Fibroma não ossificante
Introdução
Definição
Também conhecido como defeito fibroso cortical ou defeito metafisário fibroso, representa a lesão tumoral benigna mais comum na infância.
Habitualmente envolve a região metafisária de ossos longos. 80% dos casos ocorrem ao nível dos membros inferiores:
- Fémur distal > tíbia proximal > perónio proximal > tíbia distal
- Incomum ao nível do fémur e úmero proximal.
Epidemiologia
Pico de incidência entre os 5-15 anos.
Presente em 30% das crianças com fises abertas
Fisiopatologia
Possivelmente associado a uma reabsorção osteoclástica subperiosteal anormal durante a fase de remodelação metafisária.
História Clínica
Anamnese
Geralmente assintomática. Representa muitas vezes um achado incidental. Ocasionalmente pode cursar com fractura patológica.
Exame objectivo
Sem alterações ao exame físico.
Diagnóstico Diferencial
Tumor de células gigantes:
- Queixas álgicas
- Raro no esqueleto imaturo
- Ausência de mineralização
Osteosarcoma:
- Queixas álgicas
- Irregularidade óssea com zona de transição pouco definida
- Reacção periosteal
- Mineralização da massa de tecidos moles
Irregularidade por avulsão da cortical ao nível da inserção do músculo adutor magnus na vertente posteromedial do fémur distal.
Exames Complementares
Patologia Clínica
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- Células fibroblásticas fusiformes em padrão estoriforme
- Número variável de células gigantes
- Áreas de reacção xantomatosa com histiócitos espumosos podem estar presentes
- Hemossiderina proeminente
- Componente secundário de Quisto Ósseo Aneurismático pode estar presente
Imagiologia
Radiologicamente exibe envolvimento metafisário, apresentando migração diafisária com o crescimento. É habitualmente excêntrico, geralmente em relação com a cortical óssea e de bordos esclerosados.
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Com a expansão da lesão pode verificar-se adelgaçamento da cortical óssea.
As lesões podem aumentar entre 1 a 7 cm com o crescimento.
Com o atingimento da maturidade esquelética as lesões ossificam e tornam-se escleróticas.
Ocasionalmente associado a Quisto Ósseo Aneurismático.
Estudo radiográfico standard (face e perfil) é geralmente diagnóstico.
Tratamento
Atitude expectante, mantendo a vigilância, em particular nas lesões de grandes dimensões.
- Regressão espontânea e ossificação progressiva ocorre geralmente com entrada na 2º e 3º décadas de vida
- Controlo radiológico aos 6 e 12 meses, e depois anualmente até ossificação da lesão
Cirurgia
- Indicações:
- Lesões sintomáticas e de grandes dimensões
- Risco aumentado de fractura
- Curetagem e preenchimento com enxerto ósseo autólogo
Fracturas Patológicas
- Geralmente tratadas conservadoramente, com imobilização gessada, até consolidação.
- Fixação interna raramente necessária
Evolução
Bom prognóstico.
Bibliografia
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