Introdução
A Tosse Convulsa é uma doença respiratória altamente contagiosa causada pela bactéria Bordetella pertussis. Os bebés são mais vulneráveis e apresentam maior risco de doença grave.
Frequência
A condição pode manifestar-se em qualquer idade, embora seja mais comum em bebés com menos de 6 meses, uma vez que a vacinação primária ainda não está completa. A vacina é a melhor forma de prevenir a doença, a qual pode ser assintomática em adolescentes e adultos jovens. Estes constituem potenciais meios de transmissão da bactéria na comunidade.
Sinais e sintomas
No Programa Nacional de Vacinação Português (PNV) está contemplada a administração da vacina pertussis acelular em 5 doses, juntamente com a da difteria e do tétano: aos 2, 4, 6, 18 meses e 5 anos de idade. Contudo, esta vacina não fornece imunidade vitalícia, pelo que a doença pode ocorrer em pessoas previamente vacinadas ou que já tenham contactado diretamente com a bactéria.
Período de incubação
A B. pertussis tem 7-10 dias e a transmissão é efetuada pessoa a pessoa, através de gotículas respiratórias infetadas.
A doença pode ser assintomática ou manifestar-se em 3 fases:
- Fase catarral (1-2 semanas): sintomas como corrimento nasal, tosse seca e febre baixa. É a fase com maior risco de transmissão.
- Fase paroxística (2-6 semanas): acessos de tosse intensa e persistente, associados a guincho inspiratório, vómitos e/ou coloração azulada da pele e extremidades (cianose). A tosse é mais frequente durante a noite e agrava com o choro.
- Fase de convalescença (2-4 semanas): redução da intensidade e da frequência da tosse, já sem associação a vómitos ou guincho inspiratório. A tosse pode prolongar-se durante semanas e agravar com o surgimento de outras infeções víricas.
Em determinadas faixas etárias, podem ocorrer formas atípicas da doença:
- Lactentes:
- 1) sintomas ligeiros que podem passar despercebidos, ou
- 2) bebé gravemente doente. Nestes casos, o limiar de suspeição deve ser baixo pelo risco de complicações graves. Geralmente há um familiar próximo com infeção assintomática ou com tosse prolongada que constitui a fonte de transmissão bacteriana.
- Crianças vacinadas e adolescentes: sintomas mais ligeiros, onde a tosse persistente pode ser a única manifestação.
Diagnóstico
É clínico, isto é, baseado nos sinais e sintomas caraterísticos da doença (paroxismos de tosse, vómitos pós-tosse, guincho inspiratório ou incapacidade em respirar - apneia), assim como nos achados do exame objetivo realizado pelo médico. Contudo, podem ser realizados testes laboratoriais para pesquisa da bactéria, os quais confirmam a suspeita diagnóstica.
A Tosse Convulsa é uma doença de declaração obrigatória, pelo que devem ser notificados todos os casos prováveis ou confirmados.
O que fazer
Se a criança apresentar sintomas compatíveis, deve ser avaliada por um profissional de saúde para determinar a gravidade da doença e a necessidade de tratamento específico.
Uma observação médica urgente é obrigatória em lactentes com menos de 6 meses, na presença de dificuldade respiratória, apneia, cianose ou vómitos que comprometam a sua adequada hidratação.
O tratamento antibiótico deve ser iniciado com base na suspeita clínica, mesmo se ainda não existir confirmação laboratorial, principalmente em lactentes abaixo dos 4 meses, pelo risco de doença grave.
Tratamento
O tratamento realiza-se com antibiótico oral durante 5 dias, combinado com medidas de suporte (reforço da hidratação e oxigénio/ aspiração das secreções se necessário). O antibiótico elimina a B. pertussis da nasofaringe, limitando o contágio.
Os doentes podem transmitir a bactéria até completarem a totalidade do tratamento, pelo que a profilaxia antibiótica deve ser realizada ao agregado familiar e aos contactos próximos até 21 dias após o início dos sintomas. Por vezes, em lactentes com doença grave, justifica-se internamento hospitalar com medidas de isolamento respiratório.
Evolução / Prognóstico
A gravidade da doença é inversamente proporcional à idade do doente, pelo que as complicações são mais frequentes abaixo dos 6 meses. Estas incluem: apneia, pneumonia, convulsões ou dificuldade respiratória.
A taxa de mortalidade é de cerca de 1% antes dos 6 meses, com maior incidência previamente aos 2 meses de idade.
Nas crianças e adolescentes a tosse prolongada pode ser o único sintoma presente, o que dificulta o seu diagnóstico e aumenta a probabilidade de contágio em grupos de risco.
Prevenção / Recomendações
A vacinação contra a Tosse Convulsa incluída no PNV constitui a melhor medida preventiva, com o objetivo de reduzir o risco de doença grave em lactentes.
A vacinação das grávidas entre as 20-36 semanas é crucial para a prevenção da patologia em recém-nascidos.
Pelo risco de transmissão, as crianças infetadas não devem frequentar a escola até terem completado 5 dias de tratamento antibiótico. Caso este não tenha sido realizado, a evicção escolar deve ser de 21 dias após o início dos sintomas.
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