Síndrome de Klinfelter
Introdução
A Síndrome de Klinefelter (SK) é a aneuploidia de cromossomas sexuais mais prevalente, resultando da presença de cromossomas X supranumerários num indivíduo do sexo masculino.
Em cerca de 90%, o cariótipo associado é 47, XXY, tendo o cromossoma X supranumerário origem materna ou paterna.
Os restantes 10% devem-se a mosaicismo (7%) ou a “variantes” raras da SK (3%), como um cromossoma X supranumerário anormal (p.e. isocromossoma X) ou aneuploidias de alto grau (48, XXXY; 49, XXXXY). Apesar de partilharem características comuns, a marcada diferença fenotípica destas últimas não permite uma integração consensual na definição de SK.
O único fator de risco comprovado é a idade materna avançada, pelo que alguns estudos sugerem um aumento da prevalência de SK nas últimas décadas.
Epidemiologia
A SK constitui a causa mais prevalente de hipogonadismo no sexo masculino e tem uma prevalência estimada de aproximadamente 1:650 recém-nascidos do sexo masculino.
História Clínica
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS EM IDADE PEDIÁTRICA
A SK caracteriza-se por uma grande variabilidade clínica e, uma vez que não possui alterações fenotípicas características ou sinais patognomónicos, o diagnóstico pode ser difícil, estimando-se que 50 a 75% dos indivíduos com SK não são diagnosticados. Este facto alerta para possíveis vieses (de seleção) na maioria dos estudos disponíveis, a ter em conta na interpretação dos seus resultados.
Hipogonadismo e Degeneração Testicular
O principal mecanismo fisiopatológico da SK é a degeneração testicular com fibrose progressiva, que causa o hipogonadismo hipergonadotrófico, característico da SK. Apesar de, geralmente, só se tornarem evidentes com o início da puberdade ou já na idade adulta, o hipoandrogenismo e a perda de células germinativas podem surgir previamente, inclusivamente in utero. As alterações hormonais cursam com diferentes manifestações clínicas que dependem da sua gravidade e são mais evidentes com o crescimento e o desenvolvimento sexual.
No recém-nascido com SK, possivelmente por exposição a hipoandrogenismo in útero, estão descritas alterações frequentes dos genitais externos, como micropénis (
No período pré-púbere, dada a normal relativa quiescência do eixo HHG, seria de prever uma normal secreção de androgénios, no entanto, alguns estudos demonstram que mesmo nesta fase pode ocorrer um ligeiro hipoandrogenismo, concordante com uma prevalência aumentada de crescimento peniano lento (25% dos casos) e de testículos de pequeno volume (
Na maioria dos indivíduos, o timing de progressão da puberdade é semelhante ao da população geral. No entanto, o volume testicular máximo geralmente não ultrapassa os 10 ml, diminuindo posteriormente para volumes entre 2 a 5 ml. A testosterona geralmente sobe de acordo com o esperado na puberdade normal, mas frequentemente atinge um plateau ou diminui. O grau de virilização atingido é dependente do grau de hipoandrogenismo: na maioria, os níveis de testosterona são suficientes para uma virilização completa, mas em alguns indivíduos surgem poucos ou nenhuns sinais de virilização, o que geralmente motiva um estudo endocrinológico por atraso da puberdade. A ginecomastia ocorre com a mesma frequência que nos indivíduos do sexo masculino com cariótipo normal tendo, no entanto, maior probabilidade de se tornar persistente.
Após a puberdade, os achados bioquímicos mais frequentes são de FSH e LH elevadas e níveis de testosterona livre e total reduzidos (ou no limite inferior do normal, i.e., hipoandrogenismo relativo).
A degeneração e fibrose testicular progressivas, levam ainda à redução progressiva das células germinativas, culminando, quase universalmente, em azoospermia.
Neurodesenvolvimento, Aprendizagem, Comportamento e Cognição
A perturbação do neurodesenvolvimento, as alterações do comportamento e as dificuldades de aprendizagem são muito prevalentes na SK.
Em até 75% dos indivíduos pode haver afectação do neurodesenvolvimento. Os marcos do desenvolvimento tendem a ocorrer com 2 a 3 meses de atraso comparativamente aos pares e há uma elevada prevalência de dificuldades em várias áreas, sendo mais afetadas a linguagem (atingindo até 75%) e a motricidade (cerca de 50%).
