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Introdução

Definição

A Comunicação Interventricular (CIV) consiste num orifício/defeito no septo interventricular (SIV), podendo ocorrer em qualquer parte do mesmo, podendo ser único ou múltiplo, com tamanho e forma variável, condicionando, por isso, uma passagem de sangue entre os dois ventrículos. Pode ocorrer isoladamente ou associar-se a outras alterações condicionando uma cardiopatia mais complexa.

O SIV é dividido numa pequena porção membranosa e uma maior porção muscular, sendo que o muscular possui 3 componentes: entrada, trabecular (ou muscular) e de saída.

As CIV são classificadas de acordo com sua posição anatómica:

  • CIV perimembranosa (membranosa): as mais comuns (~ 80%). O septo membranoso é uma pequena área do SIV adjacente à válvula aórtica (lado esquerdo) e ao lado da válvula tricúspide (lado direito).
  • CIV muscular (septo trabecular): 5-20% das CIV, sendo subdivididas em apical (a mais comum), mesosseptal (central), anterior (superior) e posterior. São muitas vezes múltiplas (SIV tipo “queijo suíço”) ou associada a outros defeitos. Esta prevalência pode estar subestimada, pois existem estudos recentes – baseado em diagnóstico com modernos aparelhos de ecocardiografia - que sugerem a existência de um número muito superior de mínimas CIVs musculares (até 5% da população lactente) que encerram em 90% dos casos até ao final do primeiro ano de vida.
  • CIV duplamente relacionada (infundibular, subpulmonar ou subarterial): 5-7% das CIV (30% na população asiática), localizam-se no septo de saída sendo as suas margens constituídas pelo anel pulmonar e aórtico, podendo haver prolapso de um das cuspes da válvula aórtica e regurgitação da mesma associada.
  • CIV de entrada (posteriores): 5-8% das CIV, localizam-se no septo que separa as porções septais dos anéis mitral e tricúspide (postero-inferior às CIV perimembranosas e inferior ao folheto septal da válvula tricúspide).

As CIV apresentam diferentes tamanhos, variando desde defeitos mínimos, sem repercussão hemodinâmica até defeitos grandes, com insuficiência cardíaca (IC) e hipertensão pulmonar (HTP).

Epidemiologia

A Comunicação Interventricular (CIV) é a cardiopatia congénita (CC) mais comuns. Estudos recentes mostram que uma prevalência de 2 a 5 por 1000 nados-vivos. As CIVs ocorrem em cerca de metade dos doentes com cardiopatia congénita.

História Clínica

Anamnese

  1. CIV pequena: as crianças são assintomáticas e acianóticas, apresentando um crescimento e desenvolvimento normal, sem alteração do padrão de alimentação.
  2. CIV moderada a grande: condiciona um atraso no crescimento e desenvolvimento, diminuição da tolerância ao exercício, infeções respiratórias de repetição e sinais de Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) são relativamente comuns durante a infância.
  3. Hipertensão pulmonar de longa duração: pode condicionar cianose e diminuição do nível de atividade física (Sindrome de Eisenmenger).

Exame objectivo

  1. CIV pequena: Sopro nas primeiras semanas de vida (3º-4º espaço intercostal esquerdo), com irradiação para o ápex ou 2º intercostal esquerdo, dependendo da localização do defeito. Sendo, normalmente, um sopro holossistólico, de alta frequência e intenso III-VI/VI. A natureza e a intensidade do sopro holossistólico correlacionam-se com a diferença entre as resistências vasculares pulmonar e sistémica. Por vezes, em CIV pequena, o sopro é pouco intenso e curto, dado o encerramento do defeito no final da sístole. O S2 é normal, não há sopros diastólicos, e o restante exame clínico é normal.
  2. CIV moderada a grande: os sintomas surgem nas primeiras semanas de vida, com sinais de dificuldade respiratória, taquipneia, hipersudorese (aumento do tônus ​​simpático e fadiga durante a mamada), condicionando má evolução ponderal. O precórdio é hiperdinâmico.

