Oclusão intestinal
Introdução
Definição
Interrupção da progressão do conteúdo intestinal que pode ocorrer em qualquer zona do intestino.
Frequência
É um dos diagnósticos mais frequentes em recém-nascidos operados em hospitais. Também pode ocorrer em crianças mais velhas, mas não tão frequentemente e com outras causas diferentes das dos recém-nascidos.
Causa
Pode ocorrer por obstrucção do interior do intestino, geralmente por fezes duras (íleos meconial ou rolhão de mecónio), ou por uma verdadeira interrupção de parte do intestino, presente à nascença (atrésia intestinal ou malformação ano-rectal) ou que ocorre mais tarde, em crianças mais velhas (volvo intestinal, invaginação intestinal, hérnia inguinal encarcerada, bridas pós-operatórias). Ao contrário do que sucede em adultos, os tumores são causas muito raras de oclusão intestinal em crianças.
O intestino obstruído fica dilatado mais acima e não recebe irrigação sanguínea suficiente, pelo que entra progressivamente em sofrimento podendo ocorrer a sua perfuração. As bactérias existentes no sistema digestivo proliferam e espalham-se por todo o abdómen causando uma infecção grave conhecida por peritonite.
Sinais e sintomas
Os sintomas típicos da oclusão intestinal são: dor de barriga, vómitos e ausência de dejecções ou de saída de gases.
A dor de barriga, inicialmente, é tipo cólica, intensa, com períodos de acalmia e, à medida que a doença progride, torna-se constante, já sem a característica de cólica.
Os vómitos começam por ser os alimentos que a criança comeu, depois tornam-se amarelo-esverdeados e, quando a doença está já mais avançada, os vómitos são castanhos e com mau cheiro.
Geralmente a barriga fica grande e não saem fezes nem gases.
Quando um recém-nascido não evacua nas primeiras 48 horas de vida é um forte indício de oclusão intestinal. No entanto, os prematuros são excepção, uma vez que podem não evacuar nas primeiras 48 horas de vida, sem que isso signifique que estejam em oclusão.
A criança pode ainda ter dificuldade em respirar devido ao enorme volume da barriga, principalmente em recém-nascidos ou crianças mais jovens.
O estado geral da criança com oclusão vai-se agravando ao longo do tempo, com diminuição da actividade física, sem apetite e com sensação de doença grave, mantendo-se por fim num estado de prostração, sem reagir aos estímulos dos familiares.
Se a criança já fez uma cirurgia à barriga anteriormente, por exemplo por apendicite, é muito importante referir isso ao profissional de saúde que a observar, porque as bridas pós-operatórias (aderências entre diferentes zonas do intestino) podem ser a causa da oclusão intestinal.
O que fazer
Se se trata de um recém-nascido, os sintomas geralmente surgem ainda durante o período de estadia na maternidade e são os profissionais de saúde que primeiro suspeitam da existência desta situação.
Se ocorre depois do bebé ter alta da maternidade ou em crianças mais velhas, são os pais que notam os sintomas.
Qualquer criança com dor de barriga tipo cólica, vómitos, barriga grande e que não evacua deve ser observada por um profissional de saúde rapidamente.
A oclusão intestinal é uma situação grave, que põe em risco a vida da criança, e será necessário internamento hospitalar e exames para saber qual a causa da oclusão em cada caso específico e qual a melhor forma de a resolver.
Tratamento
Quando se confirma o diagnóstico de oclusão intestinal, é sempre necessário ficar sem comer ou beber, porque os alimentos não passam e só provocariam mais distensão do intestino, e administrar líquidos directamente numa veia (colocar um soro) para a criança não desidratar, uma vez que vomita e não consegue alimentar-se. Depois é também necessário colocar um tubo através do nariz que vai directamente ao estômago (sonda nasogástrica) para ajudar a esvaziar o intestino cheio com o conteúdo que não passa devido à oclusão.
Dependendo da causa da oclusão intestinal, será ou não necessária uma cirurgia.
Quando não é necessária cirurgia, por exemplo no caso de uma hérnia inguinal encarcerada ou uma invaginação intestinal que se conseguem resolver sem intervenção cirúrgica, a criança deve permanecer umas horas em observação, iniciar alimentação e avaliar se as dores passaram, já não vomita e tem dejecções.
No caso de ser proposta a realização de uma cirurgia, o seu objectivo será sempre o alívio da obstrução intestinal e o restabelecimento do trânsito intestinal. Pode ser necessário retirar parte do intestino, se este já estiver em muito mau estado ou perfurado. Quando a criança tem mau estado geral ou houve perfuração intestinal, o cirurgião pode decidir fazer um estoma (exteriorização de uma porção do intestino na parede abdominal), de modo a permitir a saída das fezes. Esta abertura será posteriormente encerrada com outra cirurgia, quando a criança estiver melhor.
Evolução / Prognóstico
O prognóstico depende da causa da oclusão, da idade da criança e do estado geral desta.
De uma forma geral, se há necessidade de intervenção cirúrgica, a duração do internamento e as complicações serão maiores. Se não for necessário retirar intestino, o prognóstico é bom, dependendo embora da causa da oclusão intestinal, o internamento hospitalar será de 2 a 3 dias e as complicações são raras.
Se a cirurgia inclui retirar parte do intestino, isso aumenta o tempo de internamento e a taxa de complicações. Neste caso será necessário manter o tubo no nariz nos primeiros 2 a 5 dias de pós-operatório em que a criança terá de ficar sem se alimentar e ser medicado com antibióticos para prevenir as infecções.
Se for necessário retirar muito intestino pode ser difícil absorver os nutrientes da alimentação e resultar uma situação complicada conhecida como síndrome de má absorção, com necessidade de internamento hospitalar de longa duração e suplementos alimentares para o resto da vida.
Prevenção / Recomendações
A oclusão intestinal, se não for tratada, leva à perfuração e infecção generalizada, por isso o atraso no diagnóstico pode fazer toda a diferença entre uma boa evolução e uma situação já muito adiantada em que é necessário retirar intestino, com muito mais complicações associadas.
Por isso é importante recorrer rapidamente à ajuda dos profissionais de saúde no início dos sintomas e não esperar que a situação evolua para algo muito mais grave.
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