Estão também descritos défices na função executiva, com compromisso da atenção, memória de trabalho, flexibilidade cognitiva, fluência e inibição e possíveis consequências deletérias a nível do comportamento. Existe uma associação estabelecida entre a SK e Perturbação de Hiperactividade - Défice de Atenção (PHDA), com prevalência entre 36 e 63% e um predomínio do subtipo desatento. As dificuldades de aprendizagem associam-se a dificuldades na linguagem e comunicação, sendo que até 75% das crianças com SK apresenta dificuldades nos processos de aprendizagem da leitura e escrita.
Há uma tendência para comportamentos ansiosos, depressivos e de isolamento social, bem como de défice ao nível das competências sociais e estimam-se prevalências de Perturbação do Espectro do Autismo (PEA) entre 5 e 48%.
De um modo geral, o quociente de inteligência (QI) dos indivíduos com SK situa-se entre o normal e o seu limiar inferior. Cerca de 4% podem ter uma perturbação ligeira do desenvolvimento cognitivo.
Outras Manifestações
Anomalias congénitas – Estas são mais prevalentes em indivíduos com SK, cursando com aumento da morbi- e mortalidade. Além das já citadas, estão descritos: hipertelorismo, clinodactilia, hérnia inguinal, patologia cardíaca congénita, fenda palatina, insuficiência velofaríngea e malformações renais.
Estatura e Proporção Corporal – Existe tendência a uma estatura superior ao expectável desde o período pré-pubertário, a crescimento desproporcionado dos membros inferiores e a largura da anca aumentada.
Osteoarticular e Muscular - A diminuição da densidade mineral óssea (DMO) pode estar presente desde a adolescência. Estão reportados casos de hipermobilidade ligeira, displasia do cotovelo, pé plano com pronação do tornozelo e genu valgum, com possíveis consequências motoras. Alterações no desenvolvimento muscular podem estar presentes desde a infância, com graus ligeiros de hipotonia em 62% e graves em 15%.
Síndrome Metabólico (SM) - A prevalência de SM parece estar aumentada nestes indivíduos, desde o período pré-pubertário, com IMC, percentagens de gordura corporal e adiposidade visceral elevados, perfis lipídicos desfavoráveis e insulinorresistência.
Cardiovascular – Existe uma maior propensão para trombose venosa, que estará presente desde a adolescência. Não parece haver propensão para a hipertensão arterial (HTA).
Malignidade – A incidência geral de malignidade é sobreponível à da população geral, mas são particularmente comuns na SK o cancro da mama e os tumores de células germinativas extra-gonadais (TCGE). Ao contrário do primeiro, que é raro em idade pediátrica, cerca de 50% dos TCGE ocorrem em idade pediátrica, maioritariamente na adolescência. Enquanto que nestas idades a frequente localização mediastinal condiciona uma apresentação mais comum com tosse, dispneia e toracalgia, em menores de 10 anos a manifestação mais prevalente à apresentação é a puberdade precoce.
Dentição e mandíbula – Há uma prevalência aumentada de taurodontismo, defeitos do esmalte, ausência de dentição permanente e prognatismo mandibular.
Atopia – Parece haver uma propensão para a asma e para a alergia
Mortalidade - A mortalidade em idade pediátrica está aumentada na SK – Hazard Ratio (HR) de mortalidade antes dos 15 anos de 9,56 vs. controlos saudáveis.
No geral, enquanto os indivíduos com mosaicismo 47, XXY/46, XY tendem a ter apresentações mais indolentes, as aneuploidias de alto grau estão associadas a fenótipos (particularmente cognitivo-comportamentais) mais graves.
Diagnóstico Diferencial
Diagnóstico
A elevada proporção de indivíduos com SK que não são diagnosticados deve-se não só à possível indolência da síndrome, mas também à falha dos clínicos em reconhecer as características fenotípicas mais prevalentes.
No geral, 10% dos diagnósticos são pré-natais, 6% são feitos no período pré-púbere ou na adolescência e cerca de 19% em idade adulta – estes últimos mais frequentemente no decurso de estudo da infertilidade. A idade média de diagnóstico é de 27 anos.
