Menu

Introdução

Definição

O menisco é uma estrutura cartilagínea, que se encontra entre o fémur e a tíbia, em forma de cunha e de uma lua crescente. O menisco discóide é uma variante anatómica mais espessa e com forma em meia lua, oval ou em disco, que cobre grande parte ou a totalidade do prato tíbial.

A maioria é encontrada no menisco externo, existe no menisco interno e muito raramente ao mesmo tempo no menisco externo e interno.

O menisco discóide externo bilateral não é incomum. Não há relatada predominância no sexo.

A prevalência do menisco discóide é entre 0,4 e 17%. A causa do menisco discóide é desconhecida.

História Clínica

A primeira discrição do menisco discóide foi em 1889 por Young. Kaplan (1957) descreve que o menisco na sua parte posterior não esta ligado a tíbia e que tem uma fixação do corno posterior única pelo ligamento de Wrisberg. Esta fixação insuficiente é a causa para uma hipermobilidade com subsequente hipertrofia e espessamento do menisco.

O menisco discóide é classificado em 3 tipos, de acordo com Watanabe de seguinte forma: 

  • Tipo incompleto - ligado ao, mas não cobrindo todo o planalto tíbial externo, o menisco é ligeiramente mais espesso e largo do que o normal;
  • Tipo completo - caracterizado por um menisco que cobre todo o planalto tíbial externo e esta ligado ao planalto tíbial; 
  • Tipo Wrisberg-ligamentar - menisco que cobre o planalto tíbial externo, mas com fixação posterior apenas pelo ligamento meniscofemoral posterior não ao planalto tíbial. 
Incompleto
Completo

 

Tipo Wrisberg-ligamentar (‘Rupp 2000’)

No menisco discóide completo e incompleto as fixações periféricas menisco-capsulares estão intactas. 

A variante do tipo Wrisberg-ligamentar demonstra uma fixação periférica mais solta, o ligamento meniscotibial posterior falta. O ligamento meniscofemoral posterior (Wrisberg) subluxa o menisco para o côndilo femoral interno (Dickhaut e De Lee 1982, Kaplan 1957, Neuschwander 1992). Este menisco é hipermóvel e pode escorregar para dentro da articulação o que causa dor, bem como um bloqueio e ressalto do joelho.

O menisco discóide completo e incompleto têm uma predisposição para uma degeneração mucóide com formação de roturas, mas são muitas vezes assintomáticos. O tipo Wrisberg-ligamentar causa na regra queixas antecipadas.

Lesões do menisco discoide 

O menisco discóide mais espesso tem uma probabilidade maior de ficar preso no joelho e de sofrer uma rotura.  Se faltar a fixação ligamentar à tíbia o risco de lesão meniscal é ainda maior.

Um menisco que sofreu uma rotura, mesmo num menisco normal, é difícil de cicatrizar, isto pela má irrigação sanguínea do menisco.

Em muitos casos de menisco discóide, os pacientes têm sintomas sem que haja qualquer lesão do menisco.

Diagnóstico

Os sintomas mais comuns do menisco discóide com e sem rotura são a dor, o défice de extensão completa do joelho, o aumento de volume, um ressalto (visível, palpável e por vezes audível) ou bloqueio do joelho. Em casos mais extremos, parte do menisco pode sair da articulação do joelho e pode ser visto logo abaixo da pele.

Exames Complementares

RX 

A radiografia convencional é normal em mais de metade dos casos. Mas por vezes pode mostrar um aumento do espaço articular externo, um achatamento do côndilo femoral externo, uma hipoplasia da eminência externa intercondiliana ou uma concavidade do planalto tíbial.

Rx Joelho direito AP com aumento do espaço articular externo e achatamento do côndilo femoral externo

RMN

A ressonância magnética pode criar imagens detalhadas dos tecidos moles da articulação do joelho. A ressonância magnética mostra a forma anormal do menisco discóide, bem como roturas dentro do menisco. 

No entanto, o tipo mais raro de Wrisberg-ligamentar pode não ser detectado por uma ressonância magnética porque o problema ocorre apenas quando o joelho está em movimento.

