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Introdução

Heptatite A

É uma doença endémica e epidémica provocada por um vírus RNA pertencente ao género Hepatovirus. A transmissão é fecal-oral, através de água e/ou alimentos contaminados ou pessoa-a-pessoa. O período de incubação é 15-50 dias. A infecção pode ser assintomática, subclínica ou sintomática com ou sem icterícia. Na maioria dos casos é autolimitada e não evolui para infecção crónica, mas pode ocorrer hepatite fulminante e morte. É a infecção prevenível mais comum no viajante.

Vacinas: Havrix Junior® GlaxoSmithKline Inc; 2016 / Epaxal® Janssen-Cilag Ltd; 2016

  • Vacinas inactivadas
  • Solução (0,5 ml /1 ml) para administração intramuscular
  • Conferem imunidade após 2 semanas; duração protecção de 20-30 anos
  • Apresentam eficácia sobreponível (95-100%)
  1. Efeitos secundários mais frequentes são fadiga, cefaleias e dor local
  2. Contra-indicadas se reacção adversa grave (local/sistémica) prévia a estas vacinas. Epaxal® é contra-indicada se alergia ao ovo
  3. Recomendações: crianças com> 1 ano que viagem para áreas endémicas.
  4. Esquema:  uma dose (0.5 ml) intramuscular; reforço após 6-12 meses
Febre Tifóide

É uma doença provocada por uma bactéria gram negativa – Salmonella tiphy. A transmissão é fecal-oral, através da ingestão de alimentos e/ou água contaminados. É uma infecção sistémica que pode ter complicações graves. O risco de doença é maior em áreas tropicais.

Vacina: Typhim Vi®. Sanofi Pasteur MSD 2015

  • Vacina polissacárida de antigénio capsular Vi purificado
  • Solução (0.5 ml) para administração intramuscular ou subcutânea
  • Confere imunidade após 2 semanas
  • Eficácia vacinal de 62-72% (não induz imunidade em crianças com
  • Não protege contra Salmonella paratyphi A/B ou Salmonella não-typhi
  1. Efeitos secundários mais frequentes são localizadas (dor, eritema e tumefacção local injecção) e bem toleradas.
  2. Contra-indicada se reacção adversa prévia (local / sistémica) ou doença febril
  3. Recomendações: crianças com> 2 anos que viajam para áreas endémicas e com estadias> 1 mês.
  4. Esquema: uma dose intramuscular com reforço cada 2-3 anos.
Cólera

É uma infecção provocada pelos serogrupos O1 e O139 da bactéria Vibrio cholerae. A transmissão ocorre pela ingestão de água e/ou alimentos contaminados. Pode ser assintomática ou provocar diarreia (ligeira a grave). É uma infecção que pode ser endémica, epidémica ou pandémica

Vacina: Dukoral®  EMA/643644/2014

  • Inactivada, com 4 estirpes do V. cholerae do serogrupo O1
  • Suspensão (3 ml) ou granulado efervescente (5.6 g) para suspensão oral
  • Confere imunidade 1 semana após administração da 2º dose
  • Eficácia protectora de 85% nos primeiros 6 meses
  • Duração da protecção diferente entre adultos e crianças (2 A vs 6 m)
  • Confere protecção cruzada contra a diarreia do viajante.
  1. Efeitos secundários (gastrointestinais) em cada 1-10/1000 doentes
  2. Contra-indicada se hipersensibilidade prévia a esta vacina.
  3. Recomendações: crianças com> 2 anos, viajantes de longa duração, para áreas endémicas ou na presença de surto epidémico.
  4. Esquema: 2-3 doses com 1-4 semanas de intervalo, via oral. A imunização deve de estar completa uma semana antes da possível exposição
  • Crianças com 2-6 A: 3 doses. Dose única de reforço após 6 meses
  • Crianças com> 6 A: 2 doses. Dose única reforço após 2 anos
Febre Amarela

É uma infecção provocada por um vírus RNA do género Flavivirus. A transmissão é através da picada de um artrópode infectado, mais frequentemente os mosquitos Aedes aegypti e Haemogogus. Está limitada à zona intertropical de África e América do Sul, com maior incidência na estação da chuva. Apresenta um período de incubação de 3-6 dias. É uma infecção grave com taxas de mortalidade de 20-50%.

