Introdução
Definição
A Loíase, também conhecida por Loa loa, é causada pelo parasita Loa loa.
Outras designações: verme africano do olho ou verme tropical do olho.
Epidemiologia
É endémica nas florestas tropicais da África Ocidental e Central.
Tem como vector as fêmeas da mosca vermelha, Chrysops spp (também conhecida por mosca do cavalo, mosca do veado ou mosca tabanidea) que, através da picada ao hospedeiro, a adquirem e transmitem enquanto fazem a sua refeição de sangue.
Dentro do hospedeiro as microfilárias evoluem para verme adulto
O período de incubação varia de 4 meses a anos.
O verme adulto pode viver mais que uma década no ser humano e dar origem a sucessivas gerações de microfilárias.
História Clínica
Anamnese e exame objectivo
A maior parte dos infectados nativos e residindo permanentemente nas zonas onde a doença é endémica não apresenta qualquer sintomatologia. Os viajantes e expatriados são mais propensos à forte reação imune e manifestações clínicas. Os primeiros sintomas são prurido, dor, parestesia e sensação de picada no local da penetração das microfilárias que, uma vez dentro do hospedeiro, evoluem para verme adulto. Segue-se edema transitório, conhecido por edema de Calabar, que pode ser observado durante dias a semanas, resultante da reacção imune à presença dos vermes adultos que entretanto migraram para o tecido subcutâneo ou camadas mais profundas. O edema é solitário e geralmente encontrado na face e nas extremidades, à volta das articulações. Por vezes os vermes adultos são observados nos olhos, durante curtos períodos do dia, através das conjuntivas, e podem causar conjuntivite. Esta observação, por si só, em indivíduo residente em zona endémica, faz o diagnóstico.
Diagnóstico Diferencial
O diagnóstico diferencial deve ser feito com a oncocercose e filaríase linfática.
Exames Complementares
Patologia Clínica
A pesquisa do parasita no sangue periférico ou tecido subcutâneo confirma o diagnóstico.
O sangue periférico deve ser colhido para análise entre as 10 e às 14 horas.
Exame do tecido subcutâneo.
Tratamento
O tratamento médico é feito com dietilcarbamazina, administrar após as refeições segundo o esquema:
- Dia 1: 1 mg / kg, 1 x / dia
- Dia 2: 1 mg / Kg, 2 x / dia
- Dia 3: 2 mg / Kg, 2 x / dia
- Dias 4 a 21: 2-3 mg / kg, 3 x / dia.
A presença de muitas microfilárias mortas pode causar meningoencefalite. Por esta razão, nos indivíduos com alta microfilarémia, torna-se necessário iniciar a terapêutica com dietilcarbamazina em doses mais baixas e associar prednisolona, 1 mg / kg / dia, nos 3 primeiros dias de tratamento.
Antes de iniciar terapêutica com dietilcarbamazina convém pesquisar eventual infecção simultânea com a Oncocerca volvulus. Este último parasita desencadeia forte reacção imune face à dietilcarbamazina (reacção de Mazzotti - caracterizada por febre, exantema, agravamento das lesões oculares, mialgias, artralgias, dificuldade respiratória e colapso circulatório). A presença de Oncocerca volvulus obriga à administração de 1 dose oral de ivermectina, 150 mcg / kg, antes de iniciar tratamento com dietilcarbamazina.
Evolução
Com a evolução a infecção por Loa loa pode causar linfadenopatia, cardiomiopatia, fibrose endomiocárdica, encefalopatia, neuropatia periférica, artrite, derrame pleural, hidrocelo e migração dos vermes adultos para as mamas e para o pénis.
Recomendações
A prevenção passa por:
- Protecção contra a picada das moscas vectoras, através do uso de calças e camisas de mangas compridas, de cor clara e impregnadas de repelentes adequados, ex. permetrina ou DEET.
- Administração profiláctica de dietilcarbamazina aos viajantes que vão permanecer, por um período prolongado, nas regiões endémicas da Loa loa – 300 mg / semana.
- Interrupção do ciclo infeccioso tratando em massa, com dietilcarbamazina, 300 mg / semana, os habitantes de regiões fortemente endémicas.
- Não construir, nas regiões endémicas, habitações nas zonas limítrofes às florestas e aos pântanos.
- Evitar picada das moscas vectoras – algo muito difícil porque estas geralmente actuam ao ar livre e à luz do sol (excepção para uma das suas espécies, a Crysops silacea, que é activa no interior das casas) e têm vários habitats – pastagens, florestas, savanas e pântanos.
Bibliografia
- Davidson R, Brent A, Seale A. Oxford Handbook of Tropical Medicine 4th edition. Oxford University Press, 2014.
- Kwan-Gett TSH, Kemp C, Kovarik C. Infectious and Tropical Diseases 1th edition. Mosby Elsevier, 2006.
- Mathews PC. Tropical Medicine Notebook 1th edition. Oxford University Press, 2017.
- .Torok E, Moran E, Cooke F. Infectious Diseases and Microbiology 2nd edition. Oxford University Press, 2017.
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