Quisto do canal tireoglosso
Introdução
Definição
Trata-se de um resíduo ectodérmico e desenvolve-se junto à linha de descida da glândula tiroideia da base da língua para o lobo piramidal tiroideu.
A porção média do canal tireoglosso permanece como um tubo microscópico descontínuo, de epitélio indiferenciado, que passa através do osso hióide entre a base da língua e a glândula. Este tubo que, geralmente desaparece por volta da 10ª semana de gestação, pode permanecer em algumas zonas e originar um quisto.
Epidemiologia
É a massa cervical mais frequente da linha média do pescoço. Manifesta-se com mais frequência entre os 2 e os 10 anos.
Não se conhece a razão que desencadeia o processo de formação quística (infecção?), tanto mais que em cerca de 7% de autópsias de adultos se encontram restos vestigiais do referido tubo, sem que nunca tenham dado sintomatologia.
História Clínica
Anamnese
É muitas vezes um achado fortuito Pode desenvolver-se desde a base da língua até à zona retrosternal surgindo como uma massa quística indolor e sem sinais inflamatórios, pro vezes com variações de volume.
Exame objectivo
Observa-se o aparecimento, geralmente sobre/próximo do osso hióide, de massa quística lisa, mole e indolor (excepto quando infectada), que se movimenta com a deglutição ou exteriorização da língua. Quando infecta pode drenar para o exterior uma secreção mucopurulenta.
Diagnóstico Diferencial
As suas relações com a base da língua, determinam duas características que ajudam a diferenciar o diagnóstico: ser mediano (embora possa haver discretos desvios laterais), e movimentar-se com a deglutição/ exteriorização da língua.
Quisto dermóide cervical embora possa ser mediano, tem geralmente uma localização mais sub-mentoniana ou lateral, e não acompanha os movimentação da língua.
Linfadenite quase sempre múltipla, com localização preferencial sub-mentoniana (infecção bucal) ou lateralizada (vias aéreas superiores, orofaringite, viroses com manifestação sistémica).
Quistos branquiais são geralmente lateralizados, seguindo o trajecto dos arcos branqueais, embora apresentar-se se localizados próximo da linha média.
A patologia tiroideia - tiroideia ectópica, e tumor da tiroideia é muito rara e o diagnóstico é apoiado em exames de medicina nuclear.
Exames Complementares
Em conjunto, a ecografia cervical e a cintigrafia confirmam o diagnóstico na grande maioria dos casos, excluindo tratar-se de tecido tiroideu. A TAC com contraste e RNM são exames dispendiosos raramente prescritos, a realizar em hospitais centrais, reservados para situações em que a ecografia e a cintigrafia deixam dúvidas sobre a natureza, localização e extensão do tumor.
Patologia Clínica
A realizar se suspeita de patologia (neoplásica, infecciosa) tiroideia.
Imagiologia
Ecografia cervical - Deve ser o primeiro exame a realizar. É fundamental excluir tratar-se de tecido tiroideu, evitando uma tiroidectomia acidental. Por essa razão, o relatório do exame deve definir não só o quisto (localização, dimensões), como a sua independência da glândula tiroideia.
Medina nuclear
Cintigrafia da tiroideia - Deve pedir-se se se suspeitar de tiroideia ectópica (evitar o risco de excisão da glândula tiroideia).
Tratamento
Cirurgia
A cirurgia é o tratamento de eleição, devendo realizar-se tão breve quanto possível após o diagnóstico estabelecido, para evitar o desenvolvimento de infecção.
Excisão do quisto e do trajecto até à base da língua, englobando a porção média do osso hióide - Operação de Sistrunk. A cirurgia realiza-se sob anestesia geral, e requer pelo menos um dia de internamento
Antibioterapia
Em caso de infecção, com Quando em presença de infecção estão indicados antibióticos de largo espectro, devendo evitar-se cirurgia enquanto a infecção não estiver controlada. Se necessário, fazer punção aspirativa ou incisão e drenagem, operando uns dias mais tarde.
Com infecção os a antibioterapia nem sempre é eficaz, por dificuldade de concentração dos antibióticos ao nível de tumor enquistado.
Escleroterapia
Com etanol por injecção percutânea, nos casos de doentes com elevado risco de intervenção cirúrgica. Cerca de 1/3 dos casos resolvem, mas não há follow-up suficiente.
Evolução
É excelente. No entanto, a taxa de recidiva é de cerca de 5%.
A incidência de carcinoma primário do quisto do canal tireoglosso é inferior a 1% em todos os grupos etários.
Recomendações
Bibliografia
Thyroglossal duct carcinoma: report of 12 cases AU Heshmati HM, Fatourechi V, van Heerden JA, Hay ID, Goellner JR SO Mayo Clin Proc. 1997;72(4):315.
Percutaneous ethanol injection of thyroglossal duct cysts. AU Baskin HJ SO Endocr Pract. 2006;12(4):355.
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