a. CIV moderada, o sopro é holossitólico, intensidade III-VI/VI, podendo existir um S3 no ápex e sopro mesodiastólico de enchimento mitral, dependendo do grau do shunt. S2 está amplamente desdobrado, com pouca variação respiratória, P2 com intensidade normal ou ligeiramente aumentada.

b. CIV grande: sopro é caracteristicamente menos intenso, decrescendo de intensidade e até desaparecendo (equalização de pressão em ambos os ventrículos) no 1/3 final da sístole. P2 é forte, com desdobramento estreito, mas detectável na maioria dos doentes. Geralmente, há S3 no ápex e sopro mesodiastólico de enchimento mitral.

Algumas crianças apresentam redução gradual do shunt, devido a diferentes causas:

  • Redução do tamanho do defeito (aumento da frequência e encurtamento do sopro com S2 normal).
  • Desenvolvimento da hipertrofia no trato de saída ventricular (aumento da intensidade do sopro, do tipo ejetivo, irradiação pra o bordo esternal esquerdo alto e P2 diminuído; se obstrução severa, há diminuição da intensidade do sopro e do shunt, podendo haver inversão do shunt e aparecimento de cianose).
  • Aumento da resistência vascular pulmonar (sopro diminui de intensidade e duração, pode se acompanhar de clique ejectivo, S2 estreito com aumento da intensidade de P2, e, por vezes, surge um sopro diastólico de insuficiência pulmonar e cianose, se shunt D-E).

Diagnóstico Diferencial

O diagnóstico diferencial da CIV inclui outras Cardiopatias Congénitas não cianóticas que se apresentam com sopro sistólico, como regurgitação tricúspide ou regurgitação mitral, estenose pulmonar, estenose aórtica.

Exames Complementares

Patologia Clínica

Sem alterações.

Imagiologia

a. Electrocardiograma

  • CIV pequena: ECG normal. À medida que aumenta o shunt E-D, surge sinais de dilatação da AE e VE por sobrecarga diastólica.
  • CIV moderada: Dilatação AE e VE, e também graus variáveis de dilatação VD com padrão típicos de hipertrofia biventricular nas CIV grandes.
  • Hipertensão pulmonar e estenose pulmonar: Hipertrofia biventricular que evolui progressivamente para Hipertrofia ventrículo direito (HVD).
  • Desvio esquerdo do eixo do QRS (rotação anti-horária no plano frontal): principalmente nas CIV de entrada.

b. Radiografia de tórax

  • CIV pequena: Tamanho da silhueta cardíaca normal, vascularização pulmonar normal.
  • CIV moderada-grande: Cardiomegalia variável à custa de cavidades esquerdas e VD, aumento da vascularização pulmonar e dilatação do TP.

A radiografia de tórax ajuda a excluir patologia pulmonar em crianças com insuficiência cardíaca sintomática.

Com o desenvolvimento de obstrução infundibular, há redução do shunt E-D e da vascularização pulmonar, mas a radiografia é pouco sensível.

Quando existe elevação marcada das resistências vasculares pulmonares (RVP), o tamanho da silhueta cardíaca é normal, o TP e ramos pulmonares são proeminentes e diminuiu vascularização pulmonar no 1/3 externo dos campos pulmonares. A radiografia de tórax não é sensível para a deteção de Hipertensão Pulmonar, persistindo os sinais do shunt E-D prévio.

c. Ecocardiograma

É a principal técnica diagnóstica perante a suspeita clínica de CIV. Na maioria dos casos de CIV não complicadas é o único estudo de imagem necessário, quer para controlo clínico quer na avaliação pré-operatória.

O ecocardiograma bidimensional com Doppler de cor permite determinar o número, tamanho e localização dos defeitos, a magnitude e características do shunt e as implicações funcionais deste.

