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Introdução

A reanimação do recém-nascido (RN) deve guiar-se pelas normas do ILCOR (International Liaison Committee on Ressuscitation) (1) e da AAP (2).

Cerca 6 a 10% dos RN necessitam de ajuda ao nascer, mas

Os RN com IG (idade gestacional)

O algoritmo de reanimação neonatal actualmente recomendado pelo European Ressuscitation Council é o seguinte:

Cada etapa tem duração de 30”. 

Após esses 30” devem ser avaliados:

  • FC
  • Respiração
  • SpO2 (Cor)

Com esses parâmetros é decidida a progressão ou retrocesso na reanimação.

Tratamento

Equipamento necessário para a reanimação neonatal

  1. Relógio, fonte de calor, panos aquecidos, saco de polietileno e colchão térmico
  2. Sondas de aspiração (Fr 6, 8,10,12)  
  3. TET para aspiração de mecónio e TET (nº 2; 2,5; 3; 3,5; 4 mm) 
sem cuff.
  4. Insuflador auto-insuflável com válvula limitadora de pressão. Volumes de 250, 500 e 750 mL Máscaras anatómicas e transparentes.
  5. Dispositivo para VPP de pressão controlada com peça em T.
  6. Misturadora de ar comprimido e oxigénio
  7. Laringoscópio e lâminas rectas 00, 0 e 1.
  8. Máscara Laríngea, tamanho 1 para RN com IG> 34 semanas e/ou peso> 2000g
  9. Pinça de Magyll, adesivo
  10. Oxímetro de pulso, estetoscópio, capnógrafo
  11. Agulhas intra-ósseas e cateteres umbilicais
  12. Adrenalina, soro fisiológico, glicose

Princípios gerais

  1. No RN de termo é preferível iniciar a reanimação com ar ambiente (FiO2 21%) do que com FiO2 a 100%;
  2. A concentração de O2 a administrar deve ser regulada por misturador de O2 e ar comprimido e orientada por oximetria de pulso avaliada no membro superior direito;
  3. A hipotermia induzida deve ser considerada, nos RN de termo ou quase termo (IG ≥ 36 semanas), com encefalopatia hipóxico-isquémica moderada ou grave
  4. Deve ser considerada a suspensão das manobras de reanimação, na ausência de batimentos cardíacos (assistolia) após 10 min de reanimação completa;
  5. No RN que não necessita de ser reanimado a clampagem do cordão umbilical deve ocorrer ao fim do 1º min.

Controlo da temperatura

  • Colocar o RN sob fonte de calor e limpar com lençóis aquecidos.
  • No RN prematuro manter a temperatura ambiente a 26º C, ligando o irradiador, utilizar lençóis aquecidos e removê-los quando saturados.
  • No RN com IG
  • Colocar touca e transportar o RN em incubadora aquecida.

ABCD da Reanimação Neonatal

A – VIA AÉREA

Colocar o RN com a cabeça em posição neutra.

Aspirar, se necessário, primeiro a boca e depois o nariz e estimular.

Se líquido amniótico meconial:

  1. Vigoroso - FC> 100 bpm, respiração eficaz e tónus adequado, iniciar os primeiros passos como nos restantes RN
  2. Não vigoroso - não estimule o RN. A prioridade será a ventilação e a aspiração endotraqueal de mecónio deverá ser realizada se este for obstrutivo. Não atrasar a ventilação se for inexperiente.
B – VENTILAÇÃO

Se após os primeiros passos o RN não respira, respira de forma irregular e/ou apresenta FC

1. VPP: Ventilar com 40 a 60 cpm e pressão para obter expansão pulmonar.

Com peça em T utilize uma PIP de 25 cmH2O (RN termo), com limitação de pressão a 30 cmH2O e uma PEEP de 4 a 5 cmH2O.

2. INTUBAÇÃO ENDOTRAQUEAL:

  • Aspiração de mecónio se obstrutivo
  • VPP prolongada ou ineficaz
  • Administração de adrenalina
  • Hérnia diafragmática

3. OXIGÉNIO: A concentração de O2 deve ser a necessária para obter uma SpO2 60%, 70%, 80%, 85% e 90% respectivamente aos 2, 3, 4, 5 e 10 minutos.

Ao utilizar a peça em T e para que consiga administrar O2 de 21 a 100%, conectar a um misturador de ar comprimido com O2.