Exames Complementares
No seguimento da suspeita clínica, o diagnóstico definitivo de SK é feito por cariotipagem ou microarray de ADN, que revelam a presença de pelo menos um cromossoma X supranumerário na presença de um cromossoma Y, sendo a adição de Hibridização Fluorescente in situ (FISH) superior ao uso exclusivo de testes citogenéticos. Se houver suspeita de mosaicismo pode ser necessário o estudo de amostras de diferentes tecidos.
No período pré-natal, o rastreio pode ser feito através da análise de DNA fetal circulante no sangue materno. Um resultado positivo carece, no entanto de confirmação através a realização de testes diagnósticos (colheita de amostras das vilosidades coriónicas, amniocentese ou testes sanguíneos pós-natais) e cariótipo materno.
Tratamento
O diagnóstico precoce e a instituição de medidas terapêuticas e de suporte atempadas é importante no tratamento da SK.
Dada a grande variedade de manifestações e idades de apresentação, não existem guidelines standardizadas para o seguimento e tratamento destes doentes. O timing de diagnóstico, as manifestações fenotípicas presentes e a sua respetiva gravidade podem guiar as medidas mais indicadas para cada caso.
Dada a complexidade do quadro fenotípico e a possível afetação multissistémica, muitos autores advogam a constituição de equipas multidisciplinares dedicadas que permitam um seguimento holístico mas especializado, centralizado e longitudinal.
Hipogonadismo
A avaliação endocrinológica no primeiro ano de vida não deve descurar a avaliação genital cuidadosa – a presença de escroto vazio persistente (>6 meses) ou de outras malformações urogenitais, ou ainda a presença de hérnia inguinal, deve motivar referenciação a Cirurgia Pediátrica.
O tratamento de substituição com testosterona (TST) é o principal foco do tratamento médico da SK, no entanto os seus efeitos nas manifestações gonadais e extra-gonadais da síndrome ainda não estão totalmente esclarecidos. Além disso, ainda existem muitas dúvidas relativamente aos melhores timings de introdução, doses e vias de administração, justificando que na literatura sejam descritos esquemas de tratamento muito díspares. Este tratamento deve ser introduzido, guiado e monitorizado por clínico experiente, especializado em endocrinologia pediátrica.
Não existe, de momento, evidência que justifique o tratamento generalizado destes doentes com testosterona nos primeiros meses de vida. Alguns autores sugerem que o uso de um curso de testosterona injectável em 3 doses mensais durante o primeiro ano de vida em doentes com micropénis, pode ter um efeito positivo nas dimensões do órgão.
Embora o tratamento com testosterona no período pré-pubertário possa ter alguns benefícios extra-gonadais, atualmente não há recomendações neste sentido, existindo o risco de indução de puberdade precoce.
Se não houver ainda seguimento por um endocrinologista pediátrico, a referenciação deve acontecer aos 10 anos ou antes, se os primeiros sinais de desenvolvimento pubertário precederam essa idade. Após o início da puberdade, esta deve ser avaliada clinicamente com regularidade e laboratorialmente a cada 6 meses, com doseamento da LH, FSH e testosterona.
O TST é usado de forma generalizada nos doentes com SK a partir da puberdade, sendo o seu objetivo, nesta idade, provocar uma virilização progressiva e o desenvolvimento muscular e ósseo, sem indução do fecho precoce das epífises, estando geralmente indicadas doses baixas de testosterona até à cessação do crescimento ou até aos 18 ou 19 anos de idade. No entanto, as práticas relativas ao seu início variam:
- Uma abordagem possível é iniciar a TST quando há evidência clínica ou bioquímica franca de hipogonadismo (com elevação da LH, testosterona baixa ou em descida, virilização incompleta, fadiga, fraco desenvolvimento muscular e ginecomastia);
- Outra opção é iniciar o tratamento quando é detetado um aumento da LH que é exagerado relativamente ao normal para o desenvolvimento pubertário;
- Outra alternativa mais agressiva pode ser iniciar o TST ao início da puberdade, antes que corra evidência clínica ou laboratorial de hipogonadismo.
Até que haja recomendações baseadas na evidência, as preferências do doente e dos cuidadores devem ter uma grande preponderância na decisão de início da TST.
Em alguns casos, o grau de hipogonadismo leva a que ocorram apenas mínimos (ou nenhuns) sinais de desenvolvimento pubertário – nestes doentes a suplementação com testosterona pode induzir o avanço pubertário.
Apesar das diversas formulações de testosterona disponíveis, as opções nestes indivíduos estão geralmente limitadas a injeções intra-musculares depot e gel tópico, não estando recomendadas formulações de longa duração.
