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Introdução

Definição

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a adolescência compreende o período entre os 10 e os 19 anos; na população portuguesa, as primeiras relações sexuais começam em média aos 16 anos. A gravidez na adolescência tem algumas particularidades, podendo, nalguns casos, provocar riscos para a saúde da mãe e do bebé.

Causas

A maioria das gravidezes na adolescência não é desejada e resulta de falta de conhecimento ou falha dos métodos contracetivos. Quanto mais cedo são as primeiras relações sexuais e quanto mais parceiros, maior é o risco de uma adolescente adquirir uma infeção sexualmente transmissível e de surgir uma gravidez não desejada.

Por outro lado, a gravidez em idades jovens pode ser vista como um evento normal e desejado, de acordo com crenças familiares e contexto social e cultural da jovem.

Sinais e sintomas

O principal sinal de suspeita de gravidez é a falta da menstruação ou o seu atraso. Na adolescência, os ciclos irregulares são frequentes e podem levar à desvalorização de um atraso ou da falta da menstruação, com risco de diagnóstico tardio.

Os primeiros sintomas da gravidez são as náuseas e vómitos, o aumento de apetite, cansaço inexplicado, sensibilidade mamária, dores abdominais e necessidade mais frequente de urinar. A confirmação da gravidez é feita com um teste de gravidez, que pode ser na urina (teste de farmácia) ou no sangue (num laboratório de análises).

O que fazer

Perante um teste positivo, e depois de uma reflexão consciente sobre as implicações de uma gravidez, a jovem deve considerar as suas opções: prosseguir com a gestação e assumir a maternidade, prosseguir com a gestação e entregar a criança a uma instituição para adoção ou interromper a gravidez se cumprir os requisitos legais.

Em Portugal, qualquer mulher com mais de 16 anos pode interromper a gravidez até à décima semana. Se a rapariga for menor de 16 anos, o consentimento tem de ser dado pelo seu representante legal. A interrupção da gravidez pode também ser realizada até mais tarde, dependendo de condições específicas.

Caso a jovem opte por prosseguir a gravidez, deve agendar uma consulta médica precocemente, de forma a iniciar a vigilância. Provavelmente a jovem será encaminhada para as consultas hospitalares, para garantir um acompanhamento multidisciplinar.

Tratamento

Há um maior risco de vigilância inadequada da gravidez na adolescência, que pode ser agravada na falta de apoio da família. O acompanhamento médico deve ser iniciado precocemente, de preferência até às 10 semanas. A frequência das consultas irá aumentar ao longo da gravidez, sendo ajustada de acordo com a necessidade.

A toma de suplementos deve ser incentivada, nomeadamente ácido fólico, ferro e iodo, para assegurar as necessidades da grávida e do feto. A alimentação variada e equilibrada é essencial, e haverá mais atenção em evitar défices nutricionais e distúrbios alimentares, frequentes nesta faixa etária. Poderá ser solicitado o apoio da Nutrição. Por outro lado, as jovens devem ser alertadas para os riscos do consumo de álcool, tabaco e outras drogas.

Ao longo da gravidez serão solicitados exames, nomeadamente análises ao sangue e urina e ecografias, que à partida não diferem dos exames realizados pelas mulheres mais velhas.

O acompanhamento simultâneo por psicólogo e assistente social é importante, por serem jovens particularmente suscetíveis a alterações psicológicas, sociais e económicas. São efeitos observados nas adolescentes a diminuição do rendimento escolar (com risco de abandono escolar precoce e futuro desemprego, com perpetuação do ciclo de pobreza) e baixa da autoestima, isolamento da família e amigos, sentimentos de ansiedade, angústia e mesmo depressão.

Evolução / Prognóstico

Há complicações que são mais frequentes nas grávidas adolescentes, nomeadamente anemia, aumento de peso inadequado ou recém-nascidos com baixo peso, mas parecem estar relacionadas com a vigilância tardia e insuficiente que é mais frequente nas jovens.