A técnica de Doppler fornece informações do VD e da pressão arterial pulmonar, através do gradiente de pressão interventricular e/ou gradiente de regurgitação tricúspide (se existir). O diâmetro da AE e VE fornece informações indiretas sobre o volume do shunt. É também útil para detetar a presença de lesões associadas, tais como: anormalidades das válvulas atrioventricular, insuficiência aórtica, obstrução aos tratos de saída ventriculares ou coartação da Aorta.

Em casos com má janela transtorácica, pode ser necessário o ecocardiograma transesofágico (ETE). Este também é necessário na avaliação pré-oclusão com dispositivo por cateterismo cardíaco e orientação durante o procedimento. Contudo, atualmente, o uso em tempo real de ecocardiograma a 3D não é universal.

d. Cateterismo cardíaco

O cateterismo cardíaco permite determinar o tamanho, número e localização das CIV’s, avaliar a magnitude do shunt, medir a pressão da AP e estimar as RVP, e excluir lesões associadas. Quando as RVP são elevadas, permite avaliar a resposta a vasodilatadores pulmonares.

É um procedimento com riscos associados, devendo, por isso, só ser realizado para obter dados e informações não passiveis de ser obtidas por outros meios de diagnóstico. Atualmente, o ecocardiograma com estudo de doppler abrevia a necessidade de cateterismo na maioria dos doentes.

As principais indicações para cateterização são:

  1. Avaliação pré-operatória de grandes CIV e/ou múltiplas, com suspeita de patologia associada não passiveis de serem confirmadas por procedimentos não invasivos.
  2. CIV moderadas com indicação cirúrgica duvidosa;
  3. Doentes com hipertensão pulmonar e shunt E-D pequeno-moderado, para avaliar a resistência pulmonar e a possibilidade de tratamento cirúrgico;
  4. Oclusão da CIV com dispositivo por cateterismo cardíaco.

Tratamento

Evolução natural

As CIV membranosas e musculares podem diminuir de tamanho ao longo do tempo e em muitos casos encerrar espontaneamente, principalmente durante os 2 primeiros anos de vida, ainda que tal possa acontecer só na idade adulta. Por outro lado, as CIV duplamente relacionadas (infundibulares), as CIV de entrada e as CIV por mal alinhamento não encerram espontâneamente.

A percentagem total de encerramento espontâneo é de 30-35%, significativamente maior nas CIV musculares, geralmente, graças ao crescimento e à hipertrofia do músculo em torno da CIV. Muitas CIV Perimembranosas estão associadas ao Aneurisma do septo membranoso, que é formado, também por tecido septal, mas principalmente, por tecido da válvula tricúspide redundante adjacente a CIV, causando diminuição do defeito e até a sua oclusão total. Após o encerramento espontâneo da CIV, o doente pode ter alta da consulta, sem quaisquer tipos de precauções ou seguimento especial.

Um pequeno número de doentes (3-5%), principalmente com CIV infundibulares e alguns com CIV perimembranosas, desenvolvem insuficiência aórtica por prolapso da válvula aórtica. Este prolapso é progressivo e a válvula deformada pode encerrar parcialmente a CIV reduzindo o shunt E-D.

Os doentes com uma CIV pequena têm um excelente prognóstico, sendo que a grande maioria (95%) são assintomáticos. Ainda que baixo, há risco de algumas complicações, como: endocardite infeciosa, regurgitação aórtica, dilatação do ventrículo esquerdo e arritmias, requerendo, por isso, seguimento a longo prazo.

Os doentes com CIV moderadas apresentam um risco grande de desenvolver ICC nos primeiros 6 meses de vida. Estes doentes devem receber tratamento médico farmacológico, aguardando que haja uma redução da CIV e das suas repercussões. Se o lactente atingir os 6 meses de vida sem sinais de ICC e hipertensão pulmonar podem ser tratados de forma conservadora e, em muitos casos, nunca necessitar de qualquer tipo de intervenção. Aproximadamente 15-20% destes doentes, continuam a apresentar um shunt significativo, devendo, por isso, ser recomendado tratamento cirúrgico.

