Dor torácica - a abordagem do pneumologista
Introdução
Definição
A dor torácica em idade pediátrica pode ter diferentes causas, na maioria das vezes situações de pouca gravidade ou que resolvem sem terapêutica. Raramente, pode ser uma manifestação de doenças graves, com consequências importantes. Pode ter origem em qualquer estrutura do torax, como as costelas, as articulações destas com a coluna e o esterno, os músculos da parede, os pulmões ou o esófago. Muito raramente, a dor torácica tem causa cardiovascular.
O sintoma pode ser causado por traumatismo, irritação, infecção, contracção ou falta de irrigação sanguínea.
Por vezes, dor torácica associa-se a stress ou ansiedade.
Frequência
Em 94% dos casos, a dor torácica tem causas não cardíacas, que incluem as doenças musculares e das costelas (15 a 31%), da pleura e pulmão (2 a 11%), do tubo digestivo (8%) e outras (15 a 30%). As doenças cardíacas ocorrem em apenas 6% dos casos de dor torácica.
É um sintoma que surge mais frequentemente acima dos 6 anos, com maior incidência após a puberdade. Em crianças mais pequenas, pode ser difícil de identificar, pela incapacidade dos doentes em descrevê-lo, podendo ser confundida com outros problemas, como cólicas abdominais, por exemplo.
Causas
A dor torácica pode ser causada por doenças graves. No entanto, felizmente, a maioria dos casos corresponde a situações de baixa gravidade ou que se resolvem espontaneamente.
A costocondrite é uma inflamação da articulação entre o esterno e as costelas. É mais comum em meninas adolescentes e pré-adolescentes e pensa-se ser provocada por vírus ou esforços excessivos, como a tosse mantida. Agrava com a inspiração profunda. Quando o médico pressiona a zona afectada, a dor é desencadeada ou intensificada. Pode permanecer dias a semanas. O tratamento inclui repouso e administração de anti-inflamatórios como ibuprofeno.
Traumatismos dos músculos e ossos da parede do tórax, quer em actividades lúdicas e desportivas, quer após levantar pesos ou tossir intensa e frequentemente, podem causar pequenas lesões que causam dor. Da mesma forma, o repouso e analgesia adequada é o tratamento necessário.
Alguns traumatismos ou infecções da mama podem cursar com dor, podendo necessitar de antibiótico e mesmo intervenção cirúrgica.
A zona (herpes zoster), infecção provocada pelo vírus da varicela, pode causar dor na parede torácica, associada a uma erupção da pele.
Algumas doenças pulmonares podem ocasionar dor torácica, como a asma, a infecção pulmonar (pneumonia), ou a presença de líquido ou ar na pleura. Nestes casos, pode ser importante realizar uma radiografia do torax e fazer o tratamento dirigido, que pode incluir broncodilatadores, antibióticos, drenagem ou cirurgia.
A dor torácica originada no esófago, é descrita como aperto ou queimadura atrás do esterno, pode relacionar-se com as refeições, e agravar quando a criança se deita. O tratamento inclui medicamentos específicos, receitados pelo médico, por vezes após diversos exames de diagnóstico.
Alguns tipos de tumor podem ocasionar dor torácica, habitualmente associada a outros sintomas. São situações muito raras.
Por vezes, a dor torácica relacionada com stress ou ansiedade é mais difusa e conseguem identificar-se acontecimentos recentes relacionados com o aparecimento ou agravamento da dor.
Com bastante menos frequência em relação ao adulto, a dor torácica pode ter causa cardíaca.
O pericárdio é uma película fina que reveste o coração. A sua inflamação designa-se por pericardite, causa uma dor aguda intensa, localizada atrás do esterno, que irradia para os ombros e alivia quando a criança se inclina para a frente. Pode ser causada por infecção por vírus, ou por doenças inflamatórias com outra origem. Deve ser orientado por cardiologista pediátrico.
Raramente, a dor torácica tem origem no coração, por isquémia (diminuição da irrigação) ou por aumento das necessidades do músculo.
A isquémia surge em doenças das artérias coronárias que irrigam o músculo do coração. Na idade pediátrica essas doenças podem ser congénitas, por malformações das artérias, ou adquiridas, por lesão provocada por inflamação (doença de Kawasaki, por exemplo). A dor, nestes caos é muito intensa, descrita como peso, aperto, esmagamento, localizada à região do esterno, e irradia para o pescoço e, tipicamente, para o membro superior esquerdo. Com frequência, associam-se a outros sintomas menos específicos, como sudação, falta de ar. Trata-se de uma situação muito grave, que necessita de cuidados médicos imediatos.
Algumas doenças aumentam as necessidades do coração em oxigénio, levando a queixas semelhantes. São os casos de doenças das válvulas (aórtica ou mitral, principalmente), ou das próprias células musculares cardíacas. Todas estas situações necessitam de acompanhamento por cardiologista, por vezes com necessidade de tratamento por cateterismo ou cirurgia.
O que fazer
Mantenha a calma. Lembre-se que a dor torácica da criança e do adolescente é, na maioria dos casos, benigna e não tem consequências graves. Raramente, pode corresponder a situações de pior prognóstico.
Esteja atento, principalmente se a dor torácica for muito intensa, acompanhada de febre, sudação excessiva, dificuldade em respirar, ritmo cardíaco muito elevado (acima das 180 pulsações por minuto). Nesses casos, deve procurar cuidados médicos.
Habitualmente, a avaliação deve ser iniciada pelo pediatra ou especialista em medicina geral e familiar que conhece a criança.
A avaliação inicia-se, como habitualmente, pela colheita da história clínica e pelo exame objectivo. Na maioria das vezes, o médico pode chegar a um diagnóstico sem outros exames, podendo considerar necessário solicitar, de acordo com a avaliação clínica, radiografia do tórax, electrocardiograma, ecocardiograma, exames de função respiratória ou outros.
Se necessário, pode ser considerado recorrer a outros especialistas ou ao Serviço de Urgência.
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