Avulsão do pequeno trocânter no atleta jovem
Introdução
Definição
A avulsão consiste no arrancamento do pequeno trocânter, em resultado de uma força de tracção súbita exercida pelo músculo psoas-ilíaco, no seu local de inserção distal.
O mecanismo de lesão consiste na súbita contracção do músculo psoas ilíaco com a anca flectida, ocorrendo por exemplo no bloqueio repentino do pé durante o remate [4] ou na tentativa de parar repentinamente durante a corrida [5].
Frequência
A incidência destas lesões prende-se mais com o nível de actividade física em determinada idade do que com qualquer alteração patológica da cartilagem de crescimento.
Observadas na população masculina jovem (sobretudo nos adolescentes) que pratica desportos vigorosos, são situações raras na população em geral.
História Clínica
Anamnese
A avulsão isolada do pequeno trocânter é uma lesão rara que pode ser inicialmente suspeitada no atleta adolescente referindo o aparecimento súbito de dor na região ântero-interna da anca e adoptando, a partir de então, uma posição antálgica com a coxa em flexão e adução [3,4].
Esta dor é exacerbada pela flexão contra resistência e o doente é incapaz de efectuar a extensão completa da articulação [4], tendo dificuldade na marcha e sendo esta facilitada se feita no sentido inverso, isto é, andando para trás, por diminuir a amplitude de flexão minimizando a contracção do psoas-ilíaco [2].
Diagnóstico Diferencial
Fundamentalmente, o diagnóstico diferencial faz-se com patologia disruptiva músculo-tendinosa.
Exames Complementares
Imagiologia
Radiologicamente a lesão é demonstrável numa radiografia da extremidade superior do fémur em ligeira rotação externa.
Tratamento
Conservador
O tratamento é para a generalidade dos autores conservador [2,4,5], consistindo em terapêutica sintomática, repouso no leito com as ancas em flexão se necessário [5], descarga durante 1 a 2 semanas e restrição da actividade desportiva, recomeçando o atleta a correr entre a sexta e oitava semanas e retomando totalmente a actividade desportiva por volta da décima segunda [4].
Cirurgia
Poucos preconizam um tratamento cirúrgico nos casos de diastases superiores a 2 cm [1].
Evolução
O prognóstico é, na generalidade, bom, mas pode ser comprometido na presença de grandes diastases, por compromisso funcional pela perda de eficiência do músculo psoas-ilíaco.
Recomendações
Um adequado aquecimento muscular e preparação física, assim como uma prática desportiva ajustada à idade e à fase de desenvolvimento, são as melhores recomendações, enquadrando-se nas medidas preventivas mais eficazes.
Bibliografia
- Canale ST: Fractures of the pelvis. In De Rockwood CA , Wilkins DE and King RE: Fractures in children, vol 3, Philadelphia, JB Lippincott Co:992, 1991.
- Faria J and Salis Amaral J: Fractura avulsão do pequeno trocanter, Rev Port Ortop Traum 4:309, 1995.
- Fasting OJ: Avulsion of the lesser trochanter, Arch Orth Traum Surg 91:81, 1978.
- Nicholas JA and Hershman EB: The lower extremity and spine. In sports medicine, vol 2, St Louis, CV Mosby Co, 1986.
- Tachdjian MO: Pediatric Orthopedics, 2nd ed, vol 2, Philadelphia, W. B. Saunders Company, 1990.
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