Doentes com CIV grandes apresentam uma morbi-mortalidade aumentada associadas à Insuficiência Cardíaca, Hipertensão Pulmonar e infeções respiratórias de repetição, devendo ser operado durante o 1º ano. Alguns desenvolvem estenose médio-ventricular importante, o que melhora a situação clínica, reduzindo o shunt, mas requerem a correção cirúrgica.

Quando não corrigidas, as CIV grandes condicionam Doença Vascular Pulmonar Obstrutiva, podendo inicialmente causar uma melhoria aparente (reduzindo o shunt E-D), mas uma vez estabelecida é progressiva, com inversão do shunt e a o aparecimento de cianose e deterioração clínica, com fadiga, policitemia e hemoptise, geralmente, desde a adolescência.

Tratamento médico

Crianças com CIV pequena não há indicação para tratamento médico nem cirúrgico.

Crianças com CIV moderada-grande que desenvolvem ICC tem indicação para tratamento médico, inicialmente com inibidores da enzima de conversão da angiotensina e diuréticos. O uso de digoxina é controverso, dado que a capacidade contrátil do VE é normal ou aumentada, mas associa-se em alguns estudos a melhoria sintomática e de parâmetros hemodinâmimcos. Geralmente, é usada em associação com vasodilatadores e diuréticos em casos muito sintomáticos. Em caso de tratamento combinado crônico deve periodicamente avaliar-se os níveis de potássio e digoxinémia.

Nos doentes com ICC grave, descompensada por intercorrências, o tratamento deve ser iniciado por via endovenosa.

O tratamento inicial para lactentes sintomáticos também deve incluir monitorização do estado nutricional completo, usando fórmulas de alto teor calórico quando a amamentação e/ou fórmulas normais são insuficientes. Por vezes, é necessário alimentação por sonda gástrica (por bólus, contínua ou nocturna).

Cirurgia

A melhoria dos resultados cirúrgicos em muitos centros, tem incentivado a correção cirúrgica precoce em caso de sintomatologia resistente ao tratamento. São indicações para a cirurgia: ICC descompensada, HTP, má evolução ponderal e /ou infecções respiratórias recorrentes.

As CIV grandes, mesmo assintomáticas, estão associadas a HTP no 1º ano de vida. Em doentes com pressão pulmonar normal, a cirurgia é recomendada quando a relação do fluxo pulmonar em relação ao fluxo sistémico (Qp / Qs) é maior do que 1,5-2, devendo os lactentes com melhoria com o tratamento médico ser operados entre 1 e 2 anos de idade e, eventualmente, mais tarde se assintomáticas. Em doentes com insuficiência aórtica o limiar para indicação cirúrgica é menor, uma vez que a correcção precoce pode evitar a progressão da mesma. Quando o diagnóstico é feito tardiamente, com as RVP elevadas, a decisão de operar é mais problemática, podendo condicionar até uma contra-indicação absoluta para a cirurgia.

Atualmente, a correção completa (encerramento direto da CIV) é o tratamento de eleição. A correção é realizada sob circulação extracorporal, sendo a via de acesso tradicional a ventriculotomia direita, tentando-se, atualmente, usar-se técnicas alternativas (transtricuspíde através átrio direito, transpulmonar ou transaórtica). Algumas CIV musculares apicais pode exigir ventriculotomia esquerda para implantação de um no lado esquerdo do septo. A cirurgia paliativa, que consiste na implantação de um banding da artéria pulmonar, é apenas efetuado caso existam outros fatores que dificultem a correção completa (CIV múltiplas, cavalgamento das Válvulas atrioventriculares, muito baixo peso ao nascer ou doença sistêmica grave de prognóstico desconhecido).