São complicações especificamente associadas à gravidez na adolescência:

  • Infeções urinárias

Podem dar ou não sintomas urinários, o que pode levar a um atraso ou falta de diagnóstico, com risco de evolução para situações mais graves, como pielonefrite (infeção no rim).

Os sintomas mais frequentes são a dor ou ardor ao urinar, urinar em pequena quantidade com maior frequência, sensação de esvaziamento incompleto, peso na bexiga, febre e dor nas costas.

Perante estas queixas, a grávida deve recorrer a uma consulta (no médico assistente ou numa urgência), para ser observada e eventualmente realizar exames.

Na suspeita de infeção urinária, o tratamento é feito com antibióticos. Se se suspeitar de uma infeção no rim, pode ser necessário um internamento, à partida de curta duração, para antibiótico endovenoso.

  • Infeções sexualmente transmissíveis

A grávida pode manter a sua atividade sexual durante a gravidez, se não surgirem complicações, mas deve ser alertada para a importância de usar preservativo para prevenir as infeções transmitidas através das relações sexuais, com riscos não só para ela como também para o bebé.

Estas infeções normalmente não dão sintomas, e a sua deteção é feita em exames de rotina, ao sangue e ao corrimento vaginal.

  • Parto prematuro

A ameaça de parto prematuro define-se como a presença de contrações e alterações do colo do útero, antes das 37 semanas de gravidez.

É mais frequente nas adolescentes, por estas apresentarem comportamentos que agravam o risco, nomeadamente o consumo de tabaco, álcool ou drogas, vigilância tardia e cuidados pré-natais insuficientes, falta de repouso durante a noite e o stress.

São sinais de alerta a dor abdominal tipo contrações, cólicas ou peso pélvico, alterações no corrimento, perda de líquido ou de sangue.

  • Hipertensão arterial induzida pela gravidez

As adolescentes têm maior risco de ter a tensão arterial alta, após as 20 semanas de gravidez (5 meses). Pode ser mais grave se estiver associada a alterações em análises específicas.

A hipertensão arterial pode ser assintomática, sendo detetada nas consultas de rotina, mas há sinais de alarme a que a grávida deve estar atenta, como aumento súbito de peso, edemas (inchaço) e queixas como dor de estômago, dor de cabeça intensa ou alterações visuais (sombras, luzes).

A hipertensão induzida pela gravidez implica vigilância apertada, com controlo analítico, e eventualmente com necessidade de internamento, pelo risco de complicações maternas e do crescimento do feto.

  • Recém-nascidos com baixo peso

O risco de prematuridade, associado a um ganho de peso inadequado, consumo de tabaco ou drogas e a complicações médicas como hipertensão arterial comprometem a circulação de sangue na placenta, condicionando o desenvolvimento e crescimento do feto.

A suspeita de uma restrição do crescimento pode surgir no exame físico nas consultas de rotina ou pelas medições realizadas nas ecografias obstétricas.

Nos casos em que se verifica que o feto não apresenta o peso adequado, pode ser necessário repouso físico, reforço ou alterações na dieta e investigação de outros problemas que podem estar associados. Em casos extremos, pode ser necessário provocar o parto mais cedo.

Prevenção / Recomendações

Durante a gravidez é importante relembrar a importância da contraceção pós-parto, de forma a evitar uma nova gravidez a curto prazo. Nas últimas consultas de gravidez o método contracetivo deve ser escolhido, para que seja iniciado atempadamente após o parto.

Existem muitos métodos que podem ser escolhidos pelas jovens, nomeadamente a pílula da amamentação ou métodos de longa duração, muito recomendados para as adolescentes. A contraceção pode ser iniciada na consulta de revisão do parto ou numa consulta de Planeamento Familiar.

Se houver risco de falha dessas consultas, é possível colocar um dispositivo no útero, o implante no braço ou fazer uma injeção de progestativo ainda antes da alta do hospital.

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