Endometriose na adolescência
Introdução
Definição
A endometriose caracteriza-se pela presença de células do endométrio (revestimento interno do útero e cuja descamação regular origina a menstruação) noutra localização que não a cavidade uterina. É uma doença hormono-dependente, crónica e geralmente beningna.
Frequência
Afeta cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva, de qualquer etnia ou grupo social. Está descrita como responsável em cerca de 25-38% pela dor pélvica crónica em adolescentes. Raramente, pode aparecer antes da puberdade.
Causa
Existem várias teorias que tentam explicar o seu aparecimento, não sendo consensual a sua etiologia. Uma delas é a Teoria da Menstruação Retrógrada que diz que existe sangue menstrual que reflui pelas trompas uterinas e se deposita na cavidade pélvica.
Sinais e sintomas
As adolescentes com endometriose geralmente apresentam dor cíclica (dor pélvica durante o peíodo menstrual intensa e progressiva) e não cíclica. Podem estar presentes outros sintomas habitualmente cíclicos, como sintomas intestinais (por exemplo, dor retal, obstipação, defecação dolorosa e retorragia) e sintomas urinários (por exemplo, dor ao urinar e sangue na urina).
Outro tipo de sintomas como dor durante as relações sexuais ou presença de infertilidade são menos comuns em adolescentes.
Existem casos em que não é percebido nenhum sintoma.
O que fazer
Perante uma adolescente com dor menstrual intensa, deve ser admnistrada medicação analgésica, de preferência com anti-inflamatórios não esteróides. Deverá consultar o médico assistente para este avaliar o caso e encaminhar para consulta de especialidade de Ginecologia se necessário.
O diagnóstico precoce e o tratamento da endometriose ajudam a atrasar a progressão e a diminuir os efeitos adversos a longo prazo da doença (dor crónica, quistos de endometriose nos ovários, infertilidade), melhorando a qualidade de vida de adolescentes e mulheres com esta doença.
Tratamento
Existem vários tipos de tratamento disponíveis. Os de primeira linha são farmacológicos e têm como objetivo o controlo dos principais sintomas (dor pélvica), como por exemplo anti-inflamatórios não esteróides ou analgésicos.
Podem também ser utilizados contracetivos hormonais em comprimidos (vulgar “pílula”), adesivos transdérmicos, anel vaginal ou dispositivos intra-uterinos, com o objetivo de diminuir a quantidade de fluxo menstrual e assim diminuir a dor. Muitas vezes estes podem ser prescritos de forma contínua por forma a não haver “menstruação” e assim minimizar os sintomas que ocorrem no período menstrual.
Muito raramente, poderá ser necessário outro tipo de tratamento em adolescentes com endometriose. Em casos muito graves é realizado tratamento para diminuir os níveis de estrogénio e progesterona (agonistas GnRH ou inibidores da aromatase), ou tratamento cirúrgico, de preferência laparoscópico ou minimamente invasivo, para destruir focos de endometriose presentes em adolescentes que mantém queixas apesar do tratamento com contracetivos.
Evolução / Prognóstico
A maioria das adolescentes com endometriose conseguem controlar a doença, muitas vezes sem nenhum sintoma e com boa qualidade de vida. Em casos mais graves pode ser necessário a realização de cirurgia seguida de tratamento médico, com bons resultados.
A longo prazo, estas adolescentes podem no seu futuro apresentar dificuldades em engravidar e devem aconselhadas por especialistas na área da reprodução. Após o fim da idade reprodutiva (menopausa), os sintomas e os focos de doença que possam existir vão diminuir, até ao seu total desaparecimento.
Prevenção / Recomendações
A endometriose não pode ser prevenida, visto não se saber exatamente a sua causa. O diagnostico precoce é importante, no sentido de diminuir a extensão da doença e possíveis efeitos que possam alterar a qualidade de vida a longo prazo.
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