Febre hemorrágica da Crimeia - Congo
Introdução
Definição
A Febre Hemorrágica de Crimeia-Congo é causada por um vírus do grupo Nairovirus, que pertence a família Buniaviridae. Pertencem também a esta família os vírus responsáveis pelas Febre do Vale de Rift e Encefalite da Califórnia e o vírus Hantan, entre outros.
Epidemiologia
Existe em muitas regiões da África, Médio Oriente e Europa Oriental.
Pequenos mamíferos selvagens e gado doméstico são os hospedeiros naturais.
A transmissão dá-se, geralmente, por picada de carraças; mas pode também ocorrer por contacto com sangue e outros líquidos de animais ou de seres humanos infectados.
Profissionalmente, são particularmente vulneráveis as pessoas que têm actividade no campo da pecuária – criadores de gado, trabalhadores de matadouros e veterinários.
O período que decorre entre o contacto com os agentes infetantes e o aparecimento dos primeiros sintomas é de 3 a 12 dias.
História Clínica
Anamnese
A doença decorre em duas fases: a pré-hemorrágica e a hemorrágica.
Fase pré-hemorrágica caracteriza-se por febre, cefaleias, mialgia e mal-estar geral de início súbito, dor abdominal progressiva, rigidez da nuca e mudança de humor e agitação a que se segue grande cansaço.
A fase hemorrágica, com início alguns dias depois das manifestações acima referidas, manifesta-se por - exantema petequial, equimoses e sinais de coagulação intravascular disseminada, podendo seguir-se choque e a morte.
Diagnóstico Diferencial
A doença deve ser considerada no seu contexto epidemiológico e clínico: Devem ser tidas em conta:
- Infecções por outros vírus implicados em febres hemorrágicas
- Malária
- Ricketsioses
Exames Complementares
Patologia Clínica
O diagnóstico pode ser confirmado por:
- Detecção do antigénio do vírus por ELISA
- Isolamento do vírus em cultura
- PCR (polimerase chain reaction)
Tratamento
Médico
Dada a evolução e o prognóstico da doença, é mandatório o internamento em unidades capazes de oferecer os melhores cuidados possíveis:
- Controlo da febre com paracetamol;
- Medidas de suporte físico e psicológico;
- Ribavirina tem-se mostrado eficaz;
- Via i.v. 30 mg / kg (máximo 2 gr), bólus -> 16 mg / kg (máximo 1 gr), 6/6h 4 dias -> 8 mg / kg (máximo 500 mg) 8/8h 6 dias; ou
- Via oral 30 mg / kg (máximo 2 gr), 1ª dose -> 15 mg / kg/dia, em 2 doses, 10 dias.
Evolução
A doença evolui com mortalidade 20-50%, e tem um período de convalescença 10 a 20 dias.
Recomendações
Evitar picada de carraças usando roupa protectora e repelentes.
Profissionais da pecuária devem ter cuidados especiais no manuseamento de fluidos dos animais – uso de luvas e roupas protectoras.
A vacina, é usada nos países do leste da Europa, com pouca expressão.
Bibliografia
- Davidson R, BrentA, Seale A. Oxford Handbook of Tropical Medicine 4th edition.
- Kwan-Gett TSH, Kemp C, Kovarik C. Infectious and Tropical Diseases 1th edition. Elsevier Mosby 2006
- Matthews PC. Tropical Medicine Notebook 1th edition. Oxford University Press, 2017
- Torok E, Moran Ed, Cooke F. Infectious Diseases and Microbiology 2th edition. Oxford University Press 2017.
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