Doença renal crónica terminal na criança – Estratégias terapêuticas
Introdução
Definição
Os rins são dois órgãos abdominais, que embora tenham dimensões e peso relativamente pequenos (menos de 200 g no caso de rins normais), desempenham funções fundamentais no organismo humano, bem como nos mamíferos em geral.
A grande irrigação sanguínea dos rins permite que estes órgãos produzam a urina e, dessa forma, desempenhem fenómenos fundamentais na homeostasia do organismo humano, entre as quais a excreção de diversas substâncias tóxicas incluindo a ureia.
As doenças dos rins podem apresentar-se de uma forma variada. Por vezes, como no caso de algumas infeções, podem ser de natureza potencialmente reversível. Noutros casos, trata-se de doenças que determinam o declínio da função dos rins, e muitas dessas situações clínicas são dotadas de irreversibilidade, estabelecendo-se uma situação de insuficiência renal crónica. A insuficiência renal é facilmente diagnosticada através da elevação de biomarcadores plasmáticos, dos quais a creatinina e a ureia são os mais frequentemente utilizados.
Quando o grau de função renal declina marcadamente e de forma irreversível, estabelece-se uma insuficiência renal crónica terminal, uma situação clínica cuja evolução natural resultaria na morte da pessoa afectada. A ciência médica desenvolveu diferentes técnicas substitutivas de função renal, que permitem a sobrevivência de muitos doentes afetados por insuficiência renal crónica, constituindo um notável marco na História da Medicina e na aplicação prática da inteligência humana.
A doença renal crónica terminal (DRCT) afecta um número importante de doentes. Nas crianças ao contrario dos adultos, a DRCT é uma condição rara e com caracterização ainda limitada. As causas de DRCT na criança são muito diferentes das encontradas nos adultos com um predomínio de doenças congénitas e hereditárias.
As malformações congénitas dos rins e trato urinário representam a principal causa de DRCT, outros grupos diagnósticos comuns incluem doenças inflamatórias dos rins (glomerulonefrite e glomeruloesclerose) e doenças hereditárias.
A DRCT em crianças associa-se a um impacto significativo. As crianças estão em fases formativas do seu desenvolvimento fisiológico e intelectual, e, portanto, são particularmente vulneráveis aos efeitos adversos da DRC. Para além do aumento substancial de morbilidade durante a infância o atraso do crescimento e desenvolvimento são comuns, afectando profundamente o bem estar físico e psicológico da criança.
Frequência
A incidência entre os 0-19 anos é de 8,3 por milhão de população de idade relacionada e entre os 0-14 anos de apenas 5,5 por milhão de população de idade relacionada.
A incidência e prevalência na população europeia são relativamente estáveis com um predomínio no sexo masculino (1.3/2) reflectindo a maior incidência de malformações congénitas dos rins e trato urinário no sexo masculino.
Tratamento
O transplante renal é a modalidade de tratamento de eleição.
Em casos de falência ou ausência de condições para transplante renal, a diálise crónica (hemodiálise ou diálise peritoneal) pode ser a única opção terapêutica.
Evolução / Prognóstico
O prognóstico da insuficiência renal crónica terminal não tratada é mau, sendo que a ausência de função renal é incompatível com a vida, excepto se for providenciada uma técnica substitutiva da função renal.
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