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Introdução

A Otite Média Efusiva (OME) corresponde à presença de líquido no ouvido médio (região interna do ouvido), sem sinais de infeção. O fluído acumulado atrás do tímpano condiciona uma barreira à condução do som e aumenta o risco de infeção. 

Frequência

A OME ocorre principalmente entre os 6 meses e os 4 anos de idade e é mais comum nos meses de outono/inverno. A OME é muito frequente em crianças, pois cerca de 90% tem um episódio antes da idade escolar. A maioria resolve espontaneamente e sem sequelas após algumas semanas, mas algumas necessitam de tratamento. 

Causas

A OME é uma patologia multifatorial. Pode ocorrer após uma infeção do ouvido médio - otite média aguda (OMA) ou por disfunção da trompa de eustáquio (TE).

Esta é uma estrutura anatómica tubular que liga a parte interna do ouvido à região posterior do nariz e da garganta, permitindo a comunicação entre o ouvido e o aparelho respiratório superior. Tem como funções o equilíbrio das pressões (entre a parte interna e externa do ouvido) e a limpeza das secreções para a drenagem adequada do fluido no ouvido médio.

Nas crianças, a TE é imatura e ainda não está totalmente desenvolvida, o que contribui para a persistência de líquido dentro do ouvido. Além disso, esta estrutura pode encontrar-se disfuncional nos casos de rinossinusite, constipação e/ou aumento das adenóides (tecido linfático semelhante às amígdalas que se localiza na região posterior do nariz), o que justifica o facto da OME ser mais comum nos meses de outono/inverno. 

Sinais e sintomas

Sintomas

A OME é uma entidade que pode passar despercebida, pois a maioria das crianças são assintomáticas e/ou apresentam alterações auto-limitadas, com resolução em 4-6 semanas. 

Porém, o líquido acumulado atrás do tímpano pode provocar perda auditiva variável, geralmente ligeira a moderada, muitas vezes não percecionada pelos pais ou cuidadores. Esta diminuição da audição, a médio/longo prazo, pode condicionar atraso de linguagem, alterações do comportamento e/ou défice de aprendizagem. Embora menos comuns, as crianças podem sentir zumbidos, sensação de “ouvido tapado”, desequilíbrios ou irritabilidade/desconforto. A febre ou dor de ouvido, quando presentes, habitualmente indicam infeção ativa (OMA). 

Diagnóstico

O diagnóstico de OME é clínico, baseado na história clínica e exame objetivo, incluindo a otoscopia. Esta vai permitir avaliar o tímpano, com recurso a um otoscópio (ferramenta utilizada para visualizar o interior do ouvido). Existem determinadas caraterísticas da membrana timpânica que são sugestivas de OME, nomeadamente estar mais baça ou com uma coloração acinzentada/amarelada.

Adicionalmente, os testes auditivos costumam ser realizados para complementar a avaliação e auxiliar no diagnóstico, principalmente nos casos em que os sintomas se prolongam para além dos 3 meses.

O que fazer

Se a criança apresentar diminuição auditiva e/ou otites de repetição medicadas com antibiótico, deve ser observada por um médico, em regime de consulta, para determinar a etiologia subjacente.

Se tiver febre e dor de ouvido persistente, sem melhoria após analgesia, deve recorrer ao serviço de urgência por suspeita de OMA. 

Na presença de obstrução ou corrimento nasal, a lavagem nasal, o aumento da ingestão hídrica e, se componente alérgico subjacente, o uso de anti-histamínicos ou sprays de corticóide nasal podem ajudar a aliviar os sintomas e a prevenir o agravamento da OME. 

Tratamento

Vigilância

Nos primeiros 3 meses, onde a resolução espontânea é comum e ainda não há compromisso da linguagem/desenvolvimento. A avaliação em consulta deve ser realizada com recurso a exames auditivos.

Tratamento médico

Os antibióticos, anti-histamínicos e corticóides (CTT) não estão recomendados. Porém, os CTT nasais podem ser úteis se rinite alérgica ou hipertrofia adenoideia. 

Cirurgia

É o método de eleição para casos persistentes ou com perda auditiva grave. Consiste na inserção de tubos de ventilação, através de uma abertura no tímpano, os quais irão permitir a drenagem do líquido acumulado.

Evolução / Prognóstico

Habitualmente, a OME é auto-limitada e resolve espontâneamente em semanas a meses. Contudo, quando persiste, pode condicionar sequelas auditivas que comprometem o desenvolvimento da criança.

Quando é realizada cirurgia, a extrusão dos tubos de ventilação geralmente ocorre espontâneamente entre 6-12 meses após a sua colocação, com posterior cicatrização do tímpano. Por vezes, caso a OME recorra, pode ser necessário repetir o procedimento cirúrgico. 

Prevenção / Recomendações

Não é possível evitar totalmente a OME, contudo existem algumas medidas que podem minimizar o seu desenvolvimento.

É aconselhado promover a amamentação exclusiva até aos 6 meses e evitar o uso de chupeta, evitar fumo de tabaco/lareira, adotar medidas de etiqueta respiratória para prevenir infeções e reduzir a exposição ambiental a alergénios.

Estas medidas vão potenciar o correto funcionamento da TE e evitar a acumulação de líquido no interior do ouvido.

Saber Mais

  • Marom T. Otitis media with effusion (serous otitis media) in children: Clinical features and diagnosis. UpToDate [Internet].  [consultado fevereiro 2025].
  • Marom T. Otitis media with effusion (serous otitis media) in children: Management. UpToDate [Internet]. [consultado fevereiro 2025].
  • Otitis media with effusion in under 12s, National Institute for Health and Care Excellence (NICE), London 2023.
  • Rosenfeld RM, Tunkel DE, Schwartz SR, et al. Clinical Practice Guideline: Tympanostomy Tubes in Children (Update). Otolaryngol Head Neck Surg 2022; 166:S1.
  • MacKeith S, Mulvaney CA, Galbraith K, et al. Adenoidectomy for otitis media with effusion (OME) in children. Cochrane Database Syst Rev 2023; 10:CD015252

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