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Introdução

Definição

A aspiração de corpo estranho refere-se à presença de objectos nas vias respiratórias ou no pulmão, habitualmente após inalação ou engasgamento. A exploração do meio ambiente, a partir do fim do 1º ano de vida, inclui o gesto de levar à boca todo o tipo de objectos, o que pode ser perigoso e, inclusivamente, mortal.

As crianças podem também aspirar alimentos, que lhes são oferecidos numa fase precoce do seu desenvolvimento, antes de surgirem os dentes molares e de terem suficiente coordenação motora. A posição relativa da laringe durante a infância aumenta o risco de aspiração.

Frequência

Tem uma incidência 0,66 casos por 100.000 habitantes e é a principal causa de morte acidental em crianças com idade inferior a 5 anos. É mais frequente no sexo masculino (1,4:1), não havendo diferenças entre as diferentes classes sociais.

Nos grupos culturais em que as crianças são alimentadas com sólidos antes de atingirem o desenvolvimento psico-motor adequado, a incidência de aspiração de corpo estranho é igualmente mais elevada.

Causa

Na maioria das vezes, os corpos estranhos são de origem alimentar, nomeadamente pedaços de carne ou vegetais sólidos, frutos secos ou fruta. Menos comummente, podem ser aspirados pequenos objectos, como peças de brinquedos, botões, moedas, brincos, material de escritório, além de uma infinidade de outros pequenos artigos.

Sinais e sintomas

Em 50 a 80% dos casos, o episódio de engasgamento é presenciado, sendo relatado um episódio súbito de tosse, falta de ar e cor azulada ou arroxeada da face da criança. Nalguns casos, o engasgamento não é presenciado e a suspeita de aspiração ser colocada dias a semanas depois, numa criança que mantém tosse crónica, pneumonias de repetição ou alterações persistentes da radiografia do tórax.

O que fazer

Se a aspiração é presenciada, a tosse deve ser estimulada e os pais e educadores devem ter formação em manobra de Heimlich (compressão abdominal superior) ou equivalente, bem como em suporte básico de vida, e saber iniciá-las quando a criança pára de tossir e respirar ou perde os sentidos.

Posteriormente, a criança deve ser observada por um médico, que a avaliará clinicamente, solicitará uma radiografia do tórax e, eventualmente a realização de broncoscopia, que consiste na introdução de um tubo estreito e flexível nas vias aéreas, para visualização directa do interior das vias respiratórias e de um eventual corpo estranho.

O diagnóstico de aspiração de corpo estranho não é, portanto, fácil, necessitando frequentemente de competências técnicas e equipamento especializado.

Tratamento

A extração de corpo estranho necessita, habitualmente, de broncoscopia rígida, procedimento que consiste na introdução, sob anestesia geral, de um tubo metálico na traqueia, através do qual é possível introduzir pinças ou outros instrumentos que permitam a retirada do objecto. Através do broncoscópio pode ser também feito o tratamento de eventuais reacções do brônquio à presença de corpo estranho, hemorragias ou, se necessário, proceder à lavagem da árvore respiratória.

Por vezes, as crianças podem necessitar de tratamento com antibióticos ou com corticosteroides, para diminuir as complicações infeciosas ou inflamatórias associadas.

Muito raramente, se a extracção de corpo estranho não for possível pela broncoscopia, e principalmente em casos de corpos estranhos orgânicos, pode haver necessidade de cirurgia, em que será retirada a parte afectada do pulmão.

Evolução / Prognóstico

Se, na fase aguda, não ocorrer asfixia grave, que pode cursar com elevada mortalidade e sequelas, a maioria dos corpos estranhos é passível de ser retirada com relativa rapidez e elevada taxa de sucesso.

Se o corpo estranho não for extraído, e principalmente se tiver origem orgânica, podem ocorrer sequelas a longo prazo, com pneumonia recorrente, bronquiectasias (dilatações dos brônquios), ou abcessos, que podem comprometer a longo prazo a função respiratória do doente.

Prevenção / Recomendações

A prevenção da aspiração de corpo estranho é fundamental. A nível da comunidade é importante a existência de avisos dirigidos, em brinquedos e outros objectos com peças pequenas, a rotulagem adequada à idade e a educação sobre cuidados a ter na alimentação. É também fundamental o acesso de pais, cuidadores e educadores, a formação de suporte básico de vida, incluindo informação sobre manobras de desengasgamento.

Os pais devem ser alertados para o risco inerente ao contacto com balões e outros objectos de borracha, objectos de pequenas dimensões, bem como conhecer os alimentos proibidos abaixo dos quatro anos (frutos secos, sementes, rebuçados, pastilhas elásticas, pipocas, etc).

É igualmente necessário que as refeições sejam sempre supervisionadas por adultos, e que se evitem distrações, brincadeiras e gargalhadas durante as mesmas.

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