Estrófulo
Introdução
Definição
O estrófulo, prurigo estrófulo ou “prurigo simplex acuta infantum” (Brocq), ou ainda, por vezes, designado de acaríase, caracteriza-se por surtos de máculo-pápulas eritematosas muito pruriginosas, que ocasionalmente têm vesícula associada, com afecção preferencial por certas áreas, como punhos, cintura pélvica e pernas.
O prurigo estrófulo representa uma hipersensibilidade celular retardada a parasitas do meio ambiente, sobretudo a ácaros, quer os ácaros que habitualmente estão nos colchões (Dermatophagoides pteronyssinus), ácaros dos gatos e dos cães ou da relva, invisíveis a olho nu. Para além dos ectoparasitas, os artrópodes e os insectos também podem causar prurigo estrófulo.
Entre os factores predisponentes, salienta-se a atopia. É mais frequente no final da Primavera e no Verão (pela sazonalidade do vector).
Epidemiologia
Afecta principalmente crianças entre os 2 e os 7 anos de idade.
História Clínica
Anamnese, exame
O diagnóstico é clínico e assenta na história da doença actual e no exame objectivo. Caracteriza-se pelo aparecimento de máculo-pápulas intensamente pruriginosas, frequentemente com vesícula central, por vezes bolhosas, que podem ser da cor da pele ou eritematosas.
As lesões individuais podem ter um halo eritematoso. Em alguns casos mais atípicos podem surgir lesões pseudo-urticariformes, que rapidamente se cobrem de crostas e escoriações auto-induzidas. Ocasionalmente existe sobre-infecção, observando-se pápulo-pústulas
Diagnóstico Diferencial
Entram no diagnóstico diferencial as infestações (como por exemplo escabiose), as doenças inflamatórias (como por exemplo doenças bolhosas ou mastocitose), infecções (foliculite, varicela), entre outras.
Exames Complementares
Não estão habitualmente indicados. Nos casos de dúvida diagnóstica, a realização de biópsia cutânea pode esclarecer.
Tratamento
Para o controlo dos surtos é importante tentar eliminar o agente, apesar de difícil. As medidas gerais devem incluir a diminuição da exposição aos ácaros do ambiente doméstico (evicção de tapetes, cobertores, peluches, etc.). Caso haja suspeita de parasitismo animal, deve ser promovida a sua desinfestação.
Como se trata de uma reacção de hipersensibilidade retardada, os parasitas não permanecem na pele, por isso os tratamentos acaricidas não demonstraram eficácia no tratamento do prurigo estrófulo.
A abordagem terapêutica é sintomática e consiste em tentar aliviar o prurido com anti-histamínicos anti-H1, preferencialmente não-sedativos de segunda geração (cetirizina, levocetirizina, loratadina, desloratadina, ebastina, bilastina e outros), com menor efeito sedativo que os anti-H1 clássicos.
Podem ser utilizados corticóides tópicos de potência baixa ou moderada, mas em casos excepcionalmente graves pode ser necessário instituir ciclos curtos de corticoterapia sistémica.
Devem também ser promovidas medidas de carácter geral, tais como banho com água morna com produtos neutros, a utilização de cremes emolientes, o corte adequado das unhas de modo a evitar a sobre-infecção por coceira, e por vezes a utilização de soluções antissépticas. Nas situações de sobre-infecção a primeira abordagem consiste na antibioterapia tópica, sendo excepcional a necessidade de antibioterapia sistémica.
Não se devem utilizar anti-histamínicos tópicos.
Nas zonas com mosquitos convém usar repelentes de insectos nas crianças mais velhas.
Evolução
É habitualmente uma situação autolimitada e benigna, mas podem ocorrer surtos episódicos durante vários anos, e habitualmente com carácter sazonal. Com a idade os surtos tendem a ser menos frequentes e mais atenuados. Contudo, os sintomas associados podem ser atenuados com uma abordagem terapêutica adequada.
Um dos riscos, particularmente nos fototipos altos, são as cicatrizes hiperpigmentadas residuais.
Recomendações
Devem ser tomadas medidas gerais, tal como acima referido, que promovam a diminuição da exposição aos ácaros do ambiente doméstico (evicção de tapetes, cobertores, peluches, etc.).
Nas crises devem ser evitados os factores que possam agravar/piorar o prurido, mas também medidas que evitem a sobre-infecção.
Bibliografia
Deseja sugerir alguma alteração para este tema?
Existe algum tema que queira ver na Pedipedia - Enciclopédia Online?