Sinovite Transitória da Anca
Introdução
A Sinovite transitória da anca (STA) é uma doença inflamatória aguda, autolimitada e benigna, que resulta de uma inflamação da bolsa sinovial da anca; é a causa mais comum de dor na anca em crianças abaixo dos 10 anos.
Frequência
A incidência é de 0,2% na população geral, sendo duas vezes mais comum nos rapazes, com um pico de incidência entre os três e os 10 anos de idade.
Causa
A causa e o mecanismo subjacente não estão totalmente esclarecidos. Sabe-se que é habitualmente precedida de uma intercorrência infeciosa ou traumatismo.
Sinais e sintomas
As crianças/ adolescentes manifestam dor referida à anca ou região inguinal, geralmente apenas num dos lados, sendo a dor o sintoma mais comum; esta pode também ser referida à face medial da coxa ou joelho.
Por forma a amenizar a dor, as crianças/ adolescentes assumem uma posição antálgica: flexão da anca com rotação externa.
Frequentemente, a dor associa-se a limitação dos movimentos da anca, recusa em realizar carga sobre o lado afectado e claudicação (mancar/ coxear).
Em crianças mais pequenas, os sintomas são mais inespecíficos. Geralmente apresentam choro persistente ou queixume durante a noite, podendo estas serem as únicas manifestações da doença.
Febre também pode surgir, embora menos frequentemente.
O que fazer
O tratamento da STA é essencialmente sintomático:
- Aplicar calor e realizar massajem local;
- Anti-inflamatórios não esteróides (AINEs): diminuem a duração e intensidade dos sintomas (exemplo: ibuprofeno, naproxeno);
- Elevação/tracção do membro do mesmo lado da anca afectada a 45º para minimizar a pressão intracapsular e, por conseguinte, a dor;
- Repouso absoluto durante 7 a 10 dias e evitar carga sobre o membro afetado.
- Retomar gradualmente a atividade física, que deverá ser condicionada pelo re-aparecimento ou agravamento da dor ou surgimento de novos sintomas.
Evolução / Prognóstico
A STA apresenta excelente prognóstico: a maioria dos doentes apresentará recuperação completa em até duas semanas.
A STA pode recorrer em até 20% dos casos, mais frequentemente nos primeiros seis meses após o episódio inicial.
Aproximadamente 1-3% dos doentes poderá desenvolver Doença de Legg-Calvé-Perthes, pelo que poderá ser recomendada a repetição da radiografia da anca 6 meses após o episódio de STA, em casos seleccionados.
Outras complicações como coxa magna, osteoartrite também podem surgir.
Prevenção / Recomendações
Não existe forma de prevenir a ocorrência da STA.
Os pais/ cuidadores devem garantir o repouso absoluto da criança/ adolescente, averiguar frequentemente a sua temperatura corporal e administrar AINEs para alívio da dor.
Devem também ser informados dos sinais de alarme que deverão motivar o recurso aos serviços de saúde.
Dado tratar-se de uma doença benigna e auto-limitada, habitualmente não necessita de seguimento a curto ou a longo prazo.
A criança/ adolescente deve manter vigilância nas consultas de saúde infantil nos cuidados de saúde primários, devendo-se atentar para surgimento de sintomas/ sinais de alarme:
- claudicação e dor persistentes, incapacidade de realizar exercício físico,
- febre persistente,
- mau estado geral,
- sinais inflamatórios da anca,
- dor e dificuldade em mobilizar a anca.
Caso estes sinais surjam, o doente deverá ser referenciado para os cuidados hospitalares.
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