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Introdução

Definição

Uveíte é o termo usado para definir a inflamação da úvea, camada mediana da parede do globo ocular que compreende a íris, o corpo ciliar e a coróide.

A classificação da uveíte pode ser anatómica (anterior, média ou posterior, conforme envolva a íris, o corpo ciliar ou a coróide), etiológica (causal), temporal (aguda, recidivante ou crónica) e tipo de inflamação (granulomatosa ou não granulomatosa).

É da interceção das várias classificações e considerando a idade do paciente que se chega ao diagnóstico mais preciso e, assim, à melhor abordagem terapêutica.

Frequência

5 a 10% da população com uveíte são crianças, representando nesta faixa etária um desafio particular para o oftalmologista, porque existe uma grande variabilidade de apresentação, dificuldades no exame clínico exaustivo, por difícil colaboração, e para a família por se tratar muitas vezes de uma doença prolongada e com possíveis recuos ao longo do tempo.

Causa

Podemos considerar 3 causas de uveíte na criança:

  • infecciosa;
  • não-infecciosa (como parte de um síndrome de auto imunidade);
  • mascarada (sinais clínicos de uveíte, mas tratando-se de outra doença).

A Artrite Idiopática Juvenil (JIA), sendo não infecciosa, é a causa mais frequente de uveíte pediátrica. A prevalência de uveíte em doentes com JIA varia entre 4 e 38%. A JIA tem uma preponderância de 3:2 no sexo feminino e a possibilidade de desenvolver uveíte é também maior nas meninas com JIA.

Sinais e sintomas

A uveíte, de uma forma geral, apresenta-se com olho vermelho, doloroso e intolerante à luz.

No entanto, a uveíte associada à JIA é silenciosa, estando o olho afetado branco, não inflamado e não doloroso. Por outro lado, as crianças não referem, em regra, visão turva ou baixa da visão, mesmo que a uveíte seja bilateral.

Esta tolerância da criança à inflamação insidiosa pode atrasar o diagnóstico, aumentando o risco de desenvolver catarata, glaucoma, queratopatia em banda e ambliopia, que são as complicações possíveis desta doença.

O que fazer

A única forma de diagnosticar atempadamente uma uveíte silenciosa é fazer uma consulta de rastreio oftalmológico aos 3 e aos 6 anos em todas as crianças saudáveis, logo que haja suspeita do diagnóstico de JIA e periodicamente nos doentes diagnosticados com artrite, pois pode surgir em qualquer altura da sua evolução.

Tratamento

O tratamento da uveíte inicia-se sempre pelo uso tópico e / ou sistémico de corticosteróides que serão substituídos por outros agentes menos agressivos ou com menos efeitos secundários no longo prazo, se a duração da uveíte assim o exigir.

No caso da JIA é fundamental a colaboração do Reumatologista e do Pediatra para a adequação da terapêutica.

Os agentes alternativos aos corticosteróides são os imunossupressores, os imunomoduladores e os agentes biológicos (ou biologic response modifiers).

Evolução / Prognóstico

A evolução da uveíte na criança não é necessariamente desfavorável, mas é seguramente longa, exigindo visitas regulares ao Oftalmologista. Sendo silenciosa para a criança e para os pais, só o exame objectivo com microscópio permite verificar a actividade inflamatória intra-ocular.

O acompanhamento da terapêutica deverá ser estreito para minimizar os efeitos secundários e optimizar as doses terapêuticas necessárias.

Prevenção / Recomendações

Fazer rastreio em crianças com Artrite Idiopática Juvenil.

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