Vacina: Stamaril® EMEA/169383/2006

  • Viva atenuada, cultivada em embrião de galinha, contem neomicina e plimixina
  • Suspensão (0,5 ml) para administração subcutânea
  • Confere imunidade 7-10 dias após a administração
  • É fortemente imunogénica com eficácia aproximada de 100%
  • Em raros casos pode ser viscerotrópica (falência multi-orgão) ou neurotrópica (encefalite, Guillan-Barré), com maior risco em lactentes (
  1. Efeitos secundários em 2-5% (cefaleias, febre e mialgias)
  2. Contra-indicada: lactentes com
  3. Recomendações: crianças com ≥ 9 meses que viajam para áreas endémicas ou para países onde exijam o certificado de vacinação internacional (pelo risco de introdução da doença pela presença do vector). Crianças entre 6-9 meses podem ser vacinadas em circunstâncias especiais (presença de surto).
  4. Esquema: dose única (0,5 ml), subcutânea. Reforço cada 10 anos.
Encefalite Japonesa

É uma infecção provocada por um vírus RNA do género Flavivirus. A transmissão é através da picada de um mosquito infectado do género Culex. Está confinada ao continente asiático, havendo maior risco nas zonas rurais (o mosquito infecta-se a partir de porcos e pássaros virémicos) e estação da chuva. Maioria das infecções ocorre em crianças com um período de incubação de 5-15 dias. As manifestações variam de sintomas ligeiros a graves, como mortalidade até 30%.

Vacina: Ixiaro® EMA/285250/2016

  • Vacina inactivada
  • Suspensão (0,25 ml; 0.5 ml) para administração intramuscular
  • Seroconversão de 97% após 2º dose
  • 40% dos vacinados apresentam reacções sistémicas
  1. Efeitos secundários mais frequentes são cefaleias e mialgias
  2. Contra-indicada se reacção hipersensibilidade à substância activa ou excipiente da vacina, ou reacção hipersensibilidade a dose anterior da mesma
  3. Recomendações: crianças com> 2 m, viajantes para zonas rurais endémicas com estadia> 1 mês.
  4. Esquema: 2 doses nos dias 0-28. Crianças até 3 A (0,25 ml) e> 3 A (0,5 ml). Jovens adultos com> 18 A podem fazer um esquema rápido com duas doses nos dias 0-7. Deve ser administrada dose única de reforço após 12-24 m. A imunização deve estar concluída uma semana antes da potencial exposição.
Encefalite da Carraça

É uma arbovirose provocada por um vírus pertencente ao género Flavivirus. É transmitida pela picada de carraças infectadas, mais frequentemente Ixodes, mas também pode ser transmitida pela ingestão de leite ou produtos lácteos contaminados (de vacas infectadas). É mais frequente na Europa central e ocidental e norte asiático.

O período de incubação é de 7-14 dias (pode ir de 4-28 dias) e a maioria das infecções é assintomática. Nos doentes sintomáticos a infecção é bifásica e pode resolver com ou sem sequelas neurológicas.

Vacina: FSME-IMMUN® Baxter Vaccine, 2006

  • Vacina inactivada, cultivada em embrião de galinha
  • Suspensão (0.25 ml; 0.5 ml) para administração intramuscular
  • Taxa de seroconversão> 97% após a terceira dose
  1. Efeitos secundários mais frequentes referem-se ao local inoculação
  2. Contra-indicada se hipersensibilidade à vacina ou seus componentes
  3. Recomendações: crianças com> 12m, viajantes para zonas endémicas (sobretudo florestas e verão) por períodos> 3 semanas.
  4. Esquema: 3 doses (0.25 ml 16 A) aos 0 -1 a 3 meses - 5 a 12 meses. Dose de reforço cada 3-5 anos.
Doença meningocócica

A infecção meningocócica é provocada por uma bactéria gram negativa, da espécie Neisseria meningitidis com vários serogrupos conhecidos, sendo os mais importantes os A, B, C, Y e W135. Na Europa predominam os serotipos B, C e nos países subdesenvolvidos e sobretudo em África (cintura africana) predominam o A, C e W135.