A mortalidade operatória total é inferior a 10%, cerca de 3% para o CIV única ou CIV com regurgitação aórtica associada em crianças mais do que um ano de idade. A mortalidade é superior nos lactentes e em CIV múltiplas.

Não há tratamento definitivo para doentes com doença vascular pulmonar obstrutiva já estabelecida, mas a melhoria no tratamento médico paliativo podem atrasar a sua progressão, sendo o transplante de coração-pulmão ser uma opção de tratamento em alguns casos.

Cateterismo cardíaco

O encerramento de CIV por cateterismo cardíaco é uma técnica promissora. Inicialmente, utilizava-se dispositivos concebidos para oclusão do canal arterial e comunicações inter-auriculares, sendo que, atualmente já estão disponíveis alguns desenhados especificamente para CIV’s musculares e perimembranosas. A principal limitação técnica é o peso dos doentes inferior a 6-10kg e o risco de lesão de estruturas próximas (válvulas AV ventricular sigmóide, nódulo atrioventricular). No momento, a sua utilização está em fase de aplicação clínica inicial.

Antibioterapia

NA.

Evolução

Após a correção cirúrgica, os resultados são excelentes, na maioria dos casos, com elevada sobrevida a longo prazo e qualidade de vida semelhante à da população em geral. A correção precoce está associada a melhores resultados, considerando a  regressão da hipertrofia e e normalização da função do VE. Os doentes submetidos a Ventriculotomia têm de longo prazo disfunção do VE.

Contudo, não é raro a existência de pequenos shunts residuais, tendo apenas 10% significado hemodinâmico.

O Bloqueio Atrioventricular (BAV) ocorre em cerca de 2-5% das crianças no pós-operatório, podendo ser transitória, devendo ser adiada implantação de um pacemaker permanente até a 2ª semana de pós-operatório. É frequente o bloqueio de ramo direito (BRD) do Feixe de His, causado pela ventriculotomia ou lesão direta, tendo  pouco significado clínico.

Podem também ocorrer arritmias supraventriculares ou ventriculares tardias no pós-operatório. O risco de morte súbita de causa cardíaca (MSC) é de 0,2 / 1000 doentes-ano.

Recomendações

A profilaxia endocardite infeciosa (PEI) pode ser suspensa 6 meses após a intervenção, a menos que haja defeitos residuais.

Em geral, os doentes com CIV pequena, sem repercussões não requerem avaliações pediátricas diferentes.  Os lactentes com shunts E-D significativo necessitam de monitorização frequente, nomeadamente de intercorrências como: bronquiolite, infeção respiratória, síndrome febril, gastroenterite, etc., as quais podem causar descompensação cardíaca.

A criança deve ser reavaliada por uma Cardiologista pediátrico mais precocemente do que o previsto caso surjam: novos sintomas  ou sinais clínicos (cianose, arritmias), alteração na auscultação pulmonar e cardíaca e o surgimento de novos sopros ou de arritmias no paciente. 

O esquema de vacinação é o estabelecido no Plano de Vacinação Nacional. Em pacientes com repercussão hemodinâmica recomendada-se: a vacinação contra a gripe (lactentes com mais de 6 meses), pneumocócica e varicela, bem como a profilaxia passiva contra o anticorpo monoclonal de vírus sincicial respiratório (VSR, palivizumab).

Bibliografia

  1. Concepción , P. Malo; Albert, B. Insa; “Protocolos Diagnósticos y Terapéuticos en Cardiología Pediátrica”, capitulo 5.
  2. Park, Myun K.; “Pediatric Cardiology for Practitioners”, 5ª Edition ( )
  3. Allen, Hugh D., et al; “Moss and Adams’ Heart Disease In Infants, Children, and Adolescents Including the Fetus and Young Adult”; 8ª edição (2013)

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