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Introdução

A falência hepática aguda (FHA) é uma doença grave e complexa que pode ser fatal. Consiste na perda rápida da função do fígado em uma pessoa que não tem uma doença hepática pré-existente. É uma emergência médica que necessita de hospitalização, algumas vezes em unidade de cuidados intensivos.

Frequência

È uma doença rara que pode ocorrer em qualquer idade, mas com maior prevalência no primeiro ano de vida

Causa

Em geral, as causas mais comuns de FHA são:

  • Infeciosas (principalmente por vírus)
  • Tóxicas (a mais frequente por intoxicação por paracetamol)

Outras causas incluem doenças metabólicas e hepatite autoimune.

Sinais e sintomas

As manifestações clínicas variam de acordo com a idade e a causa da FHA. É frequente existir uma fase inicial com sintomas inespecíficos como fadiga, mal-estar, enjoos e dor de barriga. Ocasionalmente, pode surgir febre.

Muitas vezes, os sintomas típicos da FHA surgem mais tardiamente, sendo eles:

  • Icterícia (coloração amarelada da pele) por aumento da bilirrubina no sangue
  • Alterações da coagulação do sangue, pela falha na síntese hepática de fatores de coagulação
  • Encefalopatia (alteração do estado mental) por acumulação de substâncias tóxicas por ausência da função de filtração do sangue proveniente do intestino

Podem ainda ocorrer complicações graves em múltiplos órgãos e sistemas, como líquido excessivo no cérebro (edema cerebral), hemorragia, infeções, lesão renal, entre outras.

O que fazer

O diagnóstico baseia-se na clínica e nas alterações laboratoriais.

Habitualmente o médico tem as seguintes atitudes:

  • Pedido de exames para confirmar a falha na função e avaliar o grau de lesão do fígado
  • Determinação da causa subjacente, o que tem influência no tratamento e evolução da doença (história clínica completa - incluindo ingestão de tóxicos, exames microbiológicos, marcadores de autoimunidade, entre outros exames)

Os doentes devem ser cuidadosamente monitorizados quanto a complicações, por exemplo, mudanças subtis dos sinais vitais ou do estado mental, bem como sujeitos a provas laboratoriais periódicas. 

Tratamento

O tratamento é principalmente de suporte e dependendo da causa pode haver tratamento dirigido, por exemplo, nas intoxicações deve suspender-se de imediato o fármaco implicado e administrar, caso exista, um antídoto.

Sempre que possível os doentes devem ser tratados num centro de transplante hepático, uma vez que a deterioração do doente pode ser rápida, sendo o transplante, muitas vezes, o único tratamento curativo.

Evolução / Prognóstico

A FHA era uma doença devastadora na era pré transplante hepático, com uma mortalidade de 70-95%. Com o desenvolvimento do transplante hepático a sobrevivência melhorou progressivamente.

Prevenção / Recomendações

É impossível prever a ocorrência de FHA, mas podemos procurar ter comportamentos simples para um “fígado saudável”:

  • Seguir as instruções médicas e as indicações do folheto informativo dos medicamentos
  • Informar o médico assistente sobre todos os medicamentos que a criança/adolescente toma, incluindo produtos de ervanária
  • Não consumir cogumelos silvestres
  • Evitar comportamentos de risco como consumo de álcool ou drogas
  • Vacinação contra hepatite B e, no caso de viagem para locais endémicos, contra hepatite A

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