A transmissão é geralmente de indivíduo-indivíduo, através de gotículas de secreções respiratórias infectadas. O período de incubação varia de 1-10 dias e a infecção manifesta-se por septicemia e/ou meningite. O risco para viajantes é baixo.

Vacina: Menveo® European Medicines Agency; 2016

  • Vacina tetravalente polissacárida (ACYW135)
  • Apresentação em pó e solução (0,5 ml) para administração intramuscular
  • Imunogénica em crianças com > 2 anos, com eficácia 85-100%
  1. Efeitos secundários mais frequentes são cefaleias e dor local
  2. Contra-indicada se reacção de hipersensibilidade a qualquer componente da vacina ou após administração de dose anterior; doença febril grave
  3. Recomendações: crianças com≥ 2 anos, viajantes para países localizados na cintura africana, durante a estação seca ou para países com surto / epidemia; viajantes para Meca.
  4. Esquema: dose única (0.5 ml) intramuscular. A necessidade reforço ainda não está determinada. A imunização deve ser feita um mês antes de ocorrer risco de exposição.

Vacina: Nimenrix® 531259/2016

  • Vacina polissacárida tetravalente (ACYW135)
  • Conjugada com toxóide tetânico
  • Apresentação em pó e solvente para solução injectável (0.5ml) intramuscular
  • Imunogénica em crianças com> 12 meses
  • Persistência da resposta imunitária até 60 meses após a vacinação
  1. Efeitos secundários mais frequentes referem-se ao local inoculação
  2. Contra-indicada se hipersensibilidade às substâncias activas ou qualquer um dos excipientes
  3. Recomendações: crianças com > 12 meses, viajantes para áreas endémicas
  4. Esquema: dose única (0.5ml). Necessidade de reforço ainda não está determinada.
Raiva

É uma zoonose provocada por um vírus RNA pertencente à família Rhabdoviridae. Pode ser transmitida por qualquer mamífero, embora na maioria dos casos seja por cães. O veiculo de transmissão viral é a saliva infectada, que pode ser inoculada por mordedura ou arranhão. O período de incubação varia entre 10-90 dias mas pode ir até 7 anos. Caracteriza-se por um quadro de encefalite, quase sempre fatal.

Vacina: Rabipur® GlaxoSmithKline, 2015

  • Vacina inactivada preparada em cultura de células embrionárias de galinha
  • Apresentação em pó e solvente (1 ml) para administração intramuscular
  • Pode ser usada em profilaxia pré-exposição ou tratamento pós-exposição
  1. Os efeitos secundários mais frequentes referem-se ao local de inoculação
  2. Contra-indicada se hipersensibilidade grave a qualquer componente da vacina
  3. Recomendações: crianças de todas as idades, viajantes para áreas endémicas e com estadias prolongadas
  4. Esquema pré-exposição: três doses (1 ml) nos dias 0-7-21 ou 28. A necessidade de reforço deve ser avaliada individualmente.

Esquema pós-exposição:

a) com imunização previa: 2 doses nos dias 0-3

b) sem imunização prévia: 3 doses nos dias 0-7-21 ou 28

c) imuno-comprometidos e/ou risco elevado: 5 doses nos dias 0-3-7-14-28

Bibliografia

  1. Preparar a Viagem em Segurança, Vacinação de Viajantes. DGS 2014
  2. World Health Organization – International Travel and Health. Vaccines. 2012
  3. Principles and Practice of Pediatric Infectious Diseases. 3rd edition.

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