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Introdução

Definição

A anafilaxia induzida pelo exercício é uma entidade rara que ocorre anafilaxia ocorre durante a atividade física, agravando com a manutenção da mesma e havendo melhoria dos sintomas após a sua suspensão.

Deve ser sempre investigado o possível cofactor para esta reacção, sendo muitas vezes possível identificar o alimento, medicamento ou outro fator desencadeante a que o doente esteve exposto.

Epidemiologia

A prevalência exacta de anafilaxia induzida por exercício não está bem estabelecida. Geralmente é esporádica, embora tenham sido relatados casos familiares, sem predomínio de sexo. Tem início tipicamente na adolescência. Pode surgir com actividades variadas como ténis, a dança e até mesmo com o simples caminhar.

História Clínica

Anamnese

Na história deve ser estabelecida pormenorizadamente a sua relação com o exercício físico e se os sintomas desaparecem quando este é suspenso.

Devem ser também focados os eventos que antecederam o episódio de anafilaxia, nomeadamente se houve alterações no ambiente, exposição a medicamentos, ingestão de alimentos e quais e o intervalo de tempo que mediou até à sintomatologia.

Também devem ser questionados os antecedentes pessoais, outros episódios de anafilaxia e suas circunstâncias, existência de atopia ou alergias conhecidas, bem como os antecedentes familiares.

Exame objectivo

Na anafilaxia induzida por exercício, os sinais e sintomas surgem durante a atividade física, nomeadamente prurido, urticária, rubor, pieira, náusea, cólicas abdominais e diarreia. Se a atividade física continuar, pode haver um agravamento dos sintomas com angioedema, edema da laringe, hipotensão e, finalmente, colapso cardiovascular.

Como referido previamente, a interrupção da atividade física geralmente resulta em melhoria imediata dos sintomas, podendo o exame ser normal momentos após o evento ou serem observados apenas sinais de doença alérgica.

Diagnóstico Diferencial

Anafilaxia induzida por exercício dependente de alimentos: subgrupo de anafilaxia induzida por exercício, na qual a anafilaxia se desenvolve apenas se a atividade física ocorrer poucas horas após ou antes da ingestão de um alimento específico, que sem atividade física é inócuo.

Urticária colinérgica: sintomas surgem com a elevação da temperatura corporal central (por exemplo, exercício, banhos quentes, saunas ou chuveiros);

Patologia cardíaca: pode cursar com a presença de sintomas semelhantes aos descritos na anafilaxia, nomeadamente a dispneia, dor torácica e o colapso cardiovascular;

Mastocitose: Doentes com mastocitose são suscetíveis a anafilaxia por vários desencadeantes, incluindo o exercício; apresentam lesões típicas na pele com máculas ou pápulas eritematosas e o seu nível sérico de triptase está persistentemente elevado;

Angioedema: As formas hereditárias e adquiridas são caracterizadas por episódios recorrentes de angioedema, sem urticária ou prurido, com atingimento frequente da pele, vias respiratórias superiores e trato gastrointestinal. O exercício, stress e exposição ao frio podem precipitar este evento. A ausência de urticária e prurido permite o diagnóstico diferencial com a anafilaxia induzida pelo exercício.

Exames Complementares

Os níveis de triptase sérica estarão elevados, relacionados com o episódio de anafilaxia. Fora do episódio, o indivíduo deve apresentar níveis normais de triptase sérica.

Em alguns casos, poderá ser necessário a realização de uma prova de esforço, isolada ou em combinação com prova de provocação oral com o alimento suspeito. Esta prova deve ser realizada, obrigatoriamente, em meio hospitalar especializado.

Tratamento

Na anafilaxia aguda induzida pelo exercício ou anafilaxia induzida por exercício dependente de alimentos, como na anafilaxia em geral, inicia-se a abordagem com o ABCDE da emergência. A adrenalina intramuscular é a droga de escolha (0,1mg/kg 1:1000). Devem ser tomadas todas as medidas necessárias para manutenção da via aérea, oxigenoterapia, volemização e suporte cardiorrespiratório.

Outros fármacos desempenham um papel auxiliar no tratamento da anafilaxia. Os anti-histamínicos H1 para alívio do prurido e urticária, notando que numa fase inicial podem agravar a hipotensão.

Os agonistas beta2-adrenérgicos nebulizados aliviam o broncospasmo, quando presente.

A administração de corticoterapia previne sintomas prolongados ou bifásicos.

Evolução

Tal como referido anteriormente, a progressão catastrófica da anafilaxia induzida pelo exercício pode ser travada com a suspensão da atividade física. Os doentes devem reconhecer os pródromos e também saber utilizar o auto-injetor de adrenalina.

O prognóstico e controlo da doença melhoram após conhecimento dos cofatores responsáveis pelo evento. Na maioria dos doentes não é encontrado o cofator, não sendo possível a prevenção dos eventos.

Recomendações

A abordagem a longo prazo da anafilaxia induzida pelo exercício e anafilaxia induzida pelo exercício dependente de alimentos deve ser personalizada, uma vez que, a gravidade, frequência, intensidade do exercício necessário para desencadear a anafilaxia e a possível associação com cofatores varia de doente para doente.

Todos os doentes devem ser educados para reconhecer os pródromos da anafilaxia induzida pelo exercício, para que a atividade física seja interrompida aos primeiros sinais de alerta. Todos os doentes devem ter um auto-injetor de adrenalina e saber utiliza-lo.

Se for conhecida a relação com determinado alimento o doente deve evitar o exercício físico 2 horas após a sua ingestão e evitar esse alimento 1 hora após realizar exercício.

Saber Mais

Anafilaxia induzida pelo exercício; anafilaxia induzida pelo exercício associada a alimentos, triptase sérica, adrenalina.

Bibliografia

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