Filaríase
- Geral
- Picada de insecto
- Dor de cabeça (cefaleia)
- Sangrar do nariz (Epistaxis)
- Dor de cabeça (cefaleia)
- Dor muscular
- Dor nas articulações
- Febre (Hipertermia)
- Dermatite
- Manchas (Eritema, Exantema)
- Picada de insecto
- Falta de ar (Dispneia)
- Tosse
- Diarreia
- Enjôos e náuseas
- Vómitos
- Aumento de volume da mama (ginecomastia)
- Dor mamária
- Dor no testículo
- Escroto inflamado
- Testículo/ Escroto inchado
Introdução
Definição
A filaríase linfática é causada por qualquer um dos 3 tipos de filária linfática:
- Wuchereria bancrofti, a responsável por cerca de 90% dos casos, é endémica em África, Ásia e América Central e do Sul.
- Brugia malayi é endémica na Ásia, com importância muito relevante na Índia.
- Brugia timori é endémica na ilha de Timor e em outras ilhas suas adjacentes.
A doença afecta mais de 120 000 000 de seres humanos.
Epidemiologia
A transmissão ocorre por picada dos mosquitos vectores.
Anopheles é o principal vector em África, o Culex quinquefasciatus na América Central e do Sul, o Aedes e o Mansonia na Ásia e o Anopheles barbirostris na ilha de Timor e outras situadas na mesma região.
A base fisiopatológica da doença pode resumir-se à resposta imunitária do hospedeiro à presença da filária adulta e da bactéria endossimbiótica Wolbachia nos gânglios linfáticos das virilhas e das axilas.
A parasitémia é periódica, com picos variando conforme as regiões, em concordância com o período de dia em que o mosquito vector actua.
Wuchereria bancrofti e Brugia malayi têm geralmente periodicidade nocturna, com o pico cerca da meia-noite mas, na região do Pacífico, o pico da Wuchereria bancrofti é cerca do meio-dia.
Nas regiões endémicas microfilaremia assintomática é comum, assim como existem indivíduos com serologia positiva para microfilária mas sem microfilaremia.
O período de incubação varia geralmente entre 3 e 12 meses.
Quadro clínico
Os sinais iniciais são linfadenite e linfangite que, geralmente com ponto de partida numa pequena área localizada nas extremidades ou nos órgãos genitais, estendem-se depois regionalmente dentro de horas.
Acessos recorrentes de febre, cefaleias, calafrios e mal-estar podem também ocorrer.
O linfedema pode começar a acumular-se nas primeiras 24 horas do início dos sintomas.
Hidrocelo, orquite e epididimite são comuns e sua incidência aumenta com a idade.
Nas mulheres, além dos membros, as mamas também podem ser afectadas.
Linfangite e linfadenite persistentes podem levar à obstrução dos linfáticos, dando origem à permanente hiperplasia da pele e tecido subcutâneo, principalmente das extremidades inferiores, designada elefantíase.
A falta de higiene é um factor que em parte contribui para a formação da elefantíase e a região atingida por esta é predisposta à ulceração e infecção bacteriana secundária.
Ocorre quilúria quando obstrução entre linfáticos do intestino e o canal torácico conduz a aumento de pressão e ruptura dos linfáticos renais dentro dos túbulos renais.
A perda crónica de quilo através da urina causa malnutrição e a hematúria pode associar-se às alterações do trato urinário e dar origem à formação de coágulos.
A Wuchereria bancrofti causa hidrocelo, que pode atingir grandes dimensões e impedir a marcha, e linfedema nos membros inferiores.
A Brugia malayi causa linfedema distal aos cotovelos e joelhos.
Infecções bacterianas secundárias podem conduzir à linfadenite ascendente e dar origem à infecção de tecidos moles e sintomas sistémicos.
Algumas complicações da filaríase, caso da artrite, fibrose endomiocárdica e tromboflebites, podem ocorrer mesmo na ausência de microfilaremia.
