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Introdução

Definição

Doença provocada pelos vermes Ancylostoma duodenale e Necator americanus.

Epidemiologia

Predomina na África, Ásia, América Central e do Sul e no sul da Europa

As larvas dos seus agentes, com habitat no solo, têm preferência por locais quentes, húmidos e sombrios. Têm origem nos ovos das fezes expelidas por seres humanos contaminados.

Entram no corpo humano, geralmente, por via cutânea e, após entrada na circulação, atingem os pulmões. Neste órgão, penetram nos alvéolos e passam sucessivamente para a traqueia, esófago, estômago e, finalmente, penetram na mucosa do intestino delgado onde evoluem para a fase adulta e provocam lesões. A infecção pode ocorrer também por outras vias: ingestão, incluindo de leite materno, e por via transplacentar.

Os vermes adultos, que podem viver vários anos no intestino, vão produzindo ovos que são eliminados pelas fezes e perpetuam o ciclo de transmissão se não houver tratamento.

O período de incubação é de duas a várias semanas.

O número de infectados através no mundo ultrapassa os 500 milhões.  

História Clínica

Exantema pruriginoso no local da penetração, que pode ser infectado secundariamente por bactérias, pode ser a primeira manifestação.

Alguns pacientes apresentam tosse e dificuldade respiratória durante a passagem das larvas pelos pulmões.

Na fase crónica, em que as lesões da mucosa intestinal vão condicionando perda de sangue e de proteínas, surgem os sintomas e sinais de anemia e de hipoalbuminemia: fadiga, anorexia, dispneia, dor e desconforto abdominal, náuseas, vómitos, diarreia ou obstipação, palidez, edema generalizado e sopro cardíaco. Nos lactentes pode haver hemorragia gastrointestinal massiva.

Os naturais e residentes permanentes em regiões endémicas, quando infectados, nem sempre apresentam sintomatologia. Os expatriados e visitantes são os mais vulneráveis.

Indivíduos com baixa resposta imunitária são os mais propensos à infecção e reinfecções.

Diagnóstico Diferencial

Doenças que causam dor abdominal:

  • Úlcera duodenal
  • Pancreatite

Doenças que causam eosinofilia:

  • Estrongiloidíase
  • Schistosomíase

Doenças que causam anemia microcítica e hipocrómica

Doenças que causam hipoproteinemia / edema generalizado:

  • Síndrome nefrótico
  • Kwashiorkor

Diagnóstico

Presença de ovos no exame microscópico das fezes dá o diagnóstico; convém fazer colheita de fezes pelo menos 3 dias porque pode haver falsos negativos.

PCR

Hemograma - anemia e ligeira eosinofilia.

Proteinograma – hipoalbuminemia. 

Tratamento

  • Albendazol

1 a 2 anos de idade - 200mg, dose única

> 2 anos de idade - 400mg, dose única

Contra-indicado na gravidez e durante o aleitamento.

Alternativas:

  • Mebendazol

> 2 anos de idade – 100mg 2x/dia, 3 dias, ou 500mg numa única dose

Contra-indicado na gravidez; evitar durante o aleitamento e em menores de 2 anos de idade.

  • Pamoato de pirantel

11 mg / kg (máximo 1 gr) 1 x / dia, 3 dias; pode ser administrado a partir dos 6 meses de idade.

Cuidados

Evitar na gravidez

Contra-indicado durante o aleitamento.

O tratamento anti-helmíntico deve ser repetido 2 semanas depois.

Na prescrição de qualquer destes fármacos durante a gravidez ou aleitamento o médico deve ponderar os benefícios/riscos.

Tratar correctamente a anemia crónica com administração de ferro.

Anemias agudas graves podem requerer transfusão de sangue.

Estabelecer um programa de nutrição para os afectados – incluir vitamina B12 e ácido fólico.

Evolução

Se não tratada, a infecção dá origem à grave anemia crónica que pode ter consequências:

- nas crianças: atraso de desenvolvimento e de crescimento

- no adulto: insuficiência cardíaca de alto débito  

Recomendações

Saneamento do meio ambiente para evitar presença de fezes contaminadas no solo

Andar calçado

Usar água potável

Cozinhar bem os alimentos

Lavar sempre as mãos antes de comer ou de manusear qualquer alimento

Em regiões endémicas deve ser estabelecido um programa de protecção às crianças, administrando anti-helmínticos uma vez por ano; na protecção às grávidas o médico deve ter sempre em conta os benefícios/riscos no uso destes fármacos.

Fornecer regras básicas de higiene às populações.

Tratar os familiares dos pacientes infectados.

Não usar fezes humanas como fertilizantes.

Construção de latrinas para as populações mais carenciadas, desprovidas de habitações com saneamento.

Bibliografia

  1. Davidson R, Brent A, Seale A. Tropical Medicine, 4th edition. Oxford University Press, 2014.
  2. Kwan-Gett TSH, Kemp C, Kovarik C. Infectious and Tropical Diseases, 1th edition. Mosby Elsevier, 2006.
  3. Mathews PC. Tropical Medicine Notebook, 1th edition. Oxford University Press, 2017.
  4. Torok E, Moran E, Cooke F. Infectious Diseases and Microbiology, 2nd edition. Oxford University Press, 2017.

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