A TST pode ter, entre vários efeitos adversos possíveis, um efeito protrombótico – dado o risco acrescido de trombose venosa e tromboembolismo já inerente à SK, alguns autores recomendam o rastreio de trombofilias prévio ao início do tratamento.
Fertilidade
Dada a azoospermia quase universal, estes doentes eram classicamente classificados como inférteis. No entanto, a constatação de que um grande número de doentes mantém, a nível testicular, alguns focos de espermatogénese conservada, levou ao advento de técnicas recentes como a Extracção de Espermatozóides por Microdissecção Testicular (mTESE). Esta técnica possibilita a eventual extração de espermatozoides viáveis, que podem permitir a conceção de descendência biológica.
Os estudos mostraram que esta colheita não tem uma maior taxa de sucesso quando é realizada em idade pediátrica e, de um modo geral, não está recomenda a realização de procedimentos invasivos deste tipo em crianças e adolescentes.
A hipótese de conservação de espermatozoides ejaculados é extremamente remota, mas aumenta em casos de mosaicismo, na presença de valores de LH normais/apenas moderadamente elevados ou testículos com um volume >= 8 ml, pelo que se sugere um estudo precoce e a sua crioconservação se presentes.
Neurodesenvolvimento e Comportamento
O rastreio das alterações do neurodesenvolvimento e comportamento é essencial na SK e o recurso a terapias específicas direcionadas pode prevenir ou minorar os seus efeitos.
No caso dos défices motores, a fisioterapia e terapia ocupacional podem ser úteis. A avaliação da linguagem deve ser feita regularmente e o suporte com terapia da fala e apoio pedagógico individualizado ao nível da leitura e escrita podem ser necessários em até 80% dos casos.
A elevada prevalência de dificuldades de aprendizagem justifica a avaliação neuropsicológica regular, com início na escola primária, facilitando a abordagem dos défices em idade precoce com suporte e aconselhamento escolar.
É também importante a pesquisa ativa de problemas emocionais e de comportamento, e o rastreio precoce da PEA e PHDA.
Ginecomastia – Nos casos de ginecomastia persistente, a mamoplastia de redução pode ser útil, havendo no entanto o risco de recorrência, principalmente quando não há tratamento do hipogonadismo. Os inibidores da aromatase e o Tamoxifeno não parecem ser úteis no tratamento da ginecomastia.
Osteoarticular – Não está recomenda a avaliação seriada da DMO, no entanto, devem garantir-se aportes adequados de cálcio e vitamina D.
Malignidade – Não está recomendada a realização regular de mamografias nestes doentes, no entanto, estão recomendados o autoexame mamário e o exame periódico por um clínico, bem como o estudo de todas as massas palpáveis. A presença dos sintomas de TCGE mediastinal mencionados deve motivar a realização de uma radiografia de tórax e o doseamento da beta-HCG e alfa-fetoproteína séricas.
Cardiovascular – Alguns autores recomendam o estudo ecocardiográfico na altura do diagnóstico para rastreio de malformações cardíacas congénitas. Dada a prevalência aumentada de fenómenos tromboembólicos, em situações predisponentes, deve ser considerada a sua profilaxia.
Síndrome Metabólico – Os estilos de vida saudáveis devem ser promovidos desde uma idade precoce. Não existem recomendações específicas para o despiste de dislipidemia, mas estes devem ser antecipados na presença de fatores de risco.
Evolução
EVOLUÇÃO / PROGNÓSTICO NA IDADE ADULTA
No geral, a morbilidade e mortalidade parecem ser maiores nestes doentes e a esperança média de vida está reduzida em 2 a 6 anos, existindo uma correlação entre a precocidade do diagnóstico e a magnitude desta diferença.
Hipogonadismo
O hipogonadismo torna-se mais prevalente com a progressão para a idade adulta e, na ausência de TST, apresenta-se clinicamente em 65-80% dos doentes. Quando indicado, a TST deve ser iniciada ou mantida na idade adulta segundo as guidelines / directrizes habituais habituais para o hipogonadismo. Cerca de 30% dos adultos com SK apresentam ginecomastia persistente.
