Patologia mamária na adolescência
Introdução
Definição
A patologia mamária na adolescência engloba uma multiplicidade de entidades clinicas que incluem desde as alterações do desenvolvimento mamário, nódulos mamários e corrimentos mamários.
O aparecimento da mama e o seu desenvolvimento são marcos importantes para a transição para a idade adulta As principais alterações ocorrem na puberdade sob influência das hormonas ováricas: o estrogénio aumenta o tecido adiposo e inicia o crescimento do estroma e dos ductos. A progesterona é importante no desenvolvimento dos lóbulos e alvéolos mamários.
Para objetivar o desenvolvimento da mama na infância, utiliza-se a classificação por estádios de Tanner (imagem 1), classifica o desenvolvimento progressivo normal da mama em 5 estádios. A telarca tem inicio habitualmente aos 8 anos de idade. A maturação por vezes prossegue assimetricamente devido à flutuação hormonal e à variação da sensibilidade do tecido mamário ao estímulo.
Epidemiologia
A anomalia mais frequente das alterações do desenvolvimento mamário é a politelia (mamilo acessório). Menos comumente é encontrado tecido mamário acessório que se encontra habitualmente ao longo da linha que se estende desde a região axilar à região inguinal. A assimetria mamária é uma queixa frequente da adolescente que pode ser pronunciada quando a mama está em formação.
História Clínica
Anamnese
A história clínica deve englobar uma anamnese completa e exame físico cuidadoso.
Deve ser questionada a idade da criança, a menarca, as características dos ciclos menstruais, a telarca e o estado pubertário.
A história familiar e pessoal, nomeadamente doenças oncológicas e tratamentos/ medicação que realizou ou realiza são também informações importantes.
Exame objetivo
O exame à mama deve estar incluído na observação da criança ou adolescente. -Inspeção: Inicialmente com a adolescente em pé, deve realizar-se uma observação minuciosa para avaliar alterações de cor, dimensão da mama, posição dos mamilos, presença de mamilos supranumerários, corrimentos mamilares, assimetrias mamárias. Deve-se descrever o estádio de Tanner. -Palpação: Na realização de uma palpação correta a jovem deve colocar-se em posição de decúbito dorsal e com braços ipsilaterais atrás da nuca de modo a permitir explorar toda a mama de maneira sistemática e em todos os quadrantes, assim como a areola, o mamilo e as áreas ganglionares regionais. A palpação deve ser realizada com movimentos concêntricos circulares. O exame completo da mama inclui palpação das regiões ganglionares axilares, supra claviculares e infra claviculares. Posteriormente pode-se realizar uma expressão leve para verificar se apresenta secreções mamilares (se sim - realizar citologia).
Diagnóstico Diferencial
As anomalias do desenvolvimento mamário podem apresentar-se segundo variadas formas:
- Politelia – mamilo acessório, com localização habitual na região infra mamária. Alguns estudos têm demonstrado uma associação entre casos de politelia e anomalias renais
- Polimastia – tecido mamário acessório sem a presença do mamilo e aréola
- Mama supranumerária – encontra-se habitualmente ao longo da linha embriológica do leite, que se estende desde a região inguinal até à região axilar.
- Atelia – ausência de mamilo;
- Amastia – ausência de tecido mamário. Quando bilateral pode estar associado a outras anomalias congénitas. Se unilateral é uma das manifestações da síndrome de Poland que consiste na hipoplasia do músculo peitoral associada a deformidade da parede torácica e anomalias dos dedos ou mão ipsilateral.
- Mama tuberosa – variante do desenvolvimento mamário na qual a base da mama é limitada e a areola e o mamilo estão superdesenvolvidos.
- A assimetria mamária, pode ser pronunciada entre os estádios 2 e 4 de Tanner, quando a mama está em formação, mas habitualmente melhora quando atinge o estádio 5.
Exames Complementares
Imagiologia
A ecografia mamária é o método de imagem de eleição não invasivo capaz de confirmar o diagnóstico entre alterações congénitas e adquiridas da patologia mamária.
É mais útil na caracterização de anomalias e orientação terapêutica posterior.
Tratamento
Cirurgia
Nestas idades deve-se ser prudente perante uma anomalia mamária. Manter-se em vigilância e aguardar durante um tempo razoável será benéfico.
O tratamento para a maioria destas condições será cirúrgico, devendo aguardar a sua programação após completar os 18 anos de idade, pois será quando se verifica o completo desenvolvimento da mama.
Evolução
A evolução e o prognóstico da maioria das anomalias do desenvolvimento mamário depende da orientação correta, quer no timing quer na proposta cirúrgica, sendo importante para o seu sucesso, equipas multidisciplinares.
Bibliografia
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- Onstad M, Stuckey A. Benign Breast Disorders. Obstet Gynecol Clin North Am. 2013;40(3):459–73.
- K De Silva, MD NBanikarim, MD, MPH C. Breast disorders in children and adolescents: An overview. UptoDate 2016 [cited 3 January 2017];
- Kaneda HMack J. Pediatric and Adolescent Breast Masses: A Review of Pathophysiology, Imaging, Diagnosis, and Treatment. American Journal of Roentgenology. 2013; 200:W204-W212. 10.2214/AJR.12.9560
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