A claudicação da marcha é frequente na idade pediátrica, motivando a procura de cuidados de saúde (em algumas instituições correspondendo a 5% dos casos observados no Serviço de Urgência).(1) Existem múltiplas causas de claudicação da marcha, nomeadamente patologia inflamatória (mais frequentemente a sinovite transitória), traumática, infecciosa, ortopédica (osteocondrose), presença de corpo estranho e, menos frequentemente, patologia oncológica (tumores ósseos e tumores de partes moles).(1,2) Desta forma, o diagnóstico diferencial pode ser desafiante, moroso e potencialmente causador de ansiedade.   

Torna-se assim essencial, que na abordagem inicial desta condição se proceda a uma avaliação sistemática de forma a encurtar o tempo e número de procedimentos para se chegar a um correcto diagnóstico.(2) Cada instituição deve optimizar, de acordo com os meios disponíveis, o seu algoritmo diagnóstico. A história clinica e o exame objectivo rigorosos são peças essenciais, mas por vezes é necessário recorrer a exames complementares de diagnóstico.(1,2)

Tipos de procedimentos/ Principais  indicações clínicas

Exames

São de primeira linha os exames laboratoriais, a radiografia simples(1) e a ecografia. Como procedimentos de segunda linha podem considerar-se a ressonância magnética, a cintigrafia óssea e a tomografia computorizada.(2)

A cintigrafia óssea é um exame de Medicina Nuclear que avalia a formação de osso (actividade osteoblástica). Na claudicação da marcha, a maioria das patologias cursam com alterações da actividade osteoblástica do esqueleto envolvido, pelo que é um exame muito sensível.(3)

Podem, ainda, ser realizados, em situações específicas, outros exames de Medicina Nuclear, nomeadamente:

• A Cintigrafia com leucócitos radiomarcados ou a cintigrafia com Citrato de Gálio-67 para diagnosticar / excluir etiologia infecciosa.(4)
• A PET (do acrónimo anglo-saxónico, Positron Emission Tomography) com 18F-Fluoreto de sódio. Esta é uma técnica semelhante à cintigrafia óssea pois também avalia a actividade osteoblástica, contudo apresenta maior acuidade diagnóstica e menor dose de radiação, pelo que tem vindo a despertar um interesse crescente na população pediátrica. O seu elevado custo, menor disponibilidade e necessidade de sedação têm, contudo, limitado o seu uso.(5)

Glossário

Medicina Nuclear – especialidade médica que usa substâncias radioactivas em doentes, para efectuar exames de diagnóstico e tratamentos específicos.
Claudicação da marcha – termo que especifica uma dificuldade da locomoção em posição erecta (em inglês, “limping”).
Cintigrafia óssea – exame de Medicina Nuclear que permite avaliar actividade osteoblástica, com possibilidade de detectar alterações da mesma.
Cintigrafia com leucócitos radiomarcados – exame de Medicina Nuclear que permite avaliar a resposta inflamatória (leucocitária) do organismo, nomeadamente identificando locais de infecção.
Cintigrafia com Citrato de Gálio-67 – exame de Medicina Nuclear que permite avaliar, de forma inespecífica, resposta inflamatória.
Estudo PET com 18F-Fluoreto de sódio – exame de Medicina Nuclear que, embora diferente em muitos aspectos da Cintigrafia Óssea, permite uma avaliação da actividade osteoblástica e inflamação.