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Introdução

As provas de provocação oral (PPO) são o método de referência para o diagnóstico de alergia alimentar. Também são realizadas na suspeita de alergia a fármacos, podendo ser realizadas em qualquer idade.

Existem três tipos de provas: aberta (o doente e quem realiza a prova sabe o produto que está a ser administrado), simples cego (o doente não sabe qual o produto testado) e duplo cego controlada por placebo (apenas uma terceira pessoa sabe o produto a ser testado). A geralmente utilizada é a do tipo aberta.

Objetivos:

Confirmar uma possível alergia, expondo a criança ao alimento/fármaco suspeito da criança ser alérgica.

Determinar se uma alergia persiste ou foi resolvida (aquisição de tolerância).

História Clínica

Preparação da Prova

Antes do início da prova, a equipa médica deverá observar a criança de forma a avaliar se existem condições clinicas para proceder ao início da mesma.

Se a criança estiver doente (exemplo: infecção respiratória, gastroenterite aguda) ou se a sua patologia de base se encontrar agudizada (por causa infecciosa, alérgica, cardiovascular ou outras) a prova não deverá ser realizada.

No caso de crianças com asma, é importante relembrar que a mesma deverá estar controlada com a medicação de base e não deverão existir exacerbações recentes da doença.

Os pacientes devem evitar os alimentos suspeitos pelo menos duas semanas antes da PPO (no caso da suspeita de alergia mediada por IgE) ou várias semanas (no caso das suspeitas de reacções não mediadas por IgE).

Os anti-histamínicos, beta-agonistas e os bloqueadores beta-adrenérgicos (incluindo os colírios), deverão ser suspensos uma semana antes da realização da prova, pois podem alterar o resultado final ou interferir no tratamento de uma reacção.

É imperativo a realização de um consentimento informado, devidamente assinado pelo profissional de saúde e pelo doente e/ou pelo seu representante legal. Antes da realização da PPO deverá sempre ser confirmado que o consentimento informado foi realizado e assinado e que os pais estão informados dos riscos da prova.

Os pais/representantes legais podem no dia da prova, levar vídeos, jogos ou outras distracções para ocupar o tempo das crianças.

A prova não exige jejum mas é importante relembrar que, em caso das PPO a alimentos, o pequeno-almoço deverá ser ligeiro para não reduzir o apetite e impedir a realização da prova até ao fim.

Antes da prova ser iniciada, poderá ser colocado um cateter endovenoso, sobretudo em crianças de maior risco como, por exemplo com síndrome de enterocolite induzida por proteínas alimentares (FPIES), pelo risco de hipotensão após a reexposição aos alimentos, permitindo assim uma rápida actuação.

Exames Complementares

Procedimento

A prova é realizada em ambiente hospitalar em locais com acessibilidade rápida a medicação de emergência caso seja necessária. Habitualmente são realizadas em hospital de dia e deverá sempre existir preparação prévia da medicação necessária em caso de uma reacção alérgica. As doses dos fármacos deverão estar calculadas previamente à realização da prova. 

Durante a prova estará disponível um/a enfermeira para a vigilância clínica (sintomas cardio-respiratórios, dermatológicos e gastrointestinais) e monitorização dos sinais vitais que serão avaliados ao longo da prova; um médico estará presente sempre que necessário.

A prova inicia-se expondo o doente ao alergénio em estudo. A administração do alergénio poderá ocorrer por via oral no caso da alergia alimentar ou por via oral, endovenosa ou intramuscular no caso da suspeita de alergia a alguns fármacos.

Em cada prova é testado apenas um possível alimento/fármaco que cause alergia (em caso de alergia múltipla deverão ser realizadas diferentes provas).

Alguns autores sugerem que para a maioria dos alimentos deverá ser realizado um contacto labial durante 2 minutos e posterior observação durante os 30 minutos seguintes, antes do início da prova.

A prova deverá ser iniciada com doses baixas o suficiente para não desencadear uma reacção e esta deverá ser aumentada de forma gradual e progressiva, com intervalos entre 15/30 minutos até 2 horas de forma a alcançar uma dose cumulativa final equivalente à quantidade ingerida numa refeição normal ou uma dose de uma toma habitual do fármaco.

A Academia Europeia de Alergologia e Imunologia Clínica propôs doses inicias (com base no peso das proteínas ou do volume líquido) para alguns alimentos (exemplo: amendoim 0,1 mg, leite 0,1 ml, ovo 1 mg, bacalhau 5 mg, trigo 100 mg, soja 1 mg, camarão 5 mg, avelã 0,1 mg).

As PPO’s tem duração de várias horas, sendo a duração média de 6h.

Após a administração da última toma, o doente deverá ficar um período de vigilância que poderá variar entre 2h a 6h ou superior, se a história clínica assim o justificar. É importante relembrar que no casos de suspeita de alergia a fármacos, por vezes ocorrem reacções tardias, ou seja, os sintomas surgem vários dias após o início da toma. Nestes casos o doente deverá continuar a toma do fármaco durante os dias subsequentes, no seu domicílio, tentando mimetizar a reacção prévia. (Exemplo: se um doente reagiu em D4 de antibioterapia, a duração da prova deverá ser no mínimo 4 dias)

Uma prova negativa, ou seja, uma prova que decorre sem existir uma reacção alérgica, exclui a suspeita. Nesse caso o alimento testado deve ser incluído na dieta em doses crescentes no domicílio.

Se a prova for positiva, deverá ser interrompida de forma imediata e, em caso de necessidade, será administrada medicação necessária para tratar a reacção alérgica.

Recomendações

Riscos

A decisão de realizar uma PPO é feita após uma avaliação do risco/beneficio pelo médico. A taxa e a gravidade das reacções durante a PPO dependem de muitos factores, como por exemplo, o resultado da IgE especifica e/ou testes cutâneos.

A maioria das reacções que ocorrem durante as PPO`s são ligeiras e não comprometem a vida do doente (por exemplo: urticária, agravamento de dermatite atópica). Contudo, é importante relembrar que existe risco de reacções graves como a anafilaxia pelo que, a PPO esta deverá ser realizada em ambiente hospitalar. As reacções poderão ocorrer devido apenas à dose testada nesse momento ou ao efeito cumulativo das doses anteriores.

Após a PPO

No final da PPO será fornecida e explicada ao doente uma folha com o resultado final da prova e com as instruções em caso de reação no domicílio, bem como os sinais de alarme que deverão motivar a observação imediata por um médico.

Em caso de reacção tardia, esta deverá ser comunicada ao médico assistente ou observada imediatamente em caso de reacção grave.

É importante informar os pais de que as crianças não deverão comer mais do alimento testado no dia da prova. Em caso de não existir nenhum sintoma tardio, o alimento deverá ser adicionado à dieta.

Bibliografia

  1. http://pacientes.seicap.es/es/pruebas-de-exposici%C3%B3n-provocaci%C3%B…
  2. Sicherer, Scott H. Oral food challenges for diagnosis and management of food allergies.Uptodate.2019. Disponível em: . Acesso em: 07/10/2020

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