A ressonância magnética exige estar deitado imóvel por 30-45 minutos. Crianças e jovens podem necessitar de alguma sedação ou anestesia para completar o exame.

Tratamento

O tratamento depende do tipo de menisco discóide.

Um menisco discóide assintomático e sem lesão encontrado por acaso numa artroscopia não necessita de ser tratado.

No menisco discóide sintomático o tratamento é cirúrgico. A ideia é dar ao menisco uma forma o mais normal possível. 

No menisco discóide do tipo completo ou incompleto sem rotura é feito uma resseção mantendo uma faixa periférica estável (em forma de lua crescente).

Se o menisco também tiver uma rotura, esta deve ser se possível suturada, se não for possível, deve ser removida.

No menisco hipermóvel do tipo Wrisberg-ligamentar deve ser dada a forma desejada e em seguida deve ser estabilizado com pontos de sutura ao revestimento articular.

Em crianças e adolescentes a resseção completa é se possível de evitar pelo risco de uma artrose secundária (Raber 1998).

Menisco externo discóide, joelho esquerdo, antes, durante e depois da meniscectomia modelante

Complicações

Pela má visibilidade existe o perigo que a resseção possa ser feita até ao escavado popliteal e daí resultar uma meniscectomia completa. 

Pelo volume do menisco discóide existe um espaço apertado no compartimento externo resultando um maior risco de lesão da cartilagem iatrogénica durante a artroscopia.

Esta discrita (Raber 1998, Mizuta 2001) a ocorrência repetitiva de uma osteocondrite dissecans do côndilo femoral externo anos após a meniscectomia completa de um menisco discoide.

Evolução

Reabilitação

O tipo de cirurgia que foi feito (necessidade de sutura ou não) ira definir o tempo de uso de canadianas. Crianças muito pequenas podem ter a necessidade de usar uma cadeira de rodas porque não tem a força e o equilíbrio para usar canadianas.

Em doentes mais jovens pode ser necessário a colocação de uma tala de extensão anti-álgica no joelho. 

Serão prescritos exercícios de fisioterapia para restaurar a mobilidade e a força do membro inferior operado. 

Resultados

Semelhante ao resultado de meniscectomias parciais no menisco normal, os resultados funcionais bons e muito bons a médio e longo prazo são de 76% e 85% (Raber, Aglietti, Atay). 

O maior numero de pacientes volta à actividade diária normal. No entanto, se o menisco foi removido por completo, existe um risco de a dor continuar e, potencialmente, uma artrose precoce. Sinais radiológicos de artrose inicial são encontrados após meniscectomia completa em 56% dos pacientes (Raber). Após meniscectomia total devem ser evitados desportos de impacto e rotação sobre o joelho, estes incluem por exemplo futebol, ténis, e basquete. O transplante meniscal no escleto adulto poderá ser uma obção a ponderar.

Bibliografia

  1. Raber DA, Friedrich NF, Hefti F. Discoid lateral meniscus in children: long-term follow-up after total meniscectomy. J Bone Joint Surg Am 1998;80:1579-86. 
  2. Pellacci F, Montanari G, Prosperi P, Galli G, Celli V. Lateral discoid meniscus: treatment and results. Arthroscopy 1992;8:526-30. 
  3. Atay OA, Aydingöz U, Doral MN, et al. Symptomatic ring-shaped lateral meniscus: magnetic resonance imaging and arthroscopy. Knee Surg Sports Traumatol Arthrosc. 2002
  4. Aglietti P1, Bertini FA, Buzzi R, Beraldi R. Arthroscopic meniscectomy for discoid lateral meniscus in children and adolescents: 10-year follow-up. Am J Knee Surg. 1999 Spring;12(2):83-7.
  5. Mizuta H1, Nakamura E, Otsuka Y, Kudo S, Takagi K. Osteochondritis dissecans of the lateral femoral condyle following total resection of the discoid lateral meniscus. Arthroscopy. 2001 Jul;17(6):608-12.

Deseja sugerir alguma alteração para este tema?
Existe algum tema que queira ver na Pedipedia - Enciclopédia Online?

Envie as suas sugestões

Newsletter

Receba notícias da Pedipedia - Enciclopédia Online no seu e-mail