Cancro ginecológico na infância e na adolescência
Introdução
Definição
O cancro ginecológico refere-se à presença de tumor maligno ao nível do aparelho genital feminino.
Frequência
O cancro ginecológico é raro na infância e adolescência, apesar de apresentar maior potencial de malignidade. A maioria dos tumores ginecológicos malignos tem origem no ovário (60-70%). Salienta-se, porém, que a maioria dos quistos anexiais diagnosticados na adolescência são funcionais, isto é, derivam do normal ciclo feminino.
Ao nível da vagina, salienta-se um subtipo típico da idade pediátrica, o sarcoma botrióide.
Os tumores do corpo e colo do útero e da vulva são raros nesta faixa etária. Porém, tem aumentado o diagnóstico de lesões pré-malignas do colo do útero nas adolescentes sexualmente activas.
Sinais e sintomas
Ovário
Os tumores malignos do ovário podem ser assintomáticos, no entanto cursam com dor e distensão abdominal em 90% dos casos. A dor abdominal intensa pode indicar complicações relacionadas com o tumor (torção, ruptura ou hemorragia). Outros sintomas inespecíficos podem estar presentes, nomeadamente náuseas ou vómitos, diminuição do apetite (anorexia), alterações intestinais (obstipação) ou urinárias (retenção ou frequência urinária). Podem associar-se a alterações do ciclo menstrual, a puberdade precoce ou a quadros virilização (surgimento de características masculinas na mulher, como acne, alteração da voz ou crescimento excessivo de pêlos em áreas anatómicas típicas do género masculino).
Vagina
O sarcoma botrióide manifesta-se por uma ou várias lesões polipóides que são expulsas através da vagina (aspecto semelhante a cachos de uvas), associado a hemorragia vaginal.
Corpo do Útero
Os tumores uterinos cursam com hemorragia uterina anormal e aumento do volume uterino.
Colo do Útero
As lesões pré-malignas do colo do útero podem condicionar sangramento durante as relações sexuais (coitorragias), hemorragia uterina anormal e corrimento com odor desagradável (fétido).
O que fazer
Na presença dos sintomas supracitados, deverá recorrer-se ao médico assistente, com a finalidade de realização de exame objectivo e exames complementares de diagnóstico.
O diagnóstico dos tumores do ovário assenta nos marcadores tumorais e ecografia abdominopélvica e / ou Ressonância Magnética Nuclear. Na presença de lesões suspeitas a nível da vagina, colo do útero ou vulva pode ser necessário realizar biópsia das mesmas.
Na suspeita de cancro ginecológico, deve encaminhar-se de imediato a criança ou adolescente para consulta especializada de Ginecologia Oncológica e / ou de Cirurgia Pediátrica Oncológica.
Tratamento
Ovário
A maioria dos quistos anexiais da adolescência é funcional, pelo que se prefere uma atitude expectante, com repetição de ecografia após a menstruação e realização de pílulas. A cirurgia está indicada nos tumores do ovário:
- Diagnosticados antes da primeira menstruação (menarca);
- Sugestivos de malignidade;
- Sintomáticos;
- Persistentes ou com aumento de tamanho nas ecografias;
- Suspeita de complicações do tumor, como torção.
Na suspeita de tumor benigno do ovário, a opção de primeira linha consiste na remoção isolada do tumor, com conservação do ovário restante. Na suspeita de tumor maligno do ovário, a via de abordagem vai depender da experiência da equipa cirúrgica (laparotomia ou laparoscopia). De um modo geral, nesta faixa etária há um esforço adicional para realização de cirurgia o mais conservadora possível, pelo desejo de fertilidade futura.
Deve recorrer-se ao estudo da peça no intra-operatório (exame anátomo-patológico). A cirurgia envolve a remoção do ovário contendo o tumor e estadiamento cirúrgico para pesquisa de disseminação do tumor. Consoante o subtipo do tumor pode haver indicação para realização de outras terapêuticas, como a quimioterapia.
Vagina, Corpo ou Colo do útero
O tratamento pode incluir cirurgia, quimioterapia e / ou radioterapia.
Vulva
Tratamento cirúrgico na maioria dos casos.
Evolução / Prognóstico
Ovário
O subtipo mais comum de tumor maligno do ovário tem uma sobrevida aos 5 anos superior a 85%. O retorno da actividade da doença (recidiva) é pouco frequente.
Vagina
No sarcoma botrióide, pode ocorrer disseminação do tumor à distância (metastização) precocemente e as recorrências são frequentes. A sobrevida aos 5 anos é de cerca de 60% em qualquer estádio, atingindo os 90% na doença localizada.
Prevenção / Recomendações
Ovário
O risco de alguns tipos de cancro do ovário é reduzido pelo uso de pílulas (2).
Colo do útero
O cancro do colo do útero pode ser prevenido através da vacinação contra o Vírus do Papiloma Humano (HPV), incluída no Plano Nacional de Vacinação e da utilização de preservativo.
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