérias comensais, as quais sintetizam fatores inflamatórios que levam à rotura da parede do comedão, com extravasão de sebo, células e bactérias para a pele adjacente - borbulha vermelha com pus. Quando o processo é mais intenso e profundo formam-se nódulos e quistos. A intensidade da inflamação, associada a características pessoais, pode resultar em cicatrizes mais ou menos intensas.
Sinais e sintomas
A acne caracteriza-se por: (1) lesões retencionais não inflamatórias – comedões abertos (pontos negros) e fechados (pontos brancos/microquistos), (2) lesões inflamatórias – pápulas, pústulas, nódulos e quistos, e (3) lesões residuais – as cicatrizes.
Assim, classificamos habitualmente a acne em comedónica (retencional), inflamatória (pápulas e pústulas) e nódulo-quística. Por vezes, há presença de quistos e abcessos, com fístulas comunicantes – acne conglobata.
As áreas afetadas são as que têm maior densidade de glândulas sebáceas – face e tronco superior.
Pode existir prurido (comichão) e alguma dor/sensibilidade, principalmente nas lesões inflamatórias.
Em 20% dos casos a acne assume formas graves, deixando sequelas cicatriciais.
A acne pode ter um impacto psicológico importante, mais evidente nos adolescentes, tanto na fase ativa, como mais tarde pelas eventuais sequelas.
Com o objetivo de selecionar a terapêutica mais adequada, para além do tipo de acne, interessa classificar a sua gravidade, o que se faz habitualmente de forma simples em acne ligeira, moderada ou severa, de acordo com o tipo, número de lesões presentes e extensão de pele envolvida.
O que fazer
Embora a resolução espontânea seja uma possibilidade, é frequente a sua persistência ao longo da vida com períodos de menor ou maior intensidade. Existem várias opções terapêuticas que evitam a persistência das lesões. O tratamento deve ser de acordo com a motivação pessoal, mas deve ser estimulado em caso de tendência cicatricial, perturbação emocional, ou do relacionamento interpessoal e fobia social. Em idades abaixo dos 7 a 8 anos e em casos resistentes ao tratamento, associados a excesso de pilosidade, alterações menstruais entre outras, deve ser feita avaliação endocrinológica.
Tratamento
Há uma larga variedade de medicamentos tópicos e sistémicos, de acordo com o grau de gravidade, a morfologia das lesões e a motivação dos pacientes. Os esquemas terapêuticos devem ser adaptados a cada doente, tentando que sejam facilmente exequíveis.
O tratamento local destina-se a desobstruir os ductos, eliminar os comedões, e controlar a atividade bacteriana e inflamatória, sendo dada preferência aos retinóides, uma vez que atuam em vários dos alvos referidos. Estão contraindicados na grávida e secam a pele colocando por vezes algumas limitações à sua utilização. Usam-se isoladamente ou em combinação com os antibióticos ou o peróxido de benzoílo. Apesar de estarem recomendados a partir dos 12 anos, são geralmente usados em idades inferiores quando necessário.
Os antibióticos têm uma atividade essencialmente anti-inflamatória. A sua utilização frequente ou prolongada pode causar resistências bacterianas, pelo que não devem ser usados em monoterapia e por períodos prolongados. Se o seu uso for necessário para além de algumas semanas, devem ser associados ao peróxido de benzoílo; este tem uma atividade antibacteriana, comedolítica e diminui a resistência aos antibióticos, tornando útil a associação; é irritativo e pode desencadear dermite de contacto alérgica.
Há outros tópicos, que complementam os anteriores como sejam o ácido azelaico, os alfa e beta hidroxiácidos, o ácido salicílico e o zinco.
Os agentes de limpeza suaves ou com ligeiro efeito exfoliativo podem ser úteis, principalmente em formas comedónicas ligeiras.
Sempre que necessário devem utilizar-se cremes hidratantes apropriados uma vez que a maior parte dos agentes terapêuticos causam secura e descamação, com o desconforto inerente.
O tratamento sistémico utiliza-se em formas persistentes e /ou mais intensas de acne. No sexo feminino algumas terapêuticas hormonais, que incluem a pílula anticoncecional, podem levar a melhoria significativa. Alguns antibióticos são apropriados, por períodos breves nas formas inflamatórias, sendo que os derivados das tetraciclinas não podem ser administrados a crianças com menos de 8 anos. A isotretinoína tem uma forma de atuação mais completa, nos vários mecanismos de formação das lesões de acne. Pode usar-se em doses variáveis, de acordo com a intensidade e o tipo de acne. Causa secura da pele e é necessária a contraceção eficaz no sexo feminino, uma vez que provoca malformações fetais; a maioria dos efeitos secundários é dose dependente.
As terapêuticas adjuvantes podem aumentar significativamente a eficácia terapêutica. A abertura e extração de comedões fechados é fundamental na acne retencional, a efetuar pelo dermatologista no consultório São difíceis de eliminar por outros métodos e sofrem inflamação quando se utilizam retinoides sistémicos ou tópicos. Os peelings superficiais, à base de ácido glicólico ou ácido salicílico têm um efeito adjuvante no tratamento e prevenção de novas lesões, bem como na melhoria das cicatrizes e inflamação. Ocasionalmente, em formas particulares de acne quística ou queloidal, têm indicação os corticoides em injeção intralesional.
Na idade pediátrica as concentrações de retinóides tópicos e de peróxido de benzoílo devem ser mais baixas; a dose dos medicamentos sistémicos deve adequar-se ao peso e idade, sendo que os derivados da tetraciclina só se podem utilizar após os 8 anos.
Evolução / Prognóstico
A evolução é muito variável e pouco previsível. Sob tratamento adequado o prognóstico é bom, mas os efeitos benéficos não são imediatos. As cicatrizes definitivas e o impacto psicossocial são as principais sequelas.
Prevenção / Recomendações
As consultas devem ser continuadas, com um intervalo que depende das formas e intensidade da acne e ainda do tratamento seguido. Não se deve interromper o tratamento sem que haja a perceção pelo dermatologista e paciente da ausência de aparecimento de novas lesões. Geralmente, as pessoas com tendência para acne podem sofrer surtos futuros da doença, devendo manter preventivamente alguns cuidados com a pele, supervisionados pelo dermatologista.
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