Ao utilizar um insuflador auto-insuflável, iniciar com ar ambiente e caso não ocorra melhoria da SpO2 ou a FC for 5 L/min) e posteriormente para FiO2 de 1 (insuflador auto-insuflável com concentrador e com aporte de O2 > 5 L/min).

C – CIRCULAÇÃO

Se a FC

Se possível usar sensores de ECG para monitorizar a FC.

As compressões torácicas são realizadas sobre o esterno, abaixo da linha intermamilar, exercer pressão para deprimir 1/3 do diâmetro do tórax.

Sincronize a VPP com as compressões torácicas (3:1).

Podem ser utilizadas 2 técnicas:

1. Técnica dos polegares ou do abraço: abraçando o tórax do RN e utilizando os polegares para deprimir o tórax.

2. Técnica dos dois dedos: utilize o dedo médio e indicador da mão direita para comprimir o esterno, permite que o mesmo reanimador controle a circulação e a ventilação.

D – MEDICAÇÃO

Se a FC

A via preferencial é o CVU.

Se difícil, não atrasar a sua administração, utilizar a via ET ou IO.

Fármacos

1. Adrenalina (1:10 000).

  • Misture 1 ml da ampola de adrenalina (diluição 1:1 000) com 9 ml de SF.
  • Dose recomendada:
  • EV: 0.1 to 0.3 mL/kg da diluição 1:10 000
  • ET: 0,5 a 1 mL/kg da diluição 1:10 000.
  • Após a administração EV administre “flush” de SF.
  • Pode repetir após 3 a 5 min.

2. Expansor de Volume: se não houver resposta após adrenalina ou houver suspeita de hipovolémia.

  • Usar: SF, Lactato de Ringer, Sangue 0 Rh negativo na dose de 10 mL/kg.
  • Repetir a cada 3-5 min.

3. Naloxona: não recomendado por rotina. Apenas na suspeita de apneia por uso de anestésicos / analgésicos opióides.

4. Glicose: Infusão de soros de manutenção com glicose logo que possível.

5. Se após 10 minutos de reanimação adequada não houver resposta deve interromper a reanimação.Não é recomendada por rotina a administração de bicarbonato na sala de partos.

Particularidades no recém-nascido pré-termo

1. VPP
  • No RN pré-termo ventilar com peça em T. 
  • Utilizar PIP de 20 cmH2O e PEEP de 4 a 6 cm H2O, permitindo efectuar CPAP precoce.
  • Caso não disponha deste dispositivo, utilizar um insuflador auto-insuflável (250/500 ml) com válvula de escape com pressão de insuflação mínima.
2. OXIGÉNIO
  • É recomendado o uso de misturadora de ar comprimido com O2. Administrar o O2 mínimo iniciando FiO2 a 0.3-0.4 de modo a obter uma SpO2 pré-ductal entre 85-95% após os 10 primeiros minutos.
3. SURFACTANTE

O uso profiláctico deverá ser efectuado de acordo com o protocolo e experiência de cada centro.

Casos especiais

  1. Atrésia das choanas: Ultrapassar com um tubo orofaríngeo ou TET.
  2. Defeito da parede abdominal: Contra-indicado CVU. Proteger o defeito com invólucro próprio ou compressas esterilizadas, húmidas e aquecidas e colocar uma sonda orogástrica.
  3. Defeito do tubo neural: Proteger através de compressas esterilizadas.
  4. Hérnia diafragmática: TET electivo e VPP e colocar uma SOG.
  5. Pneumotórax: A drenagem é uma emergência e deve ser realizada com agulha.
  6. Asfixia: Iniciar hipotermia passiva até esclarecimento sobre critérios para hipotermia induzida

Bibliografia

  1. Myra H. Wyckoff, Khalid Aziz, Marilyn B. Escobedo, Vishal S. Kapadia, John Kattwinkel, Jeffrey M. Perlman, Wendy M. Simon, Gary M. Weiner and Jeanette G. Zaichkin, Part 13: Neonatal Resuscitation, Circulation. 2015;132 [suppl 2]:S543–S560
  2. Wyllie J, Bruinenberg J, Roehr CC, Rüdiger M, Trevisanuto D, Urlesberger B.European Resuscitation Council Guidelines for Resuscitation 2015: Section 7. Resuscitation and support of transition of babies at birth. Resuscitation. 2015 Oct; 95:249-63. doi: 10.1016/j.resuscitation.2015.07.029.

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