Sexualidade e Fertilidade
Apesar do reduzido volume e consistência firme dos testículos, de um modo geral, os genitais masculinos na SK parecem ter, de resto, estrutura, tamanho e função normal. Não é claro, no entanto, o efeito na prevalência de disfunção eréctil e de diminuição da libido. Estudos recentes parecem indicar uma maior prevalência de disforia de género e de comportamentos homossexuais ou bissexuais, mas estes resultados carecem de confirmação, não sendo possível de momento tirar conclusões definitivas.
Embora possam ser detectados espermatozóides no sémen de até 8% dos doentes, são raras as descrições de gravidez por concepção natural ou por Fertilização In Vitro com recurso a espermatozóides ejaculados. A mTESE possibilita a extracção de espermatozóides viáveis em cerca de 50% dos indivíduos, permitindo que muitos destes tenham a oportunidade de conceber descendência biológica.
Os resultados relativos ao risco de aneuploidias na descendência biológica destes doentes são divergentes, podendo haver taxas ligeiramente aumentadas de SK e de anomalias autossómicas.
Linguagem, Inteligência e Comportamento
Tipicamente, os défices na linguagem, na literacia e a prevalência elevada de dislexia mantêm-se na vida adulta. Os sintomas de PHDA podem apresentar melhoria na idade adulta. Está reportada uma elevada prevalência de traços autistas, problemas de comportamento, labilidade emocional e patologia psiquiátrica nos adultos com SK. Foi também reportada uma taxa de criminalidade relativamente elevada.
OUTRAS MANIFESTAÇÕES
Síndrome Metabólico – Na idade adulta, há uma elevada prevalência de Síndrome Metabólico, com elevadas taxas de insulinorresistência, Diabetes Mellitus tipo 2, obesidade, dislipidemia e esteatose hepática.
CardiovascularES e PulmonarES – A mortalidade cardiovascular assume uma preponderância major no aumento da mortalidade reportada na SK, dado o risco aumentado de patologia cardíaca, cerebrovascular e vascular venosa. Não parece, no entanto, haver um risco aumentado de aterosclerose ou trombose arterial e parece inclusivamente haver um risco inferior de HTA. A prevalência de intolerância ao exercício, DPOC e pneumonia, bem como a mortalidade por patologia respiratória baixa estão aumentados.
OsteoarticularES e MuscularES – O défice na DMO parece agravar na idade adulta e está descrito um aumento do risco de fractura osteoporótica, osteoartrite e défice de vitamina D, bem como uma massa e força musculares reduzidas.
Malignidade – A SK constitui o principal factor de risco para cancro da mama no sexo masculino, com riscos 20 a 50 vezes superiores à população geral e um risco absoluto de 1-7%. Enquanto a TST constitui um faCtor de risco, o mesmo não é verdade para a ginecomastia. Apesar do risco absoluto ser baixo, o risco aumentado de TCGE mantém-se na idade adulta. O risco de todas as malignidades hematológicas, particularmente de Linfoma Não-Hodgkin também parece estar aumentado. Por outro lado, o risco de carcinoma prostático parece estar diminuído.
Patologia Auto-Imune - Embora o risco absoluto seja reduzido, a prevalência de patologias auto-imunes está aumentada em adultos com SK na SK.
Outras – Há uma prevalência aumentada de tremor essencial e de mortalidade por epilepsia, taxas superiores de anemia, patologia infecciosa, patologia gastrointestinal e dermatológica, bem como de eventos traumáticos e intoxicações.
Recomendações
ACONSELHAMENTO PRÉ-NATAL
Na eventualidade de um diagnóstico pré-natal, é importante o esclarecimento dos pais quanto às possíveis manifestações, protocolos de seguimento, medidas terapêuticas disponíveis e prognóstico da SK.
É também importante a informação de que não existe um risco aumentado de aborto espontâneo
Saber Mais
GLOSSÁRIO
Aneuploidia - Anomalia cromossómica caracterizada por um número anormal de cromossomas.
Mosaicismo – Presença de uma ou mais populações de células com diferentes genótipos no mesmo indivíduo
Hipogonadismo – Actividade funcional das gónadas reduzida
Hipogonadismo Hipergonadotrófico – Hipogonadismo devido a uma resposta diminuída das gonadas aos estímulos da gonadotropinas (LH e FSH)
Ginecomastia – Aumento não maligno no tamanho da glândula mamária no sexo masculino.
Azoospermia – Ausência de espermatozóides no sémen.
Bibliografia
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