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Introdução

Definição

Situação em que a bolsa escrotal não se apresenta preenchida pelo testículo e elementos do cordão espermático. É uma designação que inclui entidades clínicas diferentes.

Anorquia - ausência congénita dos dois testículos.

Monorquia - ausência congénita de um testículo, está geralmente relacionada com torção testicular intra-uterina.

Criptorquidia - literalmente significa testículo escondido; emprega-se geralmente para definir testículo que parou a sua migração algures ao longo do seu trajecto normal de descida para o escroto.

Testículo ectópico - testículo ausente da bolsa escrotal, localizado fora do seu trajecto normal de descida, a partir do orifício inguinal superficial.

Testículos retrácteis - os testículos estão no canal inguinal a maior parte do tempo, devido a insuficiente fixação do gubernáculo e hiperactividade do cremáster. Esta situação, corresponde a ¾ das observações por escroto vazio.

Epidemiologia

Aos 12 meses de vida cerca de 0,5% nas crianças de termo, e 5% das crianças nascidas pré-termo apresentam escroto vazio, sendo mais comum à direita.

História Clínica

Anamnese

O diagnóstico é clínico, baseado na história e na observação do doente. É de ter em conta a duração da gestação e o peso ao nascer. Deve averiguar-se se o testículo nunca foi até então detectado.

Exame objectivo

Nesta patologia é especialmente importante observar a criança em ambiente quente e calmo, e o examinador deve ter as mãos aquecidas, porque o frio e o medo elegem o reflexo cremasteriano.

Geralmente observa-se que a bolsa escrotal vazia é pouco desenvolvida e mal pregueada. Quando é bem desenvolvida e pregueada e não se palpa testículo no canal inguinal, é de suspeitar de torção testicular, que pode ter ocorrido in utero ou pós-parto, tendo passado despercebida.

Quando o testículo não é palpável ao longo do canal inguinal, deve ser procurado sobre a espinha do púbis, raiz da coxa ou bolsa escrotal contralateral, locais onde se fixa preferencialmente quando ectópico.

Uma vez palpado, deve ser traccionado suavemente até à bolsa escrotal, determinando o local de mobilização máxima. Conclui-se o exame com o doente na posição de sentado com as pernas cruzadas.

Criptorquidia

Diagnóstico Diferencial

Com a torção do testículo pré-natal

Exames Complementares

Patologia Clínica

O doseamento de FSH, LH e testosterona, conjugado com a estimulação com βHCG permite concluir sobre a presença ou não de testículos funcionantes nos casos de escroto vazio bilateral.

Se o fenotipo não é claro, deve proceder-se a exame citogenético

Imagiologia

Em casos de dúvida pode-se recorrer à ecografia.

A laparoscopia tem um papel progressivamente crescente no diagnóstico e terapêutica nas formas intra-abdominais e no estudo das anorquia.

Tratamento

Cirurgia

O aparecimento de lesões degenerativas parece ser evitado se a cirurgia for feita a partir dos 12 meses de idade.

Os testículos retrácteis não têm indicação cirúrgica, descendo espontaneamente até ao início da puberdade. Em caso de dúvida pode fazer-se uma estimulação com β HCG, observando-se então que os testículos descem e permanecem normalmente nas bolsas escrotais

A opção cirúrgica depende da posição e da viabilidade. O objectivo é um abaixamento sem tensão se necessário em dois tempos. Se se concluir pela não existência ou inviabilidade do testículo é de propor a colocação de uma prótese testicular depois dos doze anos.

Evolução

Normalmente sem complicações. Nos casos de despiste tardio é importante a vigilância de degenerescência.

Recomendações

É importante o despiste e encaminhamento precoce devido à irreversibilidade das lesões.

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