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Introdução

Também conhecido como roséola ou sexta doença, é uma infeção vírica exantemática comum na infância.

Epidemiologia

Pico de incidência entre os 6 meses e os 2 anos, sem predomínio de sexo. Pode ocorrer ao longo de todo o ano, com maior incidência entre a primavera e o outono.

É predominantemente causado pelo Vírus Herpes Humano-6 (HHV-6). Outros agentes etiológicos incluem HHV-7, enterovírus (nomeadamente coxsackievirus e echovirus), adenovírus e parainfluenza 1.

Os modos de transmissão e períodos de incubação variam de acordo com o agente etiológico. O HHV-6 é transmitido pela eliminação assintomática do vírus em secreções de contactos próximos.

A duração da eliminação do HHV-6 não é conhecida, mas acredita-se que seja vitalícia, com um aumento na eliminação viral na fase de convalescença. O período de incubação médio para o HHV-6B é de 9 a 10 dias.

História Clínica

Anamnese

O curso clínico do exantema súbito é característico, nomeadamente 3 a 5 dias
de febre alta que se resolve de forma abrupta, seguida pelo aparecimento de
uma erupção cutânea.

Fase febril:

O exantema súbito clássico inicia-se com febre alta, que
pode ultrapassar 40°C, e dura cerca de 3 a 5 dias. A febre é
frequentemente acompanhada de bom estado geral, atividade normal e estado de alerta.
Outras manifestações, menos frequentes, incluem enantema na junção uvulopalatoglossal (denominado manchas de Nagayama - 65%), tosse (62%), rinorreia (61%), diarreia (24 a 68%), vómitos, edema palpebral
(30%), fontanela abaulada (26%), conjuntivite (25%), vómitos (21%) e otite média aguda (8%).

O surgimento de linfadenopatia cervical, retro-auricular e/ou occipital é comum, ocorrendo tipicamente 2 a 4 dias após o início da febre.

Erupção cutânea:

Após a resolução da febre, desenvolve-se uma
erupção cutânea macular ou maculopapular, com origem no tronco e possível evolução para a face e extremidades. Geralmente, não causa prurido e persiste por 1 a 2 dias. Ocasionalmente a erupção pode ser vesicular.
Em crianças sob antibioterapia, o aparecimento tardio da erupção cutânea pode ser erroneamente interpretado como alergia medicamentosa.

A patogénese da erupção cutânea é incerta, mas acredita-se que esteja relacionada com complexos antigénio-anticorpo que se desenvolvem após a fase de viremia.

Diagnóstico Diferencial

O diagnóstico diferencial inclui outros exantemas infeciosos, como rubéola, sarampo, eritema infecioso, infeções por enterovírus e escarlatina, entre outros, além de reações alérgicas medicamentosas.

Também é necessário diferenciar a roséola de uma infeção do trato urinário (ITU) em lactentes com febre antes do aparecimento da erupção cutânea.

O diagnóstico de exantema súbito é geralmente clínico, baseado na história de febre alta seguida pelo aparecimento da erupção característica em lactentes ou crianças pequenas.

Exames Complementares

O estudo complementar raramente é necessário, sendo indicado apenas em casos de pacientes imunocomprometidos, com apresentaç4ões clínicas atípicas ou em casos de complicações.

Quando realizado, é comum encontrar:

  • Neutropenia e linfocitose atípica: no início da fase febril, pode
    observar-se uma contagem elevada de leucócitos, que tende a atingir o seu nadir (cerca de 3000/uL) entre o 3º e o 6º dia da doença. A contagem de leucócitos normalmente regressa ao valor normal entre o
    7º e o 10º dia de doença.
  • Trombocitopenia: acredita-se que ocorra devido à supressão da medula óssea, em vez de consumo periférico imuno-mediado.
  • Piúria estéril: no início da doença, a presença de piúria pode levar à suspeita de infecção urinária.

No entanto, o diagnóstico é descartado pela urocultura estéril e pela clínica característica do exantema súbito.

Tratamento

O tratamento é essencialmente de suporte, incluindo o uso de antipiréticos como paracetamol ou ibuprofeno para controlar a febre, além de garantir uma hidratação adequada.

O exantema não requer medidas específicas, sendo suficientes os cuidados cutâneos habituais, como a hidratação da pele.

Evolução

O exantema súbito é geralmente uma condição benigna e autolimitada. As convulsões febris representam a complicação mais comum, ocorrendo em cerca de 10 a 15% dos casos, principalmente em crianças entre 6 e 18 meses, sendo o principal motivo de hospitalização.

Complicações mais graves são raras, mas podem ocorrer, sobretudo em crianças imunodeprimidas. Entre essas complicações estão: miocardite, meningite asséptica, encefalite, síndrome de Guillain-Barré, colite e púrpura trombocitopénica. A condição também pode evoluir para uma síndrome semelhante à mononucleose.

Recomendações

Não há medidas preventivas específicas, como vacinação, para o exantema súbito.

A prevenção baseia-se em práticas gerais de higiene, como lavar as mãos regularmente e evitar o contato próximo com pessoas doentes.

A evicção escolar não é necessária, sendo permitido o retorno das crianças às creches ou escolas, desde que se sintam bem o suficiente para participar das atividades diárias.

Bibliografia

1. American Academy of Pediatrics. Human herpesvirus 6 (including roseola) and 7. In: Kimberlin DW, Banerjee R, Barnett ED, Lynfield R, Sawyer MH, editors. *Red Book: 2024-2027 Report of the Committee on Infectious Diseases*. 33rd ed. Itasca, IL: American Academy of Pediatrics; 2027. p. 484.
2. Cherry JD. Roseola infantum (exanthem subitum). In: Cherry JD, Harrison G, Kaplan SL, et al, editors. *Feigin and Cherry’s Textbook of Pediatric Infectious Diseases*. 8th ed. Philadelphia: Elsevier; 2018. p. 559.
3. Tremblay C, Brady MT. Roseola infantum (exanthem subitum). Disponível em: https://www.uptodate.com. Consultado em setembro 2024.

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