As microfilárias circulantes, retidas e destruídas nos pulmões, podem causar, por imunorreactividade, o quadro clínico designado eosinofilia tropical, caracterizado por tosse, dificuldade respiratória e, se a situação persistir, fibrose pulmonar.
Cerca de 50% dos indivíduos infectados por filária são assintomáticos.
Diagnóstico
Nas regiões endémicas o diagnóstico é essencialmente clínico e a doença pode ser sobrediagnosticada.
Confirmação laboratorial pode ser feita por pesquisa de microfilárias no sangue periférico e no líquido do hidrocelo, PCR-RT, IgM-ELISA e Imunocromatografia rápida. A hora da colheita de sangue deve ter em conta a periodicidade de cada espécie.
Diagnóstico Diferencial
O diagnóstico diferencial faz-se com Linfangite aguda bacteriana, Linfogranuloma inguinal, Tromboflebite, Epididimite tuberculosa, Hérnia inguinal, Traumatismos,
Insuficiência cardíaca, Doenças malignas, Insuficiência renal, Malformações congénitas e com a também conhecida por “Doença dos Pés Grandes Africana”, caracterizada por obstrução linfática das extremidades inferiores dos habitantes das terras altas da Etiópia e causada por exposição dos pés descalços à micropartículas de sílica.
Tratamento
Proceder à higiene geral, meticulosa e continuada, de todo o corpo.
Albendazol 400mg 2x/dia, durante 3 semanas + 1 dose de ivermectina, 200µg/Kg, repetida anualmente durante 5 anos, ou Albendazol 400mg 2x/dia, durante 3 semanas + 1 dose de dietilcarbamazina, 6mg/Kg, repetida anualmente durante 5 anos.
A dietilcarbamazina deve ser evitada nos ataques agudos de filaríase porque a sua actividade microfilaricida pode libertar a endotoxina da Wolbachia e agravar os sintomas. Também deve ser evitada em áreas endémicas de Oncocerca volvulus e de Loa loa por poder dar origem à reacção de Mazzotti, que consiste em exacerbação das lesões oculares, mialgia, artralgia, dificuldade respiratória e choque, devido à reacção ao verme morto.
Monoterapia com ivermectina apenas actua sobre as microfilárias, tornando-se necessário repeti-la ao longo da vida do verme adulto, que ultrapassa os 10 anos.
Doxiciclina oral, 100mg 2x/dia durante 6 semanas, combate a Wolbachia e parece deste modo reduzir a microfilaremia e diminuir o linfedema.
No caso particular de eosinofilia tropical, a dietilcarbamazina, 5mg/Kg/dia, dividida em 3 tomas diárias, durante 3 semanas, é geralmente eficaz. Na falta de uma boa resposta o tratamento deve ser repetido mas por um período mais longo.
Tratamento cirúrgico resolve o hidrocelo mas o efeito sobre a elefantíase é transitório.
Evolução
Obstrução dos vasos linfáticos pelos efeitos da presença da filária adulta é irreversível, o que faz das medidas preventivas o elemento essencial.
Recomendações
Prevenção
Estabelecer padrões de higiene geral nas comunidades.
Reduzir o número dos vectores e proteger-se da sua picada.
Promover, em zonas com prevalência da filária linfática superior a 5%, a profilaxia em massa, aconselhada pela “Aliança Global para Eliminação da Filária Linfática”, que consiste na administração, 1x/ano durante 5 anos, de 1 dose de albendazol 400mg, associada à 1 dose de dietilcarbamazina 6mg/Kg ou de Ivermectina 200µg/Kg.
Bibliografia
- Davidson R, Brent A, Seale A. Oxford Handbook of Tropical Medicine. Oxford University Press. 2014.
- Kwan-Gett T, Kemp C, Kowarik C. Infectious and Tropical Diseases. Elsevier Mosby. 2006.
- Wilkinson I, Baldwin A, Wallin E. Oxford University Press, 2014.
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