Tripanosomíase americana - Doença de Chagas
Introdução
Definição
A tripanossomíase americana, vulgarmente conhecida por Doença de Chagas ou Mal de Chagas, é causada pelo parasita Tripanosoma cruzi.
Frequência
Existe em vários países da América Central e do Sul, com elevada prevalência na Bolívia e no Brasil. Na referida região do globo terrestre estima-se em cerca de 8 a 10 milhões as pessoas afectadas por esta doença.
Devido às correntes migratórias, centenas de milhares de pessoas afectadas vivem actualmente fora do continente americano.
A Doença de Chagas causa aproximadamente 20 000 mortes por ano em todo o mundo.
Causa
O Tripanosoma cruzi é transmitido ao homem por um insecto, conhecido no Brasil por barbeiro, através das fezes que nele deposita enquanto faz a sua refeição de sangue.
O parasita penetra geralmente através das lesões provocadas na pele pela picada do referido insecto. A penetração pode também ocorrer através das mucosas.
Os outros possíveis meios de transmissão são: transfusão de sangue; de mãe para filho durante a gravidez; ingestão de comidas ou bebidas contaminadas; transplante de órgãos; exposição ocupacional em laboratórios ou em trabalhos nas florestas.
No corpo humano, o parasita multiplica-se dentro das células, invade os órgãos acabando por destruir, a longo prazo, os tecidos do coração e do aparelho digestivo.
O período que decorre entre a penetração do agente infeccioso e o aparecimento dos primeiros sintomas é, geralmente, de 5 a 14 dias. Mas nalguns casos pode durar meses.
Sinais e sintomas
Existem três fases distintas: aguda, latente e crónica.
A fase aguda, com sintomatologia em idade pediátrica, pode durar 1 a 3 semanas e é caracterizada por inchaço e dor no local da picada, dores musculares, manchas na pele, febre, falta de apetite, aumento do volume dos gânglios, baço e fígado, conjuntivite e inflamação à volta dos olhos, unilaterais (Sinal de Romaña - figs. 1 e 2) quando a entrada do agente infeccioso é por via ocular.
Fig.1 COLOCAR DESENHO
Pode haver inflamação do coração ou do rim, e raramente, do cérebro, embora alguns infectados não apresentam manifestações da doença.
Após um período silencioso, que pode ser superior a 25-30 anos, cerca de trinta por cento dos infectados apresentam manifestações de doença crónica. Estas são consequência de lesões que se vão processando lentamente no esófago, cólon e coração e originam dificuldade em engolir, aspiração dos alimentos, pneumonia, prisão de ventre, distensão abdominal e perturbações cardíacas.
Tanto nos doentes agudos como nos crónicos pode ocorrer morte súbita por problemas cardíacos ou cerebrais.
O que fazer
Como confirmar a infecção
Na fase aguda: os parasitas podem ser observados, por microscopia, no sangue, líquido cefalorraquidiano e no aspirado de gânglio.
Na fase crónica: existem testes especiais fiáveis.
Doenças que se podem confundir com a Doença de Chagas:
- Febre tifóide
- Brucelose
- Mononucleose infecciosa
- Doença do Sono
- Toxoplasmose
- Doenças cardíacas provocadas por vírus ou por febre reumática.
Tratamento
Actualmente utilizam-se vários medicamentos. Mas nem sempre são eficazes e têm efeitos secundários consideráveis.
Evolução / Prognóstico
Se não for tratada, a doença é fatal.
Para minimizar as lesões crónicas provocadas pela Doença de Chagas é necessário apoio de várias especialidades - cirurgia, gastrenterologia, cardiologia e outras.
Prevenção / Recomendações
Educar e envolver toda a comunidade na prevenção, Mantendo vigilância apertada sobre todas as edificações e pulverizar imediatamente qualquer foco de infestação.
Proteger as habitações de entrada dos insectos transmissores, eliminando as brechas das paredes e coberturas, substituindo os telhados de colmo por chapas de zinco e colocando redes nas portas e janelas.
Combater os insectos transmissores por meio de pulverização, com insecticidas residuais adequados, de todas as casas e estruturas adjacentes e árvores (principalmente palmeiras) em que tenham sido detectados.
Viajantes em zonas endémicas devem evitar estadia em alojamentos precários e ingestão de alimentos e bebidas cuja segurança higiénica desconhecem.
Os bancos de sangue devem realizar análises para pesquisar eventual presença de Tripanosoma cruzi nos candidatos a dadores de sangue, que nasceram ou permaneceram em regiões onde este parasita é endémico. Todos aqueles que apresentam análises positivas não devem ser